A incidência de picadas de escorpião no Brasil varia de acordo com as mudanças climáticas. No entanto, entre agosto e setembro, os animais se reproduzem e buscam alimentos, aumentando a quantidade de ataques. Adaptados aos ambientes urbanos, os aracnídeos encontram abrigo em entulhos, ralos e frestas, onde costumam se alimentar de baratas.
Com o contato cada vez mais próximo, o risco de ser picado por escorpião aumenta. Em casos de ataque, o veneno injetado através do ferrão é absorvido rapidamente pelo organismo, causando dor intensa no local atingido.
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Em seguida, as toxinas atingem as terminações nervosas e desencadeiam a liberação desenfreada de neurotransmissores. A descarga química interfere diretamente no sistema nervoso autônomo, responsável por funções involuntárias, como respiração, batimentos cardíacos e digestão.
“O veneno de escorpião é um coquetel de peptídeos neurotóxicos. Ele possui toxinas alfa e beta, além de potássio. Outros componentes presentes são hialuronidases, serotonina e histamina, que contribuem para a difusão do veneno e efeitos locais”, destaca a professora de biologia Mayara Faleiro, do Colégio Católica Brasília.
Sintomas variados
Os sintomas variam de acordo com a faixa etária. Dor intensa no local, vermelhidão, inchaço, hipertensão arterial, aumento da frequência respiratória, fraqueza, espasmos musculares e sintomas neurológicos leves estão entre os principais sintomas em adultos.
Já em crianças e idosos, os casos costumam ser mais graves, causando agitação, espasmos musculares, movimentos anormais da cabeça, pescoço e olhos, náuseas, vômitos, salivação excessiva, convulsões, hipotermia e risco aumentado de arritmias, que podem evoluir para parada cardiorrespiratória.
“O veneno é mais perigoso para crianças e idosos porque esses grupos têm um organismo menor ou mais frágil, que permite a rápida circulação do veneno com efeitos potencialmente fatais no coração e demais órgãos vitais”, explica a professora de ciências Ana Paula Rossi Rodrigues, do Colégio Marista Santo Antônio, em Mato Grosso.
Em casos graves, o uso do soro antiescorpiônico, obtido a partir de anticorpos produzidos em cavalos, é recomendado. Já nos leves, o controle da dor e observação hospitalar são as medidas mais indicadas.
O escorpião pode se esconder em diferentes lugares da casa
O que fazer após ser picado por um escorpião?
- Lave o local apenas com água e sabão.
- Evite torniquetes, sucção oral, incisão ou aplicação de substâncias químicas.
- Mantenha a vítima em repouso e encaminhe-a imediatamente a um serviço de saúde de referência.
- Se possível, capture o animal com segurança para identificação.
Características dos escorpiões no Brasil
Quatro espécies de escorpiões costumam ser monitoradas pelas entidades brasileiras: o Tityus serrulatus (escorpião-amarelo), Tityus bahiensis (escorpião-marrom), Tityus stigmurus (escorpião amarelo do nordeste) e o Tityus obscurus (escorpião preto da Amazônia). O escorpião-amarelo é o principal responsável pela maioria dos óbitos.
O tecnologista do Instituto Butantan, Paulo Goldoni, explica que, na natureza, o veneno do escorpião serve para o animal buscar alimentos e se defender contra predadores.
“A quantidade de toxina tem ligação com o quão bem alimentado está o escorpião e com a posição do aguilhão ao encostar no acidentado”, diz o especialista do Laboratório de Coleções Zoológicas do Butantan.
Algumas medidas simples e eficazes são necessárias para evitar ataques e a proliferação do animal dentro de casa. Entre as principais, estão:
- Manter quintais e terrenos livres de entulhos;
- Vedar ralos e frestas;
- Usar calçados e luvas em áreas de risco;
- Controlar a população de baratas (principal alimento dos aracnídeos).
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