A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um policial penal suspeito de fazer ameaças com uma arma durante uma briga de trânsito e, depois, tentar dar uma carteirada para entrar sem pagar em uma balada. As ocorrências foram na madrugado de sábado (2/8). No caso da festa, o suspeito teria dito que era policial civil, mentindo sobre exercício de função pública.
Na ocorrência de trânsito, o policial penal teria mostrado a arma de fogo e seguido os envolvidos. Já na tentativa de carteirada, irritado por não ter conseguido acesso gratuito à festa ameaçou um segurança dizendo: “Olha para trás de novo para você ver se não toma uns tiros”.
O policial penal foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e autuado em flagrante. Foi liberado após assinar um termo circunstanciado (TC).
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Por volta das 00h15, no Setor de Indústria Gráfica (SIG), o policial penal dirigia um automóvel quando teria colidido contra a traseira de outro carro em um semáforo na região. Após a colisão, o motorista e a passageira do veículo atingido teriam observado que o o policial desembarcou portando uma arma de fogo em mãos.
Segundo os ocupantes do carro atingido, o servidor público não teria se identificado como policial penal e nem apresentou justificativa para permanecer com a arma em punho. O homem estava de bermuda e chinelos e teria guardado a arma na cintura.
No entanto, de acordo com o motorista e a passageira, o policial apresentava sinais de embriaguez, como dificuldade para se comunicar e andar cambaleante. Havia uma mancha em sua roupa, aparentemente de vômito ou de outro líquido.
Seguidos
Durante a conversa após o acidente, o policial demonstrou nervosismo. Por isso, os ocupantes do carro atingido preferiram encerrar o diálogo, sugerindo que cada parte arcasse com os prejuízos. Mas, ao parar no estacionamento do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para ver os danos, notaram estar sendo seguidos pelo policial.
Segundo motorista e passageira, o policial teria gesticulado com as mãos. Aparentemente, teria a intenção de c0nversar novamente. Mas a dupla preferiu não retomar o diálogo. Ao deixarem o local e seguirem pelo Eixo Monumental, notaram que ainda estariam sendo seguidos pelo policial até os arredores da Torre de TV.
Carteirada
Por volta das 01h20, o policial penal teria tentado entrar uma balada no SIG sem pagar. Segundo os seguranças do evento, o servidor com sinais de embriaguez teria se identificado como policial civil em serviço, mas não apresentou documento para comprovar.
O servidor teria apresentado um print no celular com uma suposta carteira funcional da polícia penal. Os seguranças não autorizaram o acesso. O policial foi convidado a se retirar do local 0u esperar pela Polícia Militar (PMDF). Uma discussão teve início. Os segurança agiram com cuidado pois havia suspeita de que o policial estivesse armado.
Durante a discussão, o policial penal teria dito para os seguranças que daria voz de prisão por não deixá-lo entrar. Após a discussão, o servidor ainda teria ingressado sem autorização em um local da balada. Os seguranças solicitaram a saída imediata.
Ao deixar o local, o policial teria dito para um dos seguranças: “Olha para trás de novo para você ver se não toma uns tiros”. A PMDF chegou no local logo depois. As duas ocorrências, tanto no trânsito, quanto na balada, foram registradas na PCDF.
Depoimentos
O policial penal apresentou sua versão sobre as duas ocorrências para o PCDF. No caso da briga de trânsito, teria confirmado o envolvimento na batida, assumiu a responsabilidade pela colisão, mas negou ter exibido arma de fogo e ameaçado os ocupantes do carro. Argumentou que estava sem coldre e a arma estava no banco do carro. Ele teria apenas colocado ela na cintura.
Na ocorrência da suposta tentativa de carteirada, alegou que teria apresentado sua carteira profissional pelo celular. Foi para fila. Ao chegar no caixa teria perguntado se teria desconto para policiais. Não teria havido resposta. Questionado se estaria armado, confirmou. A atendente solicitou a ordem de serviço para a presença da arma.
O policial penal, então, teria perguntado se membros da PCDF precisam do mesmo documento para estar armados no local. Teve início uma discussão. Os seguranças foram chamados. E o policial apresentou o documento digital. Mas os seguranças teriam exigido um documento físico.
O policial argumentou que não teria recebido uma carteira física, apenas a digital e caso os seguranças não aceitassem o documento estariam negando a fé pública e ela poderia dar voz de prisão. Ao desistir de entrar no local, caminhava em direção ao estacionamento, mas um segurança disse que ele não poderia passar por ali.
O policial penal então deixou o local. Alegou também que teria ligado para a PMDF. Mas o celular teria descarregado e também afirmou que não teria ingerido bebida alcóolica antes da discussão.