A Polícia Civil ddo Rio de Janeiro (PCERJ) deflagrou, nesta terça-feira (5/8), a Operação Rede Obscura, que tem como alvo provedores clandestinos de internet, o famoso “gatonet”, com atuação em comunidades dominadas por facções criminosas.
A ação acontece em pontos da zona norte do Rio e da Baixada Fluminense, com o cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão.
Durante as diligências, os policiais apreenderam um fuzil, duas pistolas, dinheiro em espécie, equipamentos eletrônicos e cabos usados na operação clandestina. Duas pessoas foram levadas para a delegacia.
Provedores operavam sob proteção armada
A investigação, que vinha sendo conduzida há alguns meses, começou com base em dados técnicos e denúncias recebidas pelo setor de inteligência.
A apuração revelou que empresas ligadas às facções Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) atuavam irregularmente em áreas como Morro do Quitungo, Cordovil e Cidade Alta.
Mais detalhes
- Esses provedores clandestinos contavam com apoio logístico de criminosos armados, que impediam a entrada de operadoras legalizadas.
- Eles destruíam cabos de fibra óptica das concorrentes e mantinham postos de vigilância armada em algumas regiões.
- Um dos episódios que chamou a atenção aconteceu em fevereiro deste ano, quando técnicos clandestinos derrubaram o sinal de operadora legalizada na região do Morro do Quitungo.
- Além disso, equipamentos e materiais furtados de operadoras legais foram encontrados sendo usados nas sedes das empresas irregulares.
Donos têm histórico criminal
O dono da empresa ligada ao Comando Vermelho tem passagens por tráfico de drogas, furto de energia e receptação.
Em depoimento, ele confessou ter recebido propostas de outras facções para assumir o controle do serviço de internet em novas comunidades, e relatou que fazia pagamentos periódicos aos traficantes, como forma de “doações” ou contribuições comunitárias.
Já o responsável pela empresa associada ao Terceiro Comando Puro foi preso anteriormente por receptação qualificada, depois que a polícia encontrou uma grande quantidade de cabos furtados dentro de um galpão.
Essa empresa clandestina também contava com funcionários não registrados, que usavam carros de terceiros e atuavam sem qualquer habilitação técnica.
Em uma operação anterior, em março, sete pessoas foram presas, incluindo uma funcionária flagrada realizando uma instalação ilegal na região de Brás de Pina.
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Investigações continuam
A operação é conduzida por agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), com apoio do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 38ª DP (Brás de Pina).
Todo o material apreendido nesta terça será encaminhado para análise forense e ajudará a aprofundar as investigações. A Polícia Civil pretende identificar outros envolvidos no esquema e fortalecer as provas contra os suspeitos já identificados.