A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Cíntia Queiroz, indiciada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos na Câmara Legislativa do DF, teve sua transferência para a reserva remunerada oficializada nesta segunda-feira (21/1). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal e ocorre após a oficial atingir o tempo mínimo necessário para requerer o afastamento das atividades da corporação. Com isso, ela seguirá recebendo a remuneração integral, mesmo fora do serviço ativo.
Cíntia Queiroz ocupava, no dia 8 de janeiro de 2023, o cargo de subsecretária de Operações da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), período marcado pelos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Na CPI, a coronel foi indiciada por crimes graves, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União com emprego de substância inflamável e deterioração de patrimônio público.
O relator da CPI, deputado distrital Hermeto (MDB), atribuiu a responsabilidade pelos ataques e pelas falhas na segurança da capital à coronel Cíntia e ao ex-secretário-executivo da SSP-DF, Fernando de Sousa Oliveira. Segundo o parlamentar, ambos foram alertados pela Polícia Federal sobre a iminência dos ataques, mas não tomaram medidas efetivas para evitá-los. “Gerou significativas lacunas nas estratégias de segurança das instituições, órgãos e agências envolvidas nos atos do dia 8, afetando diretamente a capacidade das forças de agirem de maneira adequada”, escreveu Hermeto no relatório final da comissão.
Em seu depoimento à CPI, a coronel negou falhas no planejamento estratégico e atribuiu os problemas à execução das ações. “O Planejamento de Ações Integradas (PAI) previu todos os cenários possíveis. Foi realizado considerando o nível máximo de ameaça. Não houve falha no planejamento. Houve falha na execução”, afirmou.
A decisão de Cíntia Queiroz de solicitar sua passagem à reserva remunerada foi autorizada pelo atual comandante da Polícia Militar do DF. Embora indiciada, a coronel não enfrenta, até o momento, sanções administrativas que impeçam o recebimento de seus proventos. O relatório final da CPI já foi encaminhado ao Ministério Público e compartilhado com o Supremo Tribunal Federal (STF) para as devidas providências.
Enquanto isso, o caso segue em apuração no âmbito judicial, com foco nas responsabilidades pela segurança no dia que marcou um dos episódios mais graves contra a democracia brasileira.