A Polícia Federal prendeu o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, acusado de comandar um esquema milionário de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional. Segundo investigações da Polícia Federal (PF), a organização criminosa movimentou cerca de R$ 140 milhões nos últimos cinco anos, em reais e dólares.
As investigações apontam que TH ostentava a riqueza adquirida de forma ilícita. Em redes sociais e registros apreendidos, ele aparecia ao lado de grandes quantias em espécie. Em uma das imagens, o ex-parlamentar surge deitado em uma cama coberta por notas de real, cena que, segundo os investigadores, representaria cerca de R$ 5 milhões pertencentes ao traficante Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, foragido há mais de dez anos.
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A polícia acredita que essas fotos tenham sido feitas na casa de Gabriel Dias Oliveira, o “Índio”, ou na própria residência de TH, na Barra da Tijuca. Em outros registros, ele aparece segurando maços de dinheiro em diferentes pontos do imóvel.

Esquema sofisticado
De acordo com a Delegacia de Repressão a Entorpecentes e o Ministério Público Federal, TH, Índio e um terceiro investigado, conhecido como Dudu, montaram uma engrenagem complexa para movimentar o dinheiro do tráfico.
“Os elementos probatórios reunidos nos Relatórios de Inteligência Financeira revelam um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, caracterizado pela movimentação de grandes volumes em espécie, operações de câmbio no mercado paralelo, uso de laranjas e empresas aparentemente legítimas para ocultar a origem ilícita dos fundos”, destacou a PF em nota.
As apurações revelam que Pezão era um dos principais beneficiados. Só entre abril e maio de 2024, TH teria enviado US$ 1,7 milhão ao traficante, convertido de reais obtidos no Brasil.

Fortuna fotografada
Um dos episódios detalhados pela investigação ocorreu em 16 de abril de 2024, quando Índio fotografou R$ 5 milhões encostados em uma parede de sua casa, no Complexo do Alemão. No dia seguinte, segundo a PF, TH buscou o montante e iniciou a conversão.
Cerca de R$ 1 milhão foi repassado a Dudu, em Copacabana, para operações de câmbio, enquanto o restante permaneceu com TH, que começou a trocar o valor com doleiros. Uma parte foi convertida imediatamente em US$ 60 mil, e o restante, em parcelas nos dias seguintes.
A prisão de TH Joias representa um avanço no cerco ao núcleo financeiro do tráfico carioca. O ex-deputado é acusado de lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e organização criminosa. Índio e Dudu também são investigados, enquanto Pezão continua foragido. A PF e o MPF informaram que novas diligências estão em andamento para rastrear valores ainda não localizados e identificar outros possíveis envolvidos.