O aumento da procura por procedimentos estéticos no Distrito Federal tem chamado atenção não apenas pela alta demanda, mas pelos riscos crescentes associados à realização desses serviços em locais irregulares. De acordo com dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), 11 clínicas de estética foram interditadas entre janeiro e maio de 2025 por irregularidades graves.
O número já supera as nove interdições registradas no mesmo período do ano passado. As fiscalizações são conduzidas pela Vigilância Sanitária, que ainda não divulgou os dados referentes ao mês de junho.
Cirurgias sem estrutura e produtos vencidos
Segundo a SES-DF, as irregularidades encontradas nas clínicas interditadas incluem desde falta de Licença Sanitária, obrigatória para o funcionamento, até práticas que oferecem risco direto à saúde dos pacientes.
Entre as infrações mais graves estão:
- Uso de produtos com validade vencida;
- Reutilização de materiais descartáveis;
- Realização de cirurgias plásticas sem estrutura compatível, como a ausência de centro cirúrgico licenciado, salas de recuperação ou posto de enfermagem adequado.
Essas práticas violam normas sanitárias e podem levar à contaminação, infecções, reações adversas e, em casos extremos, à morte.
“Estética também é saúde”, alerta especialista
Para a biomédica e especialista em estética Melissa Brum, os dados refletem um cenário preocupante e pedem mais atenção do público na hora de escolher onde realizar procedimentos.
“As pessoas precisam entender que estética também é saúde. Não é só uma questão de beleza, é uma questão de segurança e responsabilidade com o próprio corpo”, afirma.
A profissional ressalta que verificar o alvará da clínica é um passo essencial. “Antes de se submeter a qualquer procedimento, é fundamental confirmar se o local tem licença da Vigilância Sanitária. Também é importante checar a formação do profissional que vai atender e pedir para ver os produtos que serão aplicados.”
Ela também alerta para detalhes técnicos que o paciente deve observar:
- Produtos devem estar dentro da validade e com lote identificado;
- Profissionais devem apresentar formação adequada e registro profissional;
- Materiais como seringas, agulhas e cânulas devem ser descartáveis e de uso único;
- O ambiente deve estar limpo, esterilizado e com estrutura compatível com o tipo de procedimento.
“Infelizmente, ainda há estabelecimentos que ignoram protocolos básicos. Isso coloca o paciente em risco de infecções, necroses, reações alérgicas e outras complicações graves. Uma clínica séria preza pela segurança do paciente em todas as etapas”, reforça Melissa.
Como se proteger
A SES-DF orienta a população a denunciar estabelecimentos irregulares por meio da Ouvidoria do GDF, pelo telefone 162 ou pelo site ouvidoria.df.gov.br.
Além disso, antes de realizar qualquer procedimento estético, o paciente deve:
- Confirmar se a clínica possui Licença Sanitária atualizada;
- Exigir o nome e o registro profissional do responsável técnico;
- Pedir informações sobre os produtos usados, como marca, validade e registro na Anvisa;
- Observar as condições de higiene e limpeza do ambiente;
- Desconfiar de preços muito abaixo do mercado e promessas de resultados rápidos ou “milagrosos”.
