A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) realizou, nesta quarta-feira (13/9), uma inspeção no Pontão do Lago Sul. A intenção era investigar uma possível infestação de carrapatos, contaminados pela bactéria que leva ao quadro de febre maculosa. Porém, segundo a pasta, nenhum carrapato foi encontrado no local.
A varredura foi feita após uma menina ser picada por um carrapato no local e, posteriormente, internada com suspeita do doença. A paciente ficou cinco dias em um hospital, mas já recebeu alta e passa bem. Agora, a pasta aguarda resultados de exames para confirmar se ela foi infectada pela febre maculosa.
A técnica utilizada pela pasta na varredura foi a de arrasto. Ou seja, uma lona foi amarrada em cabos de vassoura para entrar em contato com o solo e coletar possíveis carrapatos.
Se algum animal do tipo fosse encontrado no local, seria feita a investigação para verificar se o inseto teria ou não a bactéria que causa a febre maculosa. Os bichos seriam encaminhados para a identificação da espécie e enviados ao laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que realiza esse tipo de análise.
“Até hoje, a bactéria causadora da febre maculosa brasileira nunca foi achada nem nas capivaras e nem nos carrapatos presentes no DF. Toda a área da capital já foi investigada, não só a orla do Lago. Jamais encontramos a Rickettsia rickettsii”, enfatiza o gerente de Zoonoses, Isaías Chianca.
Há a possibilidade de outras doenças causadas por diferentes tipos de bactéria provocarem febre após a picada de um carrapato. Por isso, a pasta informa que é importante que a pessoa afetada, e que tenha febre nos dias seguintes à picada, procure um serviço médico e avise o profissional sobre o ocorrido.
Casos suspeitos
No primeiro semestre deste ano, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da SES-DF recebeu 104 notificações de casos suspeitos de febre maculosa, sendo seis até maio deste ano.
“No total, foram notificados 104 casos suspeitos da doença no DF este ano e, desses, 62 já foram descartados. Outros 42 seguem em análise, pois, após o envio das amostras, o laboratório tem até 30 dias para apresentar os resultados. A investigação requer toda a análise laboratorial e epidemiológica, levando até 60 dias para conclusão”, explica o diretor de Vigilância Epidemiológica, Adriano Oliveira.
Processo de confirmação
Quando ocorre a suspeita de um caso, a unidade de saúde (pública ou privada) que está atendendo o paciente deve realizar a notificação imediata às autoridades de saúde para a investigação do caso, avaliando o local provável de infecção e promovendo a assistência ao paciente com a medicação indicada. O tratamento ocorre independentemente da confirmação laboratorial da doença.
Para que haja a comprovação da transmissão, a primeira amostra deve ser colhida nos dias iniciais da doença. A segunda, de 14 a 21 dias após a primeira coleta. Ambas as amostras são encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde do Distrito Federal (Lacen-DF), que destinará ao laboratório de referência, Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais.
Segundo a SES-DF, é possível confirmar um caso pelas duas amostras pareadas com alteração considerável de títulos de anticorpos. Após finalizada a investigação epidemiológica e ambiental, confirma-se ou descarta-se o caso.
Febre maculosa
Segundo o Ministério de Saúde, a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Isso significa que pode se apresentar de forma leve até forma grave, com elevada taxa de letalidade.
Pacientes também podem apresentar dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas.
Outro sintoma da infecção é a paralisia dos membros que inicia nas pernas e sobe até os pulmões causando paragem respiratória.
O tratamento é feito com antibiótico específico. Em determinados casos, pode ser necessária a internação do paciente.
Prevenção
• Use roupas claras, para ajudar a identificar o carrapato, uma vez que ele é escuro;
• Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
• Evite andar em locais com grama ou vegetação alta;
• Use repelentes de insetos;
• Verifique se você e seus animais de estimação estão com carrapatos;
• Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça. Não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água. Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. Após a utilização, coloque todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos insetos.