O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal após ter rompido a tornozeleira eletrônica em busca de uma escuta. Ele alegou que teria um microfone no equipamento gravando suas conversas, mas um laudo do Instituto de Criminalística da PCDF comprovou que a alegação era falsa.
Tanto o político bolsonarista quanto o advogado que o defende citaram essa tese da escuta na tornozeleira para justificar o rompimento. O documento elaborado pelos peritos da Polícia Civil do DF mostra que não havia qualquer microfone no aparelho. Essa prova foi colocada em um inquérito da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
Daniel Silveira seria ouvido pelos policiais de Brasília, onde ocorreu o rompimento da tornozeleira, por videoconferência. Preso no Complexo Penitenciário de Gericinó (Bangú VIII), ele não compareceu na oitiva virtual, mesmo com a confirmação de recebimento do link pelo presídio. Com isso, o ex-deputado acabou indiciado pelo crime de dano, com pena de 1 a 6 meses.
Não é a primeira vez que o parlamentar se envolve em polêmicas por conta do monitoramento eletrônico. A própria instalação da tornozeleira só ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar multa diária de R$ 15 mil caso o parlamentar se recusasse a utilizar o equipamento.
Ele cedeu e foi até a Superintendência Regional da Polícia Federal no DF para colocar a tornozeleira eletrônica em 31 de março. O caso do rompimento, em que ele alegou a busca por escutas, aconteceu semanas depois, em 17 de abril.
Prisão
Em abril de 2022, o então parlamentar foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por ameaçar ministros da Corte, além de ter se tornado inelegível. Em 2 de fevereiro deste ano, Daniel Silveira foi preso na casa dele em Petrópolis, no Rio de Janeiro, por decisão do STF, motivada pelo descumprimento de centenas de medidas cautelares definidas pelo órgão — entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar as redes sociais.