Um elevador quebrado há quase 24h na Casa Estudantil da Universidade de Brasília (CEU/UnB) impediu o livre trânsito dos estudantes que precisam do equipamento e fez com que a estudante Millena Silva de Moraes, de 26 anos, bacharel em direito e que tem deficiência física, tivesse que ser carregada por seguranças para chegar em casa. O problema viola os direitos da jovem e dificulta a locomoação da acadêmica dentro da Universidade, onde ela estuda e mora.
Veja imagens de Millena sendo transportada na UnB:
Por volta das 19h20 desta quarta-feira (29/10), a estudante que reside na UnB, ao tentar acessar meu apartamento, tentou utilizar o elevador externo, equipamento do qual depende integralmente por ser pessoa com deficiência física e usuária de cadeira de rodas elétrica. Porém, o elevador não respondeu ao comando e ficou inoperante, impossibilitando o deslocamento da aluna.
Millena não recebeu até o momento nenhuma garantia de que o problema fosse solucionado e até a última atualização desta matéria, o elevador seguia sem funcionar.
“Essa situação é inaceitável. Pessoas com deficiência ainda são expostas ao ridículo e a situações vexatórias e constrangedoras, revelando o descumprimento do direito à acessibilidade e à dignidade humana. Quando se trata de uma mulher com deficiência, a vulnerabilidade se agrava, pois somos obrigadas a suportar toques e invasões corporais sob o pretexto de ajuda, desabafou a estudante.
Millena entrou contato com a Orona Elevadores, empresa responsável pela manutenção do equipamento, quando foi aberto um chamado técnico, e o profissional designado chegou ao local somente cerca de uma hora depois. “Após realizar os procedimentos de verificação, o técnico informou que não seria possível realizar o conserto naquele momento, pois a peça necessária encontrava-se no almoxarifado da empresa”, explicou Millena.
Após grande dificuldade e constrangimento, a jovem só conseguiu subir ao apartamento mais de 3h depois, por volta das 22h40, com o auxílio da mãe, Jocilia Silva da Conceição e com um segurança do local que ajudou a transportar a jovem e a cadeira de rodas, que pesa por volta de 50kg.
“Questionamos como ficaria a situação, visto que eu não teria como acessar minha moradia e o técnico respondeu de forma insensível e desrespeitosa, afirmando que “não era problema dele”, pois já havia cumprido sua parte ao comunicar o ocorrido ao chefe e solicitar a assinatura da ordem de serviço pelo segurança do prédio. Disse ainda que para a peça ser retirada do almoxarifado, seria necessária autorização da administração da Universidade de Brasília, o que nos deixou perplexas”, contou Millena.
Por volta das 12h20 desta quarta-feira (29/10), ao tentar sair novamente do apartamento, Millena precisou ser carregada mais uma vez com auxílio de três seguranças da UnB, pois o elevador continuava sem funcionar.
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A mãe de Millena filmou a filha sendo transportada, enquanto reclamou do descaso da empresa responsável pelos elevadores. “Desde ontem, o pessoal da Life (empresa de segurança) que não tem nada a ver tendo que fazer isso. Só a cadeira de rodas tem 50kg”, informou Jocilia.
Segundo a jovem, um outro técnico compareceu ao local e afirmou que havia ido verificar o problema, mas que o elevador estava apenas desligado, mas o servidor teria ido no bloco errado. “Quando questionamos ele descobrimos que ele havia feito a vistoria no elevador do bloco B, e não no bloco A, onde de fato ocorreu a pane”, contou Millena.
O técnico admitiu à jovem e a mãe de que o chamado constava como sendo do bloco A, mas que, mesmo assim, dirigiu-se equivocadamente ao bloco B, enquanto o elevador seguiu sem funcionar. “Fiquei perplexa e indignada com tudo o que ouvi. Trata-se de uma empresa contratada e remunerada para prestar serviço de manutenção 24 horas, conforme consta em seu próprio cartão de atendimento, mas que nega assistência e desconsidera situações de emergência que envolvem pessoas com deficiência”, disse a estudante.
Falta de acessibilidade
A aluna contou que essa foi a primeira vez que precisou ser carregada para chegar em casa, apesar do elevador do CEU/UnB ter apresentado problemas técnicos em outras ocasiões. “A antiga empresa responsável resolvia os problemas com elevador rapidamente, mas a atual empresa não resolve os problemas e nós ficamos dessa forma”, contou Millena.
A estudante de direito disse que procurou a reitora da UnB na noite desta terça-feira (28/10), Rozana Neves, que retornou o contato informando que o problema seria solucionado nesta quarta-feira (29/10) por se tratar de uma peça muito específica. Porém, até o momento, a jovem afirma que o elevador ainda não teria sido consertado.
“Em pleno século XXI, ainda precisamos afirmar o óbvio: a acessibilidade é um direito fundamental, e ninguém deveria ser tratado como um fardo ou um incômodo por exercer esse direito”, reclamou a jovem.
A Universidade de Brasília foi procurada e afirmou ter conhecimento do caso, mas até a atualização desta matéria não se pronunciou. A empresa não foi localizada para comentar o caso. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.