Garota que forjou estupro coletivo disse que sofria bullying em escola

O que inicialmente foi registrado como um caso de estupro coletivo contra uma adolescente de 15 anos revelou-se, após investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ser uma falsa denúncia, arquitetada como vingança contra colegas de escola. Os garotos são acusados pela jovem de praticar bullying contra ela. O caso foi desvendado por investigadores da 8ª Delegacia de Polícia que juntaram provas e identificar a farsa.

No primeiro momento, o relato da adolescente desencadeou uma série de medidas emergenciais. Ela foi encaminhada para atendimento médico e submetida a exames no Instituto Médico Legal (IML), enquanto seis adolescentes, de 14 e 15 anos, foram identificados como suspeitos.

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A gravidade das acusações levou a Justiça a determinar a internação provisória de parte dos meninos, enquanto famílias passaram a enfrentar constrangimento público e dor diante das suspeitas. No entanto, a adolescente deixou uma série de “pontas soltas”, o que facilitou o desmonte da mentira.

Versão ruiu

As diligências policiais logo apontaram contradições. Registros escolares comprovaram a presença dos adolescentes em sala de aula, no mesmo dia e horário em que o suposto crime teria ocorrido. Câmeras de segurança reforçaram a versão dos garotos.

Outro ponto determinante foi a análise de mensagens encaminhadas ao namorado da jovem. O número utilizado estava vinculado ao nome da mãe da própria denunciante, desmontando a versão apresentada de que os supostos estupradores teriam encaminhado mensagem ao rapaz, que seria rival deles. Além disso, a reconstituição do trajeto indicado pela adolescente não apresentou qualquer vestígio de crime.

Diante das provas, a jovem manteve a versão por algum tempo, mas acabou confessando ter inventado toda a história. O objetivo, segundo ela, era punir os colegas, que teriam submetido ela a práticas de intimidação e bullying na escola. Para dar credibilidade ao falso relato, a adolescente chegou a provocar lesões em si mesma.

“Nosso trabalho não se encerra com a primeira versão dos fatos. Seguimos cada etapa com rigor técnico, proteção às partes e respeito aos direitos fundamentais”, destacou a delegada-chefe da 8ª DP, Bruna Eiras.

Consequências

Após a confissão, a PCDF comunicou imediatamente o Poder Judiciário, que revogou as medidas aplicadas contra os adolescentes injustamente acusados. Já a denunciante responderá por ato infracional análogo à denunciação caluniosa.

O caso acende o alerta para os danos que uma falsa denúncia de crime, não apenas aos acusados e suas famílias, mas também ao próprio sistema de Justiça, que mobiliza recursos e profissionais em situações dessa gravidade.

 

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