Pesquisadores da Aliança Global para o Desenvolvimento de Medicamentos contra a Tuberculose divulgaram dados de um novo medicamento que pode encurtar o tratamento e torná-lo eficaz para todas as formas da doença, incluindo aquelas que já não respondem ao tratamento convencional.
O antibiótico sorfequilina apresentou desempenho superior ao tratamento padrão em estudo clínico de Fase II, que teve seus resultados previamente divulgados em uma conferência internacional realizada na Dinamarca nessa terça-feira (19/11). Os resultados reacenderam o debate sobre estratégias para acelerar a eliminação da doença globalmente. Só no Brasil, a tuberculose registra uma média de 80 mil novos casos por ano.
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A sorfequilina foi testada em combinação com outros antibióticos, a pretomanida e a linezolida. O grupo apresentou desempenho melhor que o protocolo tradicional, composto por quatro antibióticos, regime usado globalmente desde os anos 1990. O tratamento atual é eficaz para cerca de 90% das pessoas com a doença, mas os dados preliminares do novo regime mostram um impacto ainda maior.
Tratamento expresso contra a tuberculose
A principal vantagem do novo remédio está em reduzir o tempo de tratamento. Atualmente, o paciente usa os medicamentos por, em média, seis meses. A nova combinação indica que um período ainda menor pode ser possível, com relatos de médicos apontando menos de dois meses para a cura. Os dados totais, porém, ainda não foram consolidados.
O ensaio clínico envolveu 309 pessoas em 22 locais na África do Sul , Filipinas, Estados Unidos, Tanzânia e Uganda, com diferentes regimes de dosagem. Todos os pacientes tinham tuberculose sem resistência aos remédios.
A dose oral de 100 mg conseguiu estabilizar 59% dos pacientes em menos de oito semanas frente aos 45% da terapia padrão. A dose, a mais alta do estudo, também permitiu que 64% dos participantes interrompessem o tratamento na décima quinta semana com segurança, o que pode indicar que o tratamento pode cair de forma global para quatro meses de medicação.
Novos testes podem reduzir ainda mais o tempo de tratamento
A sorfequilina apresentou ainda melhor perfil de segurança em relação ao tratamento padrão. Os dados indicaram menor sinal de toxicidade cardíaca e poucos efeitos colaterais.
A equipe responsável pelo estudo planeja avançar para a Fase III em breve. Essa etapa testará o desempenho do antibiótico em grupos maiores e em diferentes cenários epidemiológicos, incluindo pacientes resistentes.
Os pesquisadores testam ainda formulação injetável de longa duração que poderia reduzir a necessidade de tomar os remédios diariamente, aumentando a adesão e concentrando a ação do medicamento em período curto. A estimativa preliminar sugere que o tratamento poderia ser reduzido para cerca de um mês caso este método se prove eficaz e seguro.
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