A manipulação emocional, a sedução e uma falsa sensação de segurança foram algumas das principais armas usadas por um homem para enredar, iludir e esvaziar a conta bancária de uma viúva, de 45 anos. A vítima fez uma série de transferências bancárias para o golpista, que simulava ser policial em Goiás. O ápice do estelionato amoroso veio quando a mulher foi convencida a vender uma casa avaliada em R$ 1,5 milhão. O picareta abocanhou boa parte do dinheiro e saiu da relação a bordo de um carrão avaliado em R$ 200 mil.
A coluna teve acesso a detalhes do caso apurado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Tudo começou em março deste ano, quando a viúva conheceu o homem em Ceilândia. Ambos tinham amigos em comum e trocaram telefones. Poucos dias depois, o falso policial pediu a vítima em namoro. Com 15 dias de relacionamento, o casal já havia conhecido todos os familiares.
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Após um mês, o plano do Don Juan começou a ser posto em prática. Ele contou que havia feito uma dívida de R$ 130 mil com um agiota e corria risco de morte. As chances de “nunca mais voltar” eram grandes. A mentira fez com que a vítima acreditasse que a vida do namorado estava em jogo. Com 45 dias de união, o policial fake começou a “sumir” com frequência, ficando até três ou quatro dias sem fazer contato.
Golpe final
Quando o estelionatário do amor retornava, costumava estar com as roupas sujas e justificava que estava na companhia do grupo armado do suposto agiota a quem devia. Dizia que precisava “acalmar” o credor que o pressionava diariamente com cobranças e ameaças.
Quando percebia que a mulher ficava assustada, o golpista aproveitou para lançar mais uma mentira: alegou estar envolvido em uma negociação para regularização de terras com pessoas ligadas ao Governo do Distrito Federal, e que, ao concluir tal negócio, poderia quitar a dívida. Enquanto isso, solicitava ajuda financeira, e, acreditando nas narrativas, a viúva realizou diversas transferências via Pix, totalizando R$ 26,3 mil.
Após receber os valores, o Don Juan intensificou os relatos sobre as falsas ameaças que sofria, alegando que a dívida com o agiota já havia ultrapassado R$ 300 mil. Em desespero, a mulher foi convencida a acreditar que o namorado corria risco de morte e resolveu colocar um apartamento à venda para ajudar o estelionatário. O golpista ainda orientou a viúva que todas as negociações dos bens fossem feitas por meio dele.
Casa milionária
No entanto, diante da crescente pressão emocional, a mulher decidiu vender sua casa em Vicente Pires, avaliada em R$ 1,5 milhão. O estelionatário aceitou prontamente e afirmou que, ao concluir a negociação da regularização fundiária mencionada anteriormente, devolveria o valor integralmente. O imóvel acabou vendido após o interessado oferecer apenas R$ 10 mil em espécie, uma chácara, três apartamentos, dois automóveis e uma lancha.
Após a conclusão da venda, o policial fake passou a tratar diretamente com o comprador, informando que, de comum acordo com a então namorada, ele ficaria com um dos veículos para revenda. Contudo, segundo a vítima, sem sua autorização, o criminoso também negociou a lancha e um dos veículos recebidos na transação anterior, sem sua anuência. Em contrapartida, o golpista recebeu um veículo Volvo S60 T5 e aproximadamente R$ 50 mil em espécie.
Após tomar conhecimento da negociação realizada à sua revelia, a mulher resolveu registrar ocorrência policial e solicitou medidas protetivas de urgências.