A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quarta-feira um homem suspeito de assassinar o líder quilombola Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o “Binho do Quilombo”, em 2017. Ele é filho da ialorixá Bernadete Pacífico, conhecida como “Mãe Bernadete”, que foi executada em agosto do ano passado.
De acordo com David Mendez Santiago, advogado da família Pacífico, o homem foi detido quando estava em um shopping de Salvador. O suspeito foi encaminhado para a sede da corporação na capital baiana.
Binho do Quilombo foi assassinado a tiros em setembro de 2017 no município de Simões Filho, que fica na Região Metropolitana de Salvador. O crime ocorreu em um território quilombola onde ele e Mãe Bernadete viviam.
Além da autoria do crime, a PF ainda investiga qual teria sido a motivação do assassinato do líder religioso.
A prisão foi determinada pela Justiça no âmbito da Operação Palmares, iniciada nesta quarta-feira (17), que investiga autoria do assassinato do líder quilombola. A polícia cumpre dois mandados de prisão de temporária e oito de busca e apreensão.
A Polícia Federal apurou que os suspeitos utilizaram durante o crime um veículo adquirido em nome de outra pessoa e financiado com documentos falsificados. O número de celular utilizado por um dos investigados também foi cadastrado em nome desta mesma pessoa.
Conforme as investigações da PF, estas circunstâncias atrapalharam o rumo inicial investigações. O verdadeiro usuário do telefone foi identificado e a sua prisão foi determinada pela Justiça.
Binho do Quilombo tinha 37 anos quando foi assassinado distrito de Pitanga de Palmares. Ele estava dentro de um carro e foi morto nas proximidades da Escola Municipal Nova Esperança por homens que chegaram em outro veículo.
Desde o assassinato do filho, Mãe Bernadete lutava por esclarecimentos e solução do caso. No dia 17 de agosto do ano passado, ela foi morta por tiros de fuzil no terreiro de Simões Filho. Entre os anos de 2009 e 2018, a ialorixá foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do município.
Em novembro do ano passado, o Ministério Público da Bahia denunciou cinco homens pelo assassinato da ialorixá. Segundo a promotoria, o crime se deu porque Bernadete buscava “conter a expansão do tráfico” na região.