Entre 2010 e 2022, no Distrito Federal, houve aumento do percentual de casais sem filhos, que passou de 17,4% para 23,4% do total de famílias. Os dados são do Censo Demográfico 2022: Nupcialidade e Família, divulgado nesta quarta-feira (5/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A decisão de ter ou não filhos é um assunto polêmico para alguns casais, algumas vezes causando términos ou discussões acaloradas. Porém, o crescimento do número de casais sem filhos mostra que o pensamento vem crescendo nos últimos anos.
No país, os casais sem filhos foram o grupo que mais cresceu entre 2000 e 2022, saltando de 13% para 24,1%, segundo dados do Censo 2022. Já o percentual de casais com filhos caiu de 56,4% para 42% em 22 anos.
Casados há nove anos, a contadora Polliana Matesco, 35 anos, e o comprador de Commodities, Erick Matesco, de 37 anos, fazem parte da estatística de casais que optaram por não ter filhos.
“Eu nunca senti aquele famoso ‘chamado para a maternidade’. Enquanto amigas e primas falavam com entusiasmo sobre ter dois ou três filhos e até escolhiam nomes, eu simplesmente não me via nesse papel. Sempre amei meu trabalho e dediquei grande parte da minha vida a ele”, contou Polliana.
A contadora tinha a preocupação de não encontrar alguém que tivesse o mesmo pensamento, mas, desde o início do relacionamento, os dois entraram em um denominador comum e tomaram a difícil decisão.
“Avaliamos diversos fatores, desde as dificuldades de educar uma criança nos tempos atuais, o impacto financeiro, até questões de saúde que podem ou não acontecer”, explicou a contadora.
Para evitar discussões, Polliana e o marido costumam dizer que “a decisão está em aberto” quando outras pessoas perguntam de filhos para eles.
“Mesmo em 2025, ainda é curioso ver como as pessoas se espantam com a segurança de uma mulher que escolhe não ser mãe. No fim das contas, acredito que é uma decisão pessoal e toda escolha feita com consciência e respeito deve ser igualmente valorizada. Eu brinco que eu só quero ser a tia rica”, disse.
Uniões no DF
De acordo com o Censo 2022, considerando o estado conjugal das pessoas de 10 anos ou mais de idade no Distrito Federal, 47,7% viviam em união. Por outro lado, 52,3% não viviam em união, composto por 18,9% que não viviam mas já viveram em união, e 33,4% que nunca viveram em união.
Na pesquisa, foi observado um crescimento tímido da proporção de pessoas que viviam em união no período (47,3% em 2010 e 47,7% em 2022). Houve um aumento do percentual de pessoas que não viviam mas já viveram em união, passando de 14,5% em 2010 para 18,9% em 2022.
Por outro lado, verificou-se uma redução no percentual de pessoas que nunca viveram em união, de 38,2% em 2010 para 33,4% em 2022.
Apenas casamento somente no civil teve aumento nos percentuais entre 2010 e 2022. Em 2022, na capital federal, 23,7% das pessoas que viviam em união declararam que essa união era somente no civil, percentual superior ao observado em 2010 (19,3%).
Por outro lado, casamento civil e religioso, casamento somente no religioso e casamento consensual tiveram recuos de 1,6, 1,0 e 1,7 pontos percentuais, respectivamente, no mesmo período.
Família
Das cerca de 988,2 mil casas pesquisadas no Censo, 191,4 mil eram de pessoas que viviam sozinhas (19,4%) e 788,1 mil eram ocupadas por duas ou mais pessoas com parentesco (79,7%), com diferentes configurações.
Nesses domicílios, viviam 840,2 mil famílias com duas ou mais pessoas com parentesco e 51,1% . Na distribuição das unidades unipessoais por cor ou raça da pessoa responsável pelo domicílio, 45,6% e 41,8% das unidades tinham pardas e brancas, respectivamente, como pessoas responsáveis.
Já na distribuição dessas unidades por grupos de idade da pessoa responsável, a maior prevalência estava no grupo de 60 anos ou mais, com 29,2% das unidades.
Também houve leve aumento na ocorrência de famílias monoparentais femininas (com ou sem parentes), de 19,3% para 20,1%, enquanto as masculinas (com ou sem parentes) passou de 2,2% para 2,9%.
