O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou nesta terça-feira (10) a última reunião sob o comando do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em um momento de pressão econômica marcada pela alta do dólar e aumento nos preços dos alimentos. A decisão sobre o novo patamar da taxa básica de juros, a Selic, será anunciada nesta quarta-feira (11).
De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central com base em análises do mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic seja elevada em 0,75 ponto percentual, atingindo 12% ao ano. Este seria o terceiro aumento consecutivo da taxa, sinalizando uma postura mais rígida diante do cenário inflacionário.
Na ata da reunião anterior, o Copom já havia indicado a necessidade de prolongar o ciclo de alta da Selic, destacando a persistência de um ambiente de incertezas no Brasil e no exterior. A conjuntura econômica dos Estados Unidos, marcada pela instabilidade e pela postura ainda indefinida do Federal Reserve (Fed), foi apontada como um dos fatores de preocupação. No contexto doméstico, a política fiscal também está sob observação, com o comitê cobrando ajustes no controle dos gastos públicos.
Segundo a última projeção do boletim Focus, a inflação para 2024 foi revisada para 4,84%, superando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%, considerando o intervalo de tolerância. O aumento recente do dólar e os impactos da seca são fatores que pressionam ainda mais os preços, especialmente dos alimentos.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Quando a Selic sobe, o crédito se torna mais caro, desestimulando o consumo e a produção, mas também freando a alta dos preços. Por outro lado, taxas mais altas podem desacelerar a economia e dificultar a retomada do crescimento.
A expectativa de alta para 12% ao ano reflete a necessidade de adotar uma política monetária contracionista, como o próprio Copom já sinalizou. Desde agosto de 2021, quando a Selic atingiu 13,75% ao ano, a taxa passou por cortes sucessivos até maio deste ano, quando estava em 10,5%. No entanto, o ciclo de alta foi retomado em julho, diante do cenário de inflação persistente.
O mercado financeiro e analistas acompanham atentamente a reunião, especialmente por ser a última presidida por Roberto Campos Neto. Além da decisão sobre a Selic, a ata do Copom e as sinalizações do Banco Central sobre os próximos passos da política monetária serão cruciais para entender a estratégia em 2024.
A próxima reunião do Copom está prevista para o início do próximo ano, já sob a liderança do novo presidente do Banco Central, que será escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.