“Por um milagre ninguém morreu”, afirmou o ativista brasiliense pró-Palestina Thiago Ávila, em vídeo gravado após um drone atacar o barco em que ele estava, em direção à Faixa de Gaza, nesta segunda-feira (8/9). Seis pessoas estavam a bordo da embarcação.
Ávila disse que apesar dos ataques sofridos, a missão humanitária irá prosseguir. “A missão deve continuar, temos que seguir em frente. Sabemos que é difícil, mas nada se compara ao sofrimento do povo da Palestina. A história não é sobre nós, é sobre o povo palestino”, afirmou o brasileiro.
Durante entrevista coletiva da Global Sumud Flotilla (GSF) realizada na manhã desta terça-feira (9/9), na Tunísia, o brasiliense agradeceu por todo suporte do governo da Tunísia e à toda população tunisiana. Ele também relembrou que essa não foi a primeira vez em que um barco é interceptado. “Essa foi a 38ª vez em que um barco com ativistas é interceptado e atacado”, disse.
O brasileiro não deu mais detalhes sobre como irão seguir com a missão, que também conta com a ativista sueca Greta Thunberg.
A embarcação faz parte de uma frota humanitária a caminho de Gaza. A autoria do ataque é desconhecida.
Veja:
Segundo a tripulação, o drone se aproximou da embarcação e foi ouvido o som de hélices. Na sequência, soltou uma bomba ou um dispositivo incendiário sobre uma pilha de salva-vidas.
“Infelizmente, nós temos que dizer que mais uma vez a missão Flotilla foi atacada. Cinco meses atrás eu me lembro do mesmo cheiro, quando atacaram o Conscience”, desabafou Avila.
Está é a segunda tentativa do ativista brasiliense participa de uma missão humanitária em Gaza. A primeira foi impedida por Israel.
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Sem citar o nome do responsável pelo ataque de drone, o ativista afirmou: “Eles estão fazendo tudo isso porque querem nos calar”.
Mesmo com o ataque, Ávila destacou a importância de ajuda humanitária em Gaza. “Por favor, se ergam. Por favor, se mobilizem em todos os lugares. Nós precisamos colocar um fim no que está acontecendo aqui”, concluiu.
Thiago disse que o barco está atracado a 150 metros do porto em Túnis, na capital da Tunísia. Ainda no depoimento, ele afirmou que as pessoas levaram cinco minutos para apagar o fogo no barco e que toda tripulação está bem.
Ataque de drone
Uma câmera de segurança na embarcação Family Boat registrou o momento em que o barco do Global Sumud Flotilla (GSF) foi atacado por um drone.
O barco tinha uma bandeira de Portugal e seis tripulantes a bordo no momento do ataque. Ninguém ficou ferido e o fogo foi controlado.
Ao Metrópoles, a esposa de Thiago, Lara Souza, disse conversou com o ativista em uma ligação rápida e que ele está bem. “Não consegui entender ainda quem estava a bordo. Só recebi a notícia de que estão bem”, disse.
A Global Sumud Flotilla (GSF), coalização responsável pelo barco Family confirmou a informação. De acordo com comunicado, uma embarcação passava pela Tunísia, já voltando de Gaza, quando foi atingida.
O vídeo abaixo mostra o barco atacado em alto mar. O narrador comenta: “Acabaram de explodir um dos nossos barcos aqui. Eu estava aqui dormindo e acabei de ver uma explosão aqui nos barcos”.
Assista:
Os tripulantes, porém, estão seguros. Ainda não se sabe a autoria do ataque.
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O barco em questão partiu de Barcelona, na Espanha, em 31 de agosto rumo a Gaza. O objetivo era criar um corredor de ajuda humanitária para a Palestina. Ao todo, 80 barcos, de 44 países, compõem a nova tentativa de levar ajuda para a região atacada.
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Os ativistas Greta Thunberg e Thiago Ávila não se feriram durante o ataque de drones sofrido pela frota da Global Sumud Flotilla (GSF)
Reprodução/Redes sociais
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O barco da frota da Global Sumud Flotilla (GSF) que embarcou rumo à Faixa de Gaza foi alvo de ataque explosivo de drones
Reprodução / @coletivojuntos
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Essa é a segunda vez que Ávila embarca para Gaza
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A ativista suíça Greta Thunberg também estava na embarcação durante o ataque
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O brasileiro Thiago Ávila chegou a ser preso pelo Exército de Israel e foi deportado
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Ativista Thiago vila
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Greta Thunberg embarcou em navio ao lado de ativista brasileiro para Gaza
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No total, 12 voluntários internacionais embarcaram com ajuda humanitária em junho
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Grupo foi interceptado em uma primeira viagem para Gaza no dia 8 de junho
Reprodução/YouTube
É a segunda vez que Ávila embarca rumo a Gaza. Em junho deste ano, o ativista esteve a bordo do barco Madleen ao lado de outros 11 ativistas internacionais. O grupo, porém, foi detido dias depois pelo exército israelense, que os conduziu para uma prisão antes de deportá-los aos seus respectivos países.
Quem é Thiago Ávila
O brasiliense, de 38 anos, era um dos integrantes da Coalizão Flotilha da Liberdade, cujo objetivo é levar ajuda humanitária à Palestina.
Ele começou a jornada como ativista em 2005 e já esteve no Líbano, onde mostrou, em fevereiro último, como as cidades do país ficaram após ataques de Israel.
Ávila também compartilha nas mídias sociais relatos sobre os projetos dos quais participa e mostra a realidade de regiões em contexto de guerra.
Em 2024, o ativista compareceu ao velório do líder do grupo Hezbollah, Seyyed Hassan Nasrallah, e participou de uma conferência internacional em Teerã, capital do Irã, onde prestou condolências aos iranianos e ao país pelo falecimento do então presidente, Ebrahim Raisi, em maio passado.
Ainda naquele ano, Ávila viajou com outros ativistas em um barco até Gaza, também para levar ajuda humanitária à região. Contudo, novamente, a missão não pôde ser concluída.