Ao menos 30 homens que moram no Distrito Federal tornaram-se vítimas da associação criminosa formada por presidiários que aplicam o golpe da “falsa gata do Tinder”. No entanto, investigadores da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) acreditam que o número de vítimas é muito maior.
Achando que estavam “jurados de morte” pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), homens faziam uma série de transferências via Pix.
A coluna teve acesso a alguns dos áudios gravados nos quais os presos cometiam extorsões contra as vítimas, que acreditavam estar conhecendo uma mulher pelas redes sociais.
Um dos criminosos logo se apresentava com todas as “credenciais” de membro da maior facção criminosa do país.
“Primeiramente, um bom dia abençoado para a tua vida e para a tua família aí. Quem está contigo na voz aqui é o Marcos. Sou líder, liderança, disciplina, resumo, decreto e comando do quadro disciplinado do livro da morte aqui do tribunal do crime”, diz.
Ouça:
Com o uso de dados pessoais, fotos, nomes de familiares e ameaças graves, os criminosos exigem transferências para cancelar a “ordem de execução”.
A investigação começou em fevereiro, com cinco vítimas localizadas no Sudoeste, e já contabiliza mais de 30 ocorrências no DF, com um prejuízo já confirmado de R$ 38 mil. Há registros de vítimas em diferentes regiões do Brasil.
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“Vida e morte”
Em outro áudio, o presidiário alerta a vítima sobre o perigo de se relacionar com a “mulher de um faccionado” e afirma que, caso haja cooperação, a morte da vítima por meio do “tribunal do crime” poderá ser revista.
“Aí é a mulher do irmão nosso, no aplicativo. Pega a visão da caminhada, não tá ligando pra tu, tá dando razão a ela, porque muito bem tu sabe que nós tem disciplina aqui na facção de nós, ela foi conduzida pra ex-ideia aqui no tribunal do crime, então nós estamos entre a vida e a morte. Então tu vem com a verdade, que a verdade pode te ajudar a sair desse decreto de morte, correto? [sic]”, diz o áudio.
Foram expedidos 14 mandados de busca e 10 de prisão temporária. Ao menos 12 pessoas foram identificadas, três delas já estão presas em unidades do sistema penitenciário de Pernambuco, de onde partiam as ameaças.
Cada crime de extorsão pode resultar em até 10 anos de prisão. Como os golpes atingiram várias vítimas, os criminosos poderão responder por diversos crimes em concurso, com penas somadas.