Previsto para começar nesta sexta-feira (1º/8), o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve impactar o Distrito Federal em R$ 168 milhões nos próximos anos. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que projetou as consequências nos Produtos Internos Brutos (PIBs) das unidades federativas em até 2 anos.
O valor corresponde a uma variação de 0,05% do PIB do DF, que tem os EUA como 6º país em que mais se destina a exportação. O país norte-americano recebe 2,6% dos produtos vendidos internacionalmente por empresas brasilienses.
Os principais setores que o DF exporta são químicos, alimentos, vestuários e derivados de petróleo, segundo a CNI. Em 2024, o DF exportou o equivalente a US$ 7,8 milhões.
O que aconteceu?
- Em 9 de julho, o presidente Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros por meio de uma carta
- Em abril, o Brasil já havia tido seus produtos taxados em 10% pelo governo norte-americano.
- De acordo com Trump, a decisão de aumentar as tarifas contra o Brasil acontece após “ataques insidiosos” contra eleições livres no país.
- Na carta enviada a Lula, o presidente dos EUA voltou a criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado em 2022.
- Desde o anúncio das tarifas, o governo brasileiro tem tentado negociações com a Casa Branca, no entanto, segundo afirma o governo, a comunicação está centralizada no presidente americano, o que dificulta o diálogo entre os países.
Cenário no Brasil
O levantamento da CNI aponta impactos relevantes e desiguais entre as unidades da federação, com perdas superiores a R$ 19 bilhões para os estados brasileiros. Estados como o Ceará e o Espírito Santo têm alta dependência do mercado americano, representando quase metade das exportações cearenses e um terço das capixabas. Em outros 11 estados, os EUA têm participação entre 10 e 20% nas vendas externas.
Veja:
O levantamento ainda apresenta a relação comercial entre os dois países, em que os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil por mais de 15 anos.
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“Somente na última década, o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões apenas no comércio debens”, aponta a CNI no estudo.
A pesquisa ressalta ainda que, entre as principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávita favor dos EUA, especialmente na indústria detransformação – responsável por transformar matérias-primas em obras acabadas.
Apenas no ano de 2024, os EUA registraram saldo comercial positivo de US$14,6 bilhões nesse setor produtivo, frente ao déficit na agropecuária e na indústria extrativa deUS$ 7,8 bilhões.