Diuréticos para emagrecer: saiba quais são os riscos dos remédios

A pressa por ver números menores na balança tem levado muita gente a recorrer aos diuréticos como se fossem uma solução rápida. A sensação de “secar” em pouco tempo até faz parecer que o método funciona, mas o peso perdido vem da eliminação forçada de água e sais minerais, não de gordura.

Por isso, o resultado com o método é passageiro. Além da desidratação, a perda rápida de líquido altera a ação dos hormônios, desorganiza processos internos e abre caminho para uma série de problemas, como risco de arritmias, queda de pressão e sobrecarga nos rins.

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Como os diuréticos agem no corpo e por que o emagrecimento é ilusório

Os diuréticos foram desenvolvidos para tratar doenças que causam retenção de líquidos, como insuficiência cardíaca, hipertensão, cirrose e problemas renais. Por isso, eles funcionam reduzindo o volume de água e sódio que circulam no corpo. Isso permite o alívio de sintomas como inchaço e falta de ar.

Entretanto, fora desse contexto clínico, o efeito muda completamente. A perda acelerada de líquido esvazia as reservas internas e leva embora minerais fundamentais para o funcionamento dos órgãos, como o sódio, potássio e magnésio.

Esses minerais participam da atividade elétrica do coração, da contração muscular e da comunicação entre células nervosas. A diminuição dos elementos desorganiza o conjunto e interfere no metabolismo hormonal, que passa a tentar recuperar o que foi perdido de forma agressiva.

Diuréticos reduzem água e minerais, criando um “emagrecimento” temporário e prejudicando funções do organismo

O endocrinologista Thiago Fraga Napoli, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo (SBEM-SP), destaca que os efeitos dos diuréticos vão muito além da perda momentânea de líquido.

“Ao perder líquido de forma forçada, o corpo entende que está em ‘alerta’ e ativa mecanismos para reter ainda mais água. Hormônios como a aldosterona e o cortisol sobem, o que pode piorar o controle do açúcar no sangue”, afirma Fraga.

O especialista ainda ressalta que essa alteração nos hormônios pode causar sintomas como cansaço, tontura, arritmia e inchaço de rebote.

Principais sinais da perda excessiva de minerais

A eliminação excessiva de minerais desorganiza o funcionamento do corpo e provoca sintomas em sequência. Os primeiros costumam ser discretos, mas já apontam que o organismo está perdendo mais do que deveria. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram os principais sinais. Dentre eles, destacam-se:

Além disso, cada mineral perdido desencadeia efeitos específicos no organismo. A queda de sódio pode provocar dor de cabeça, náuseas, sonolência e, em situações mais graves, convulsões.

Já a redução do potássio favorece arritmias, câimbras, constipação e sensação de fraqueza muscular. A falta de magnésio, por sua vez, aumenta a irritabilidade, causa tremores e torna o coração mais suscetível a arritmias.

Elber Rocha, coordenador de nefrologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, destaca que o organismo tenta se defender da perda contínua de minerais, mas esse esforço nem sempre é suficiente para proteger o órgão a longo prazo.

“Se a perda de eletrólitos acontece de forma contínua, o rim tenta se defender reduzindo o fluxo de sangue. Esse mecanismo de adaptação pode causar lesões permanentes, especialmente nos túbulos renais. É por isso que o uso estético de diuréticos representa um risco concreto de insuficiência renal”, explica Rocha.

Alternativas para emagrecer sem diuréticos

O emagrecimento saudável depende de combinações como alimentação equilibrada, treino regular — especialmente de força —, sono adequado e controle do estresse. Se necessário, os médicos podem indicar medicamentos seguros e aprovados.

Os diuréticos possuem uso exclusivo em condições clínicas específicas. Fora dessas situações, deixam de ser terapêuticos e representam um risco real, sem entregar qualquer resultado estético duradouro.

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