Após consumir uma pimenta em conserva contaminada, um homem contraiu botulismo no Distrito Federal (DF) em setembro deste ano. O paciente recebeu alta, mas o caso acendeu o alerta para cuidado no consumo de alimentos.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, o paciente segue em recuperação domiciliar. O botulismo é uma doença rara e grave. Está associado a alimentos mal conservados e representa um risco ainda maior para crianças pequenas.
A bactéria Clostridium botulinum produz uma toxina capaz de provocar paralisia muscular. A substância bloqueia a comunicação entre os nervos e os músculo. O quadro é grave, mas tratável, desde que o diagnóstico seja rápido.
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Segundo a médica gastrohepatologista Daniela Carvalho, os sintomas da doença são visão dupla, pálpebras caídas e dificuldade para respirar.
Em bebês, os sinais são mais sutis: intestino preso, fraqueza muscular, dificuldade para sugar e um choro mais fraco que o habitual.
Conservas
Conservas artesanais, pastas caseiras e temperos vendidos em feiras ou mercados exigem cuidado. Quando mal preparados ou armazenados de forma inadequada, se tornam ambiente propício para o botulismo.
O consumo de mel por crianças menores de um ano, por exemplo, deve ser evitado. Apesar de natural, o mel pode conter esporos da bactéria, e o sistema digestivo dos bebês ainda não é capaz de combatê-los.
Quem costuma comprar alimentos prontos ou artesanais em feiras e mercados deve observar o aspecto das embalagens. Tampas enferrujadas, estufadas ou com vazamentos são sinais de alerta.
Cheiro e aparência
O cheiro e a aparência são importantes e qualquer alteração ou presença de bolhas indica que o produto não está seguro.
Conservas e pastas precisam ficar na geladeira e têm um período de consumo adequado após aberto. Produtos que permanecem por longos períodos sem refrigeração oferecem risco.
Papinhas e molhos
No preparo de papinhas, molhos ou conservas, é importante lavar bem os alimentos, usando escova e água corrente; esterilizar os frascos e tampas, fervendo por pelo menos 15 minutos.
Os alimentos devem ser armazenados em potes limpos, com tampa nova e bem vedada e refrigerar. “Nunca deixe alimentos prontos em temperatura ambiente por mais de duas horas”, alertou Daniela Carvalho.
Não se deve reutilizar tampas de conservas, pois compromete a vedação e pode facilitar a entrada de micro-organismos. Ao menor sinal de sintomas compatíveis com botulismo, procure atendimento médico imediatamente.
“A pessoa permanece consciente, mesmo com o corpo paralisando, o que é característico da doença”, destacou a médica.
Fiscalização
A Vigilância Epidemiológica do DF é responsável pela investigação de casos suspeitos ou confirmados de botulismo. Além do cuidado com o paciente, o órgão adota medidas para evitar novos casos.
Também há articulação com a Vigilância Sanitária e outros setores para identificar e retirar produtos contaminados ou inseguros. O objetivo é detectar precocemente, tratar adequadamente e prevenir a ocorrência de surtos.