No dia 18 de junho, o Aterro Ouro Verde, localizado em Padre Bernardo (GO), sofreu um desabamento dos resíduos acumulados. A tragédia, além de trazer um grande dano ambiental à região, trouxe sérias consequências prejudiciais à saúde dos moradores próximo ao lixão.
A idosa Joana Santana de Oliveira, 75 anos, mora numa chácara a aproximadamente 3 km do aterro. Ela conta que no dia do ocorrido, sentiu o chão tremer e citou que parecia que “o mundo estava acabando”. Joana acrescenta que “medo” foi o que definiu a situação e a sensação de preocupação do que o desabamento poderia ocasionar a ela – o que de fato veio a se firmar dias depois.
Sua casa atualmente está infestada de moscas por conta da dispersão que o desabamento ocasionou ao ponto de foco dos lixos, o que afeta diretamente a sua rotina.
Dona Joana, moradora de uma chácara próxima ao aterro
“Eu não almoço mais dentro de casa. Ou a gente sai pra comer fora, ou escondido dentro dos quartos, porque lá quase não tem. Mas isso porque trancamos todas as portas e janelas lá de dentro, não tem nada aberto e não tem ventilação. Isso aqui virou uma luta”, relatou.
Além disso, a senhora de 75 anos conta que nos primeiros dias sofreu com o forte odor dos resíduos que eram espalhados pelo ar que a causou dor de cabeça, náusea, enjoo e rouquidão na voz. “Tinha dia que você nem conseguia beber água e nem comer de tanto fedor”, acrescentou.
O prefeito de Padre Bernardo, Joseleide Lázaro, citou a preocupação com a saúde da população a respeito da tragédia:
“Não é só uma família, produtor ou criador, são centenas pessoas que estão sendo prejudicadas com a situação. Plantações estão sendo interrompidas, bombas d’água lacradas, criadores de peixes de rio estão perdendo seus animais e parte da população ainda utilizando a água para consumo”
De acordo com o prefeito, a prefeitura segue prestando total suporte para população com aquisições de milhares de cestas básicas, galões d’água e medicamentos, além da contratação de mais médicos para reforçar o atendimento nos postos de saúde.
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Medidas preventivas
Desde o desabamento, o comitê unificado da crise – Semad-GO, ICMBio e prefeitura de Padre Bernardo – vem adotando ações emergenciais para amenizar as consequências do impacto da tragédia. A mais recente foi a operação da transposição da água do córrego de Santa Bárbara para evitar a contaminação da água.
Contudo, para o caso de Joana, que possui a casa infestada de moscas, ainda não há uma medida definida. “Compramos remédios, sprays, bico doce e até mesmo açúcar. Espalhei em vários lugares da chácara para ver se evitava as moscas de entrar dentro da minha casa”, conta.
Uma das medidas de Dona Joana foi atrair moscas a um prato com um produto de veneno
De acordo com a secretaria, haverá uma negociação com o Corpo de Bombeiros Militar do Goiás (CBMGO) e os moradores próximos para que o grupo de especialistas possa executar um voo de drone nas chácaras dos residentes e liberar inseticida pelo veículo aéreo a fim de conter a infestação.
No local da tragédia já há execução desse serviço a fim de evitar mais danos ambientais pelos pontos que o lixo se espalhou.
Omissão da empresa responsável
Segundo a secretária da Semad-GO, Andréia Vulcanis, a empresa Ouro Verde, responsável pela administração e tragédia do local, alega que o congelamento de conta sofrido como punição do ocorrido, a impossibilita de arcar com custos mais elevados das operações.
Até o momento, os recursos estão sendo financiados pelo Governo do Estado de Goiás, via solicitação jurídica à medida que os contratos são feitos.
“A empresa está muito omissa, basicamente não fez nada ainda. Apenas contratou uma empresa de consultoria para verificar os aspectos técnicos de engenharia que devem ser feitos, mas ainda nem houve o início da inspeção.”
O prefeito de Padre Bernardo completou dizendo que a empresa é obrigada a resolver a problemática, assim como fazer a fiscalização e acompanhar a execução do plano de ação de emergência de perto – o que não está acontecendo também.
“Já fiz a solicitação para o governador do estado pedindo a intervenção do estado na situação. A forma e a maneira que a empresa está agindo, não podem permanecer. Eles têm que reparar os danos, caso contrário seremos obrigados a tomar uma medida mais dura junto a secretária do estado. Mas enquanto eles não tomarem nenhuma atitude, seremos obrigados a se responsabilizar em prol da população”, acrescentou.
A empresa terá segunda-feira (7/7) para se posicionar e apresentar os contratos de ações emergenciais para o comitê unificado da crise.
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Aterro Ouro Verde após desabamento
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Maquinárias realizando a construção da estrada para via
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Maquinária iniciando o processo de descida no local do desabamento
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Comitê unificado da crise
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Secretária da Semad-GO (camisa florida) e o prefeito de Padre Bernardo (camisa preta)
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Especialista do CBMGO operando o drone
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