Nesta quinta-feira (10/7), o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, foi palco de um grande debate sobre inovação digital na indústria brasileira. O Metrópoles, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), reuniu grandes nomes da indústria e da inovação para debater os rumos da reindustrialização e da transformação digital no país.
O primeiro painel contou com a participação de Roberto Pedreira, gerente de monitoramento e avaliação da ABDI; Pollyana Carvalho, diretora de transformação digital, inovação e novos negócios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); José Luís Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES; e Jefferson de Oliveira Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI.
Os participantes falaram sobre a importância de atrair investimento em tecnologias e conectividade para todos os níveis empresariais. “O fortalecimento dos elos de produção só se dará de forma consolidada se nós fortalecermos a pequena indústria. Nesse período de 2023 e 2024, a gente tem visto esse processo ser consolidado por meio da nova indústria no Brasil”, declarou Pedreira.
“E me parece que toda essa estratégia voltada a difundir a transformação digital também está relacionada com uso de energias sustentáveis, ou seja, fortalecer cada vez mais o uso dessas energias sustentáveis em que o Brasil é um dos principais na sua produção. Então, o que tem se visto hoje é justamente essa possibilidade de direcionar e canalizar um conjunto de ações para fortalecer ainda mais esses dois pilares, que são estratégias para o desenvolvimento do país”, completou.
Pollyana Carvalho salientou que, atualmente, a transformação digital é um imperativo e impõe novas estratégias “para que elas possam se posicionar em mercados como estado e nação soberanos, inclusive com soberania tecnológica e digital”, acrescentou. Segundo ela, o MDIC tem a intenção de, em 2026, ter 25% das empresas industriais brasileiras atingindo e adotando a inteligência artificial em seus parques. “E mais ambiciosa ainda para 2036 que a gente possa atingir 50% da indústria.”
Em relação à conectividade, o representante do BNDES defendeu que o atual governo trabalha para ampliar o acesso. “No governo do presidente Lula, o FUST [Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações] passou a ser utilizado para aquilo que ele deve ser feito, que é incentivar o investimento em conectividade no Brasil. Já foram R$ 2,2 bilhões que nós aplicamos do FUST; são quase mil municípios recebendo conectividade”, frisou Gordon.
Sobre o investimento industrial, Gordon comemorou o momento em que o país se encontra. “Nós vivemos um momento diferenciado para a indústria, onde se pode investir, e, com isso, o Brasil será, sim, um dos principais grandes em desenvolvimento de tecnologia e em indústria verde.”
Jefferson de Oliveira, da CNI, afirmou que o sistema de indústria precisa trabalhar aliado ao governo federal. “Só que uma dificuldade grande no país como o nosso é trazer complexidade econômica. Se a gente pega a nossa ubiquidade e cruza com complexidade econômica, a conectividade está no centro da questão.”
“Nós já somos há muito tempo uma indústria que utiliza energia renovável. Só que tem um detalhe: a vida não é tão simples. Por exemplo, a gente não tem só um setor. Energia é meio, e a manufatura é o fim. Uma indústria para fazer um piso cerâmico, que você usa na sua casa, para botar no seu banheiro, só ela utiliza uns 15 mil megawatts. Ela precisa de potência para existir. E, daí, dentro desse caso básico, não se faz potência nesse formato, hoje, no mundo, sem gás”, pontuou.
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Jefferson de Oliveira Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI
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Ricardo Cappelli, presidente da ABDI
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José Luís Gordon,
diretor de Desenvolvimento
Produtivo, Inovação e Comércio
Exterior do BNDES
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Pollyana Carvalho, diretora de transformação digital, inovação e novos negócios do MDIC
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Primeiro painel teve duração de 1 hora
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Roberto Pedreira, gerente de monitoramento e avaliação da ABDI
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Evento foi realizado no Centro de Convenções
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Papel da indústria
O segundo painel tratou do papel estratégico da indústria para o desenvolvimento. Participaram Gustavo Leal, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Álvaro Prata, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); e Jarbas Ari Machado, vice-presidente setorial da Fibra.
Durante a conversa, o presidente da Embrapii avaliou que o Brasil precisa continuar investindo na produção científica. “O brasileiro é muito criativo, cada vez mais o empreendedorismo vem sendo estimulado. Nós estamos numa era de muitas transformações, e essa vontade de empreender tem resultado num crescimento de micro e pequenas empresas. Nós precisamos seriamente nos preocupar com a questão do mercado de trabalho e ter pessoas qualificadas para preencher os cargos que estarão demandando essas pessoas”, disse.
O diretor-geral do Senai destacou, ainda, ser preciso manter o investimento em educação e, além disso, focar a atualização tecnológica. “Nós precisamos nos apropriar dessas novas tecnologias digitais para fazer o processo educacional de forma diferente, além de criar certos mecanismos que sejam capazes de ajudar a ter mais produtividade no processo educacional. As pessoas vão precisar adquirir conhecimentos permanentemente ao longo da vida. Fora do Brasil se chama de up-skilling, high-skilling. No fundo, é a educação ao longo da vida”, frisou Gustavo.
O vice-presidente setorial da Fibra aproveitou o evento para reforçar a necessidade de se manter uma aproximação com as universidades a fim de garantir que os profissionais formados saiam prontos para o mercado de trabalho. “Não adianta o jovem saindo da universidade, sabendo somente conteúdo, muito conteúdo, e estar totalmente em desfoque com o mercado. Isso não adianta. A gente vem tentando, dentro da Federação das Indústrias do Distrito Federal, trabalhar com várias parcerias e melhorar essa qualificação. Eu, como empresário, muitas vezes abro uma vaga, passam 40, 50 pessoas na minha área de tecnologia, e eu não consigo preencher a vaga. Uma pessoa saiu da universidade, formado, fez estágio, mas eu não consigo aproveitar. Tem uma coisa errada”, relatou.
Ele ainda defendeu que o foco econômico do Distrito Federal precisa ser modificado, pois a capital “depende muito do funcionalismo público”.
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Participantes do segundo painel
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Jarbas Ari Machado,
vice-presidente setorial da Fibra
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Álvaro Prata,
presidente da Embrapii
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Gustavo Leal, diretor geral do Senai
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Evento foi realizado no Centro de Convenções
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Painel do Metrópoles
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Recado especial
Antes do início do evento, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, por meio de vídeo, deixou uma mensagem aos presentes. Na gravação, ele explicou que não pôde estar presente em função de uma agenda do governo federal.
“Quis o destino que esse importante seminário organizado pelo Metrópoles, um dos principais sites de notícias do país, acontecesse no momento em que a indústria brasileira sofre um dos maiores ataques de sua história. O presidente dos Estados Unidos, utilizando argumentos políticos descabidos para proteger uma família, anunciou uma tarifa de mais de 50% sobre produtos brasileiros nos EUA. O governo brasileiro agiu e vai continuar agindo em respeito à soberania nacional. Precisamos defender a nossa indústria, defender os trabalhadores do Brasil”, disse.