Gastos militares globais atingem marco histórico em meio a crescentes preocupações humanitárias

Enquanto investimentos em defesa atingem patamar recorde, fome ameaça milhões em todo o mundo, alerta ONU.

Foto: Wojtek RADWANSKI/AFP

Foto: Wojtek RADWANSKI/AFP

Os gastos militares globais atingiram um marco histórico em 2023, registrando o maior aumento percentual desde 2009, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI). Com um aumento de 6,8%, os gastos com defesa totalizaram US$ 2,4 trilhões [R$ 12 trilhões], impulsionados por conflitos em andamento e crescentes tensões geopolíticas em várias regiões do mundo.

Por outro lado, 735 milhões de pessoas em todo o mundo estão enfrentando a fome, um número muito maior do que antes da pandemia de Covid-19 e que ameaça o progresso em direção a uma meta global de acabar com a fome até 2030, disse a Organização das Nações Unidas (ONU). Em vez disso, a avaliação projeta que 600 milhões de pessoas estarão subnutridas em 2030.

O relatório do SIPRI destacou que os aumentos foram particularmente notáveis na Europa, no Oriente Médio e na Ásia, refletindo um padrão global de escalada nos gastos militares. Países líderes em investimentos em defesa, como os Estados Unidos, China e Rússia, contribuíram para esse aumento, intensificando ainda mais suas despesas militares em meio a uma atmosfera de incerteza e rivalidade.

Uma surpresa para muitos analistas foi o notável aumento nos gastos militares da República Democrática do Congo, com um impressionante aumento percentual de 105%. Isso reflete a magnitude dos aumentos não apenas nos principais atores globais, mas também em regiões afetadas por conflitos prolongados e instabilidade política.

A Rússia aumentou 24%, enquanto a Ucrânia viu um aumento de 51% em seus gastos militares, com um adicional significativo proveniente de assistência externa, principalmente dos Estados Unidos.

Niklas Schörnig, cientista político do Instituto Leibniz de Pesquisa sobre Paz e Conflitos, expressou uma visão pessimista em relação ao futuro, destacando a necessidade urgente de uma abordagem mais coordenada para conter a escalada dos gastos militares internacionalmente.

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