A vida de um advogado brasiliense mergulhou em uma espiral de confusões por causa de um “Don Juan” que seduziu uma série de mulheres ao redor do país e aplicou o chamado “golpe do amor”, sempre embolsando grandes quantias em dinheiro das vítimas.
O picareta usava fotos e dados pessoais do defensor, que só descobriu o golpe quando as mulheres passaram a cobrá-lo pelo dinheiro emprestado. Apenas uma das “namoradas” amargou o prejuízo de R$ 410 mil.
O advogado Renad Langamer Cardozo de Oliveira luta há longos quatro anos para se desvencilhar das acusações, cobranças e até ameaças provocadas pelos estelionatos.
Pelo menos seis mulheres em diferentes estados do país se envolveram amorosamente — de forma virtual — com o picareta que se passava por Renad.
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A coluna apurou que o estelionatário conseguiu reunir informações pessoais sobre a vida e o círculo familiar de Renad. A suspeita é que o golpista captava as vítimas por meio de redes sociais ou aplicativos de relacionamento, sempre se apresentando como advogado e usando o nome “Renato”.
No entanto, as fotos publicadas eram de Renad, que se viu obrigado a suspender suas redes sociais verdadeiras.
Os golpes
Uma das mulheres, que mora no Maranhão, chegou a processar civilmente o advogado brasiliense para reaver uma quantia que, atualmente, está em R$ 410 mil, após a aplicação de juros e correção monetária.
A mulher namorou virtualmente com o advogado fake por cerca de 18 meses. Durante o relacionamento, a vítima fez mais de 50 transferências bancárias para o criminoso.
Quando ela percebeu que foi vítima de golpe e que jamais reaveria o dinheiro, já era tarde. O “Don Juan” desapareceu e deixou a bomba no colo do advogado do DF.
Renad explicou que, no curso do processo, mesmo após apresentar a contestação no qual foi explícito que ele não era o “Don Juan, a vítima apresentou um suposto acordo assinado pelo “advogado” em que ele se comprometeria a pagar um valor.
“No final de tudo, ela pediu a homologação do acordo e a suspensão do processo. O acordo não foi feito por mim e o e-mail utilizado para fazer a assinatura digital não era minha, o documento era fraudado”, afirmou.
De acordo com Renad, todo o imbróglio teve início em junho de 2021, após receber o primeiro contato de uma mulher afirmando que ele estaria devendo valores em razão de um suposto relacionamento.
“De pronto, neguei qualquer vínculo, deixando claro que não a conhecia, que jamais tive qualquer relacionamento com ela e que não devia valor algum. Com o passar do tempo, outras mulheres passaram a me procurar, o que me levou a perceber que alguém usou minha imagem e dados pessoais para se passar por mim e aplicar golpes”, relatou.
Investigação
Outras mulheres de estados, como Maranhão e Mato Grosso, receberam mensagens do “Don Juan”. Sempre carinhoso e fazendo juras de amor, o golpista enredava as vítimas para criar vínculos afetivos, mas o objetivo era sempre o mesmo: arrancar dinheiro das vítimas por meio de pagamentos via pix.
“O estelionatário se vale de informações verídicas da minha vida — como profissão, amigos e familiares — para induzir mulheres ao erro e obter vantagens econômicas indevidas”, afirmou Renad.
“Todas as vezes em que recebi contatos oriundos de pessoas que alegavam cobrança de dívidas decorrentes de envolvimento com esse ‘Renato’ — por relacionamentos afetivos virtuais —, orientei prontamente que fosse registrado boletim de ocorrência policial”, explicou.
Renad registrou ocorrências policiais sobre os golpes na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) e na 18ª DP (Brazlândia).
“Precisei tomar providências, principalmente em âmbito policial, após receber uma série de áudios com tom agressivo e ameaçador de uma das vítimas do golpista. Nas mensagens, ela afirmava que viria ao meu escritório, em Brasília, e que procuraria meus pais dizendo categoricamente que eu apliquei um golpe nela”, contou.