Em viagem oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta segunda-feira (12), que o país asiático investirá mais de R$ 27 bilhões no Brasil. Os recursos serão direcionados especialmente para os setores de infraestrutura, tecnologia e energia renovável, com impacto direto também na área da educação, uma vez que será necessário qualificar mão de obra para atender à nova demanda gerada pelos projetos bilaterais.
O anúncio foi feito durante o Fórum Empresarial Brasil-China, realizado em Pequim, com a participação de empresários e autoridades dos dois países. Segundo dados da ApexBrasil, o fluxo comercial entre Brasil e China já alcança a marca de US$ 160 bilhões.
De acordo com o Palácio do Planalto, os encontros recentes com autoridades e empresários chineses resultaram em novos acordos estratégicos, incluindo um investimento de US$ 1 bilhão na produção de combustível sustentável para aviação (SAF), a partir da cana-de-açúcar, e a criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em energia renovável.
Em seu discurso de encerramento do fórum, Lula ressaltou que a relação entre Brasil e China vai além de interesses comerciais. “É uma relação de dois países que têm compromisso de resolver o problema do empobrecimento que martelou a vida de ambos”, afirmou, destacando o feito chinês de retirar 800 milhões de pessoas da pobreza em quatro décadas, e os avanços brasileiros no combate à fome.
Entre os principais projetos citados, destacam-se a criação de um Centro Virtual de Pesquisa em Inteligência Artificial, fruto da parceria entre Dataprev e Huawei, com aplicações previstas para áreas como saúde, agricultura e segurança pública; e o acordo entre a Telebras e a empresa Spacesail, que permitirá ampliar o acesso à internet em regiões remotas por meio de satélites de baixa órbita.
Lula também celebrou os oito novos acordos na área da saúde, voltados para transferência de tecnologia na produção de vacinas, medicamentos e equipamentos. Na área de energia, será criado um centro de pesquisa em parceria entre o Senai Cimatec e a Windey, com foco em energia solar e eólica.
A infraestrutura foi outro tema central no discurso do presidente. Ele destacou o papel estratégico do Corredor Ferroviário Leste-Oeste e das rotas bioceânicas que conectarão os oceanos Atlântico e Pacífico, encurtando em cerca de 10 mil quilômetros a distância entre Brasil e China.
Lula alertou, porém, que o Brasil só poderá acompanhar o ritmo tecnológico da China com investimentos robustos em educação. “Se não investir em engenharia, matemática e ciência, não seremos competitivos. O ideal não é exportar só soja, é exportar inteligência”, afirmou.
O presidente também rebateu críticas à exportação de commodities, argumentando que o agronegócio brasileiro é altamente tecnológico e pode financiar o desenvolvimento de setores de ponta, como carros elétricos, baterias e inteligência artificial.
“Temos que usar a renda do campo para investir em conhecimento. Ninguém vai nos dar essa revolução de presente”, concluiu.