Dois universitários do Distrito Federal foram presos na manhã desta quinta-feira (4/9) durante a Operação Psicose, deflagrada pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil do DF (PCDF). Eles faziam parte de uma das organizações criminosas mais sofisticadas já identificadas no país, especializada na produção e distribuição em larga escala de cogumelos alucinógenos contendo psilocibina.
Segundo os investigadores, o esquema nacional, que chegou a movimentar até R$ 200 mil por dia, operava de forma altamente profissionalizada e possuía ramificações em diversos estados, incluindo Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Pará, Minas Gerais e Espírito Santo.
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Extremamente organizados, os dois universitários do DF mantinham uma linha de produção própria, cultivando diferentes espécies de cogumelos alucinógenos. Os produtos eram vendidos por meio de uma plataforma on-line com estrutura semelhante a de grandes sites de comércio eletrônico: catálogo de variedades, fotos em alta resolução, descrições detalhadas e métodos de pagamento variados, como transferências bancárias, cartão de crédito e Pix.
Veja imagens do esquema chefiado pelos universitários:
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Grupo exclusivo
Os envios eram feitos em embalagens discretas, por transportadoras privadas e até pelos Correios, em modelo semelhante ao dropshipping, dificultando a detecção do material. Além da plataforma, os criminosos mantinham um grupo de WhatsApp exclusivo, onde usuários trocavam experiências, recebiam orientações sobre dosagem, relatavam efeitos e compartilhavam dicas para o uso dos cogumelos em festas de música eletrônica. Essa rede servia para fidelizar clientes e reforçar a sensação de comunidade em torno do consumo da droga.
A apuração teve início a partir do monitoramento de um perfil no Instagram de uma suposta pessoa jurídica registrada no DF. O perfil direcionava interessados para a plataforma de vendas e para o grupo de mensagens instantâneas.
As primeiras análises mostraram que, apesar da produção local, a quantidade de cogumelos cultivados pelos jovens era insuficiente para atender à demanda crescente. Esse descompasso levantou à suspeita da existência de um fornecedor oculto, com capacidade produtiva muito maior.
Centro logístico
O trabalho de inteligência da Cord revelou a existência de um verdadeiro centro de distribuição em Curitiba (PR). No local, a produção ocorria em escala industrial, com capacidade de abastecer a rede em nível nacional. O espaço funcionava como o coração da organização criminosa, de onde partiam remessas para diferentes estados.
As investigações também apontaram empresas de fachada em Santa Catarina e no próprio Paraná, registradas formalmente em setores como comércio de alimentos, mas utilizadas para ocultar as atividades ilegais e facilitar a lavagem de dinheiro.
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A operação
Na manhã desta quinta-feira, cerca de 150 policiais civis saíram às ruas para cumprir 20 mandados de busca e apreensão e nove prisões preventivas em Curitiba, Joinville (SC), São Paulo, Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES) e no Distrito Federal.
Entre os presos, estão os dois universitários brasilienses, apontados como operadores-chave no fornecimento direto da droga para a capital federal. Os agentes também apreenderam computadores, celulares, documentos contábeis e quantias em dinheiro.
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Estrutura milionária
De acordo com a Cord, a rede movimentava cifras milionárias, graças a uma combinação de produção avançada, logística eficiente e marketing digital agressivo. A plataforma on-line recebia acessos de diferentes regiões do Brasil, e a facilidade de pagamento e entrega atraía cada vez mais consumidores.
“Estamos diante de um esquema criminoso altamente profissionalizado, que se aproveitava das ferramentas do comércio eletrônico para ampliar seus lucros e dificultar o rastreamento policial”, afirmou um delegado responsável pelo caso.
As investigações continuam para identificar possíveis financiadores e mapear o fluxo financeiro do grupo.
Destaques da Operação Psicose:
- 9 prisões preventivas decretadas
- 20 mandados de busca e apreensão em 6 estados e no DF
- Centro de distribuição descoberto em Curitiba (PR)
- Universitários do DF presos por manter linha de produção própria
- Esquema movimentava até R$ 200 mil por dia