Episódio final: Reparação

Giles Corey é um dentre dezenas de homens que foi acusado de bruxaria durante a caça às bruxas de Salém. Sua história comprova que as acusações não se limitavam às mulheres, mas que elas eram a grande maioria das vítimas. Dentre os 19 que foram enforcados em praça pública, 5 eram homens. Mas Giles Corey foi um dos poucos que deixou uma marca para a posteridade – o seu desconcertante silêncio.

Neste episódio, Natalia Viana relata quem foi Giles e descreve como a histeria de Salém chegou ao seu fim.

O final da caça às bruxas não significou o final dessa história, contudo. Descendentes daqueles que foram acusados de bruxarias, em especial a família de Rebecca Nurse, passaram décadas e até séculos buscando restabelecer a inocência das suas antepassadas. Trezentos anos depois, a cidade de Salém erigiu um memorial para honrar o nome das vítimas – e é neste memorial que o guia Sean O’Brien termina o seu tour, que acompanhamos desde o primeiro episódio.

Consulte aqui:

Ouça agora o episódio final de “Caça às Bruxas – uma história de terror real”.

Leia abaixo o roteiro do episódio na íntegra:

[Sean O’Brien]

Então, pessoal, estamos quase na última parada. Esta não é realmente a última parada do passeio. Eu sou simplesmente incapaz de ir direto ao ponto, certo? Vejam, no sécculos seguintes, aqui em Salém, temos outras coisas com que nos preocupar do que os erros cometidos pelos nossos avós.

[Sean O’Brien]
No século XIX, temos a Revolução Industrial e, com ela, chega a imigração em massa. E, à medida que as pessoas se mudam para Salém de lugares como Itália, Polônia, Canadá francês, elas começam a escrever novos capítulos na história de Salém, que não tem absolutamente nada a ver com bruxas ou bruxaria.

[Sean O’Brien]
No século XX, todo mundo sabe vagamente que algo chamado “Julgamentos das Bruxas de Salem” aconteceu aqui. Mas ninguém aqui em Salém realmente pensa nos Julgamentos das Bruxas como parte da identidade da nossa cidade. Isso só vai mudar nos anos de 1960 e 1970, quando, graças à série Samanta, a Feiticeira, graças ao espiritualismo e à onda New Wave, vemos um aumento do turismo, e Salém decide abraçar sua reputação como a “Cidade das Bruxas”. E é assim que somos conhecidos hoje. Mas sempre houve uma questão sobre como devemos conciliar nossa reputação moderna, divertida e boêmia com o fato de que essa reputação é fundada sobre a morte de mais de 20 pessoas inocentes.

[Natalia Viana]
Estamos chegando ao final do tour do Sean O ‘Brien no Dia das Bruxas, 31 de outubro de 2023 e também da nossa série Caça às Bruxas. Eu sou Natalia Viana. Episódio 5: Reparação.

[Natalia Viana]
A cidade de Salém, onde acontece o maior Halloween dos Estados Unidos, é uma cidade fabricada sobre um período de horror que foi a Caça às Bruxas de 1692. As casas foram reformadas, transformadas para parecerem aquelas do século XVII. As pessoas se vestem com roupas da época. Tudo aqui é falsificado. Na nossa entrevista, eu perguntei ao Sean se ele reflete sobre esse contraste e sobre o fato de que Salém lucra muito com o Halloween, que é basicamente um festival celebrando o feminicídio por enforcamento de mulheres que eram vistas pela sociedade como problemáticas.

[Sean O’Brien]
Com certeza. É um dos elementos mais sérios da história e um que eu, pessoalmente, e muitos dos nossos colegas guias aqui na nossa empresa tentamos tratar com dignidade e respeito. É uma tragédia. Sabe, a reputação de Salém hoje é construída sobre uma tragédia e eu às vezes me pego pensando no que os espíritos daqueles que foram mortos aqui pensariam se pudessem ver no que esta cidade se transformou. Eu não sei se eles aprovariam. Mas, de certa forma, essa é uma das razões pelas quais eu acho que é tão importante contar a história da maneira mais precisa e também o mais respeitosa possível. Foi um tempo terrível e trágico e a misoginia da época é algo que absolutamente merece ser reconhecido.

[Natalia Viana]
Assim como o Sean, nesse episódio nós também vamos atravessar alguns séculos para entender como uma cidade com a história de Salém reflete e tenta se conciliar com seu passado.

[Natalia Viana]
Mas antes, ainda temos alguns eventos para navegar naquele fatídico ano de 1692. Isso porque, eu não sei se você percebeu ao longo do último episódio, em especial, o que aconteceu em Salém é um dos mais claros exemplos do que alguém quer dizer quando fala em “caça às bruxas”.

[Natalia Viana]
Segundo o dicionário Mariam Webster, uma caça às bruxas é a “busca e o assédio deliberado de pessoas, como oponentes políticos, com opiniões impopulares”. Mas não é só isso. Hoje a gente fala caça às bruxas quando há uma perseguição sem justificativa contra um grupo. Algo que beira a histeria. Foi o que aconteceu na caça às bruxas de Salém, episódio conhecido hoje como uma crise de histeria coletiva ou de doença psicogênica em massa.

[Natalia Viana]
É um fenômeno da psicologia social na qual um sintoma ou surto é replicado por outras pessoas e torna-se contagioso mesmo sem ter uma causa real. Isso pode explicar, segundo um dos pesquisadores, o que houve com as jovens meninas afligidas. Mas não explica um outro fenômeno, que é político e social: o dedo-durismo.

[Natalia Viana]
Em todo o período em que há uma perseguição opressora sem muita lógica, nem necessidade de apresentar provas por parte de um poder que não responde a ninguém, como nas ditaduras, cria-se um enorme incentivo para que as pessoas se acusem entre si. Vizinho acusa vizinho, ex-amantes acusam desafetos, muita gente aproveita para se livrar de inimigos incômodos ou acusa os outros apenas para salvar a si mesmos. Foi o que aconteceu em Salém.

[Natalia Viana]
Entre o final de agosto e começo de setembro de 1692, onze pessoas já haviam sido enforcadas, centenas estavam nas prisões e dezenas haviam confessado. Todo mundo estava apavorado. Ou tinham medo das bruxas ou de ser acusado de ser uma.

[Natalia Viana]
E aquelas acusações, de fato, não focaram apenas nas mulheres. Dentre as dezenove pessoas que foram enforcadas em praça pública, cinco eram homens.

[Natalia Viana]
Além dos executados, pelo menos mais cinco pessoas morreram na prisão. E vamos conhecer agora um desses homens que foi vítima fatal da histeria. Mas não por enforcamento. Embora, por mais estranho que possa parecer, ele tenha morrido no meio de um procedimento que fazia parte do processo legal da época. Ele se chamava Giles Corey.

[Natalia Viana]
Giles Corey era um homem rico que tinha uma grande propriedade de mais de 60 hectares na beira de Salém, serventes e empregados. Era membro da igreja de Salém e casado já com sua segunda esposa. Mas Corey era um vizinho problemático. Ele era frequentemente acusado de brigar com os outros moradores, praguejar e chegou a admitir perante a justiça ter cometido pequenos delitos, como roubo de lenha para o fogo ou de algumas ferramentas de trabalho.

[Natalia Viana]
Ele era um homem, em resumo, detestável. E era também um homem violento. Em 1675, ele chegou a ser julgado criminalmente pelo assassinato de um servo na sua fazenda. Pois é, a história é ainda mais escabrosa do que parece.

[Natalia Viana]
O rapaz se chamava Jacob Gooddale. Acho importante lembrarmos o seu nome. Ele tinha uma deficiência intelectual. E embora fosse a mão direita de Giles Corey em todo o trabalho da fazenda, era tratado com violência. E foi assim que esse jovem morreu: uma tarde, Giles Corey o surrou tanto, mas tanto, que ele não aguentou. O motivo? Ele teria roubado algumas maçãs da macieira. Mas o pior não foi isso. Durante a investigação e julgamento, a justiça da colônia britânica reconheceu que o seu senhor o tinha matado. Mas, segundo a lei britânica, castigos corporais em um servo não eram proibidos. Assim, Corey foi condenado por ter dado um castigo exagerado e teve que pagar apenas uma multa.

[Natalia Viana]
Então, talvez o maior crime de Giles Corey, aos olhos da Vila de Salém, não tenha sido esse assassinato. Seu pecado foi ter se casado com uma mulher que tinha tido um filho com um escravizado, Martha Corey. Martha, quando era jovem, antes de se casar com o primeiro marido, teve esse filho não branco, de nome Benoni, filho de um escravizado indígena ou africano.

[Natalia Viana]
Isso era um escândalo na comunidade, então Benoni foi criado em um internato. Giles não ligava para isso. Na verdade, existem historiadores que dizem que Benoni morava com Martha e com Giles. E quando as mesmas meninas, a Annie Putnam Jr. e Mercy Lewis, começaram a acusá-la de ser bruxa, o Giles chegou até a selar o seu cavalo para ir para o centro da cidade confrontar as acusadoras. Mas Martha o dissuadiu.

[Natalia Viana]
Giles Corey foi preso em 18 de abril de 1692, aos 81 anos, quando sua esposa já estava encarcerada na prisão de Boston. Mas quando finalmente chegou o dia do seu julgamento pela Corte de Ouvir e Determinar, ele resolveu fazer um gesto de rebeldia que ficaria marcado na história.

[Natalia Viana]
Assim como todos os acusados, o julgamento era aberto pelo oficial de justiça, Stephen Sewall, que perguntava: “como você será julgado?” A resposta a seguir deveria ser igual à de Rebecca Nurse:

[Rebecca Nurse]
Por Deus e pelo país.

[Natalia Viana]
Mas Giles Corey permaneceu em silêncio. Simplesmente não disse uma palavra. Isso trazia um desafio extra aos juízes. Significava que o réu não reconhecia o poder da corte sobre o seu destino. Então era preciso buscar uma solução dentro da jurisprudência da época. O velho rebelde foi enviado grandde volta para a cela da prisão de Salém enquanto outros julgamentos prosseguiam.

[Natalia Viana]
Havia um caso anterior na corte de Nova York, onde o réu simplesmente foi julgado à revelia. Mas os juízes da Corte de Ouvir e Determinar decidiram ir por outro caminho. Um procedimento que era conhecido como “peine forte et dure”, ou pena forte e dura. Era uma maneira de forçar um réu a confessar.

[Natalia Viana]
Então, no dia 17 de setembro, Corey foi arrastado para fora da sua cela e levado até um descampado, onde foi amarrado ao chão de terra. Sobre seu corpo foi colocada uma tábua pesada de madeira. E sobre essa tábua, o xerife George Corwin foi empilhando grandes pedras maciças uma sobre a outra, até o peso se tornar opressivo, impossível de aguentar. Nas horas que se seguiram, tanto o xerife quanto conhecidos de Giles pediram ao velho que ele aceitasse ser julgado ou confessasse seus crimes. Mas ele permaneceu em silêncio durante toda a tortura.

[Natalia Viana]
Diversos relatos sobrevivem até hoje e contam que o esmagamento se seguiu por dois dias. O mercador e escritor Robert Calef escreveu um livro detalhado e interessantíssimo sobre os julgamentos com um nome bem cumprido,  “Mais Maravilhas do Mundo Invisível: Um Relato dos Julgamentos de Várias Bruxas, Recentemente Executadas na Nova Inglaterra”. Ele apurava as informações, era quase um jornalista mesmo, e relatou assim aquela cena de tortura a céu aberto:

[Natalia Viana]
“Durante o esmagamento, a língua de Giles Corey foi empurrada para fora da sua boca; o xerife, com sua bengala, empurrou-a de volta.”

[Natalia Viana]
Durante todas as horas de esmagamento, as únicas palavras que se ouviram da boca do velho Corey, segundo diversos relatos, foram: “mais peso”. Ele desafiava, assim, os homens de bem que queriam acusá-lo e acusar a sua esposa de serem servos do diabo.

[Natalia Viana]
Giles morreu esmagado sob o peso de mil pedras inclementes em 19 de setembro de 1692. Martha Corey, sua esposa, foi enforcada três dias depois, junto com outros sete acusados. Os Corey são o único casal que foi morto na caça às bruxas de Salém.

[Natalia Viana]
No meio de cenas de terror como essa, houve quem se levantasse contra os procedimentos cada vez mais absurdos da Corte de Ouvir e Determinar. A essa altura, já havia diversos ministros puritanos que questionavam o uso de provas espectrais em reuniões e discursos públicos. E também surgiam cartas que circulavam atacando as condenações do tribunal. Algumas vezes, as críticas vinham dos lugares mais insuspeitos.

[Natalia Viana]
Depois da primeira sessão da Corte, em junho, um dos juízes responsáveis, o Nathaniel Saltonstall, renunciou desgostoso com o uso de provas espectrais. Ele depois se recusou a questionar quaisquer outros casos de pessoas acusadas e criticou tanto seus ex-colegas da corte que, adivinhe, chegou a ser chamado de bruxo por uma das meninas. Mas saiu ileso.

[Natalia Viana]
Eu quis falar do juiz Nathaniel Saltonstall porque nunca podemos esquecer que mesmo nos momentos mais tenebrosos em que as forças parecem todas se unir para levar a sociedade a uma crueldade coletiva, sempre há pessoas que agem com consciência, retidão e coragem. Lembre-se disso.

[Natalia Viana]
Ali, pelo final de setembro, já tinha ficado claro para o governador William Phipps que a continuação da Corte de Ouvir e Determinar era insustentável. De um lado, as críticas cresciam a cada dia e as imagens de horror assistidas por toda a comunidade em três levas de execução aumentaram em vez de reduzir o clima de terror. Por outro, o governador havia sido encarregado de implantar um novo regime legal na colônia, com uma nova carta régia do rei William III. E, com isso, teria que estabelecer um novo sistema de justiça, com cortes oficiais e procedimentos mais organizados.

[Natalia Viana]
No final das contas, a Corte de Ouvir e Determinar, criada por ele mesmo em maio, era uma gambiarra jurídica. Segundo o novo estatuto legal, crimes como aqueles de bruxaria deveriam ser julgados por uma Corte-Suprema.

[Natalia Viana]
Agora, havia outra razão para que o governador sentisse que era hora de dar um basta. Durante os meses anteriores, quando ele estava em viagem, nas ruas de Boston, rumores começaram a se espalhar sobre uma mulher da alta sociedade que havia forjado assinatura para livrar uma amiga da acusação de bruxaria. E essa mulher só podia ser, ela mesma, uma serva do diabo. O nome dela era Lady Mary Phipps, esposa do governador. Era hora de dar um basta nisso.

[Natalia Viana]
Agora, dependia da decisão de William Phipps o que ia acontecer em um processo, que tava, literalmente, pela metade. Dezenove pessoas tinham sido enforcadas em praça pública e havia mais dezenas esperando o julgamento. Sentindo que precisava atuar em defesa dos procedimentos legais já realizados, que na sua visão eram estritamente legais, o juiz William Stoughton, aquele mais severo e mais determinado, resolveu viajar de Salém até Boston para ter com o governador.

[Natalia Viana]
Segundo os registros do encontro, o juiz foi direto: “temos permissão para seguir com os julgamentos?” Se a resposta fosse positiva, as novas sessões já tinham até data marcada. Seriam em novembro. Mas, numa cena que repetia, talvez de maneira inconsciente, a tenacidade do velho Giles Corey, diante da pergunta do juiz, o governador permaneceu no mais abismante silêncio. Surpreendido, William repetiu a pergunta e, mais uma vez, o que ouviu foi silêncio.

[Natalia Viana]
O conselho de governo reuniu-se no dia seguinte, já sem a presença e as perguntas impertinentes do juiz William Stoughton. Um dos conselheiros, então, perguntou: “e a Corte de Ouvir e Determinar, governador, ela deve permanecer ou deve cair?” “Ela deve cair”, respondeu Phipps. Era o começo do fim. Ou, talvez, apenas o fim do começo. Porque se hoje as pessoas dançam vestidas de bruxas e diabos nas ruas de Salém…

[Giulia Afiune]
Mais algumas bruxas…

[Natalia Viana]
Para isso que a cidade vive, né?

[Natalia Viana]
É porque o que ficou daqueles dias tenebrosos foi, talvez, um júbilo coletivo em conseguir colocar as mulheres incômodas nos seus devidos lugares. No final, eles venceram.

[Natalia Viana]
A Corte de Ouvir e Determinar foi extinta. Mas em 3 de janeiro de 1693, ainda havia mais de 50 pessoas na cadeia e elas foram julgadas pela corte suprema. De mais de 50 casos, apenas 3 mulheres foram condenadas. E mesmo nesses 3 casos, o governador William Phipps proibiu a execução e as libertou.

[Natalia Viana]
Foi então que começou uma movimentação a princípio silenciosa, mas que com os anos foi ganhando corpo. Os filhos e esposos daquelas que haviam sido martirizadas na caça às bruxas começaram a exigir Justiça. Essa sim, com J maiúsculo.

[Natalia Viana]
E uma das famílias que mais lutou para limpar o nome da sua matriarca foi a de Rebecca Nurse, aquela senhora pia e um pouco surda que tentou se defender usando todos os recursos da justiça da colônia. E a sua briga começou logo depois, encabeçada pelo viúvo Francis Nurse, junto com o genro John Tarbell e o marido da irmã de Nurse, Peter Cloyce. Lembremos que a irmã de Nurse, Sarah Cloyce, também morreu na forca.

[Natalia Viana]
Eles começaram uma verdadeira guerra contra o pastor Samuel Parris. Se negaram a seguir participando da igreja e começaram a fazer petições pela expulsão do religioso. .As reuniões se seguiram ao longo dos anos seguintes sem nenhuma trégua. Em algumas ocasiões, confrontaram o próprio Parris.

[Natalia Viana]
Assim foi em novembro de 1694.

[Natalia Viana]
A família de Nurse conclamou uma reunião com todos os membros da igreja e acusaram o ministro de: acreditar na validade de provas espectrais, embora outros ministros superiores da própria igreja questionassem isso; dar testemunho na corte sob juramento contra dez acusadas, incluindo Rebecca Nurse; fazer anotações parciais e errôneas quando agiu como escriba da corte em pelo menos quinze casos; e, finalmente, a sua obstinação em não admitir os erros e seguir propagando que a bruxaria era real.

[Natalia Viana]
Em resposta, ele disse, abre aspas: “eu fiz o que percebi ser o meu dever, entretanto por fraqueza e ignorância, eu possa ter estado enganado”. “É possível”, ele disse, “que o diabo possa aparecer na forma de pessoas inocentes. Peço todo o seu perdão a todas as ofensas neste caso ou em outros, nos quais os senhores possam conceber que eu tenha errado ou que eu os tenha ofendido”.

[Natalia Viana]
Foi um pedido de desculpas meia boca e não satisfez a família de Nurse. A briga seguiu nos anos seguintes com diversas petições ao governador para se livrarem do pastor Parris. Finalmente, em 1697, um comitê de moradores de Salém processou o pastor e pediu que ele devolvesse a casa onde morava. Nesse comitê tavam o filho de Nurse, Samuel Nurse, o genro John Tarbell e outros amigos da família. O comitê fez uma última petição, dessa vez à justiça.

[Natalia Viana]
Eles criticavam Parris por causa da sua, abre aspas, “sua crença nas acusações do diabo, seu abandono rápido de toda caridade às pessoas, mesmo aquelas sem mácula e de vida santa, diante dessas sugestões do diabo”,  fecha aspas.

[Natalia Viana]
O comitê pedia, entre aspas, “que o nosso nome e o dos muitos outros que pensam como nós, alguns de nós tendo nossos parentes roubados por essas práticas, por uma morte repentina, outros tendo sido aprisionados e sofrendo as nossas pessoas, reputações e bens, clamamos ao senhor juiz que determine se ainda devemos algo a honrar e a pagar para esse ser que é o instrumento da nossa miséria”‘.

[Natalia Viana]
A justiça determinou um pagamento devido ao pastor e mandou-o devolver a propriedade ao vilarejo. Finalmente, em 24 de setembro de 1697, Samuel Parris foi embora para nunca mais voltar.

[Natalia Viana]
Bom, o pleito dos Nurse não terminou por aí. Depois de uma petição junto a outras famílias de vítimas, os nomes dos condenados finalmente foram limpos perante o Estado. Treze deles foram inocentados pelo governo de Massachusetts em uma lei de 1711. Suas famílias ainda receberam indenizações pela injustiça.

[Natalia Viana]
Mas em pelo menos um caso, o remédio só agravou a injúria. O marido de Sarah Good, aquele que acusou de ser amiga de todo o mal, ele também recebeu uma bonificação financeira pela morte da esposa.

[Natalia Viana]
Com o passar dos anos e dos séculos, os Nurse foram se espalhando pelos Estados Unidos e se multiplicando. Mas jamais deixaram de honrar o nome da ancestral assassinada por um feminicídio patrocinado pelo Estado.

[Natalia Viana]
Em 1875, um grupo dos seus descendentes criou uma associação para lembrar sua memória. Em 1883, mais de 200 pessoas se reuniram na propriedade da família para um piquenique, cujo objetivo era reunir fundos para erguer um memorial, lembrando sua vida e seu triste destino.

[Natalia Viana]
Hoje, a propriedade se tornou um museu de memória a ela, a Rebecca Nurse Homestead, com a construção inicial de 1678, ainda de pé e aberta aos visitantes. Ela pode ser visitada na cidade de Danvers, Massachusetts, que é como a antiga Vila de Salém é hoje conhecida. Aquele vilarejo cresceu, decidiu mudar de nome e romper com o seu passado.

[Natalia Viana]
No museu Rebecca Nurse Homestead, ninguém se veste de bruxa para brincar com o feminicídio dos séculos XVI e XVII.

[Natalia Viana]
Outras vítimas não tiveram quem lutasse por elas e seguiram sendo condenadas perante Deus e o país. Os descendentes de uma mulher chamada Ann Pudeaton só conseguiram sua absolvição em 1957. E os últimos oito condenados nos julgamentos de Salém foram oficialmente inocentados pela Justiça do Estado de Massachusetts em 2001.

[Natalia Viana]
E as acusadoras? Também sabe-se pouco sobre o seu destino. Mas uma em especial, a menina Annie Putnam Jr., responsável pela acusação de nada menos que 62 pessoas, se tornaria a única a publicamente professar seu arrependimento. Isso aconteceu em 25 de agosto de 1706, quando Annie, já com 27 anos, pediu para se tornar membro pleno da Igreja de Salém. Como mandava a Igreja puritana, ela teria que confessar todos os seus pecados diante de todos os membros. Então, ela ofereceu o único arrependimento real que chegaria aos ouvidos dos moradores de Salém:

[Annie Putnam Jr.]
Eu desejo humilhar-me perante Deus por aquela triste e humilhante providência que atingiu a família do meu pai, por volta do ano de 1692. Que eu, ainda na minha infância, tenha sido, por desígnio de Deus, um instrumento para acusar várias pessoas de crimes graves, resultando em que suas vidas fossem ceifadas. Pessoas que agora têm motivos justos e boas razões para acreditar que eram inocentes.

[Annie Putnam Jr.]
E creio que foi uma grande artimanha do diabo que me iludiu naqueles tempos tristes, fazendo com que eu tenha sido instrumental junto a outras, ainda que de forma ignorante e inconsciente, para trazer sobre mim e sobre esta terra a culpa do sangue inocente derramado.

[Annie Putnam Jr.]
No entanto, quanto ao que foi dito ou feito por mim contra qualquer pessoa, posso afirmar com verdade e retidão diante de Deus e dos homens, que não agi por raiva, malícia ou má vontade contra ninguém, pois não tinha tal sentimento contra nenhum deles.

[Annie Putnam Jr.]
Mas o que fiz foi por ignorância, enganada por Satanás. E, em particular, como fui um dos principais instrumentos na acusação da boa senhora Nurse e de suas duas irmãs, desejo prostrar-me no pó e humilhar-me por isso, por ter sido a causa junto a outras de tão triste calamidade que recaiu sobre elas e sobre suas famílias.

[Annie Putnam Jr.]
Por essa razão, desejo deitar-me no pó e suplicar fervorosamente o perdão de Deus, bem como daqueles a quem dei justa causa de tristeza e ofensa, cujos parentes foram mortos ou acusados.

[Annie Putnam Jr.]
Annie Putnam Junior, Vila de Salém, 25 de agosto de 1706.

[Natalia Viana]
Annie foi aceita como membro da igreja, tomando o lugar cobiçado que um dia foi de Rebecca Nurse. Mas não teve uma vida feliz. Um parente descreveu que a sua saúde foi quebrantada pelos excitamentos de 1692 e ela afundou em uma morte prematura. A Annie Putnam faleceu aos 36 anos.

[Natalia Viana]
Houve outros gestos de piedade, memória, reparação ou até retribuição. Em 1992, 300 anos depois do ocorrido, a cidade de Salém decidiu erigir um memorial às vítimas, aquelas pedras cinzentas que ficam bem no centro da cidade e que já visitamos no episódio 3.

[Natalia Viana]
Bridget Bishop, enforcada 10 de junho de 1692; Sarah Good, enforcada 19 de julho de 1692; Elizabeth Howe, enforcada 19 de julho de 1692; Susannah Martin, enforcada 19 de julho de 1692…

[Natalia Viana]
Pois é nesse local que chegamos ao fim do tour de Sean.

[Sean O’Brien]
Se você observar, notará que são literalmente apenas 20 nomes e 20 blocos de pedra, estendidos em frente ao Cemitério da Charter Street, o segundo cemitério mais antigo de Massachusetts. Mas há um detalhe neste lugar que eu considero incrivelmente poderoso. É extremamente comovente e ironicamente, se eu não contar, há uma grande chance de que você passe por aqui sem perceber.

[Sean O’Brien]
O memorial é aberto naquele lado, não tem o terceiro muro separando daquele terreno de trás. Na verdade, há apenas uma grade de ferro que nos separa aqui do cemitério da Charter Street. E acredite ou não, isso foi feito deliberadamente. Porque no cemitério da Charter Street, a poucos metros do final deste monumento, estão enterrados dois dos juízes que fizeram parte do tribunal de Ouvir e Determinar. Dois dos homens que enviaram essas pessoas à morte. E a ideia de deixá-lo aberto daquele lado é realmente muito simples. Aqueles dois juízes sempre terão de assistir todos os anos enquanto centenas de milhares de pessoas vêm a este local para prestar homenagem às vítimas e não a eles.

[Sean O’Brien]
Mas pessoal, apesar das multidões, do frio congelante que vocês enfrentaram tão bem, além das sirenes… bem, esta é a conclusão do nosso tour. Muito obrigado. Obrigado. Muito obrigado.

[Natalia Viana]
Tem uma pessoa cujo nome não está nas pedras do memorial no centro de Salém. Seu nome não constava naquela decisão de 1711, quando a colônia de Massachusetts inocentou as vítimas e ofereceu compensação financeira às famílias. E nem foi citado nos processos judiciais que se seguiram. Nem em 1957, nem em 2001. Sim, o nome é Tituba.

[Natalia Viana]
Tituba, a indígena Arawak que era escravizada do pastor Samuel Parris, seguiu na prisão de Boston sem ter sido formalmente julgada até muito depois dos demais acusados.

[Natalia Viana]
Em 9 de maio de 1693, a Corte Geral de Massachusetts determinou a respeito das acusações contra ela de ter “comungado com o diabo”, ter assinado o seu livro e “ter se tornado uma bruxa detestável contra a paz dos senhores soberanos, o rei e a rainha dessa Coroa e a dignidade e as leis”. Bom, perante o seu indiciamento, o júri proclamou: “ignoramos”. Em latim: “nós ignoramos”. O júri não sabe. A acusação foi rejeitada.

[Natalia Viana]
Mas a Tituba não saiu livre depois da decisão. Você se lembra que todos os prisioneiros tinham que pagar pelos próprios gastos durante a prisão, né? A Tituba ficou mais de um ano encarcerada e o seu escravizador, o pastor Samuel Parris, se negou a pagar a multa por ela. Ele não queria tê-la de volta em casa. Então, a indígena permaneceu presa até que dela se fez um leilão. Ela foi vendida a outro mestre, um inglês que vivia em Boston, e que pagou pela sua multa. A sua pessoa, então, passou de pertencer ao Estado para pertencer a um novo senhor.

[Natalia Viana]
Tituba jamais recebeu a liberdade. Mas foi a única mulher que conseguiu dizer a verdade sobre aqueles dias.

[Natalia Viana]
Ainda no ano de 1693, quando ela já estava trabalhando para um novo senhor, um dia o mercador e, por que não, jornalista Robert Calef bateu a sua porta. Tituba deu a ele uma contundente entrevista, embora registrada de forma breve no livro de nome interminável, “Mais Maravilhas do Mundo Invisível: Um Relato dos Julgamentos de Várias Bruxas, Recentemente Executadas na Nova Inglaterra”.

[Natalia Viana]
Os historiadores não têm nenhum registro de que aconteceu com ela depois de 1693. A única coisa que restou foi o que ela disse. No tribunal, nas audiências, no livro de Calef. Assim, para Tituba, o que resta, o que fica dela até hoje, é apenas a sua voz. E escutá-la, como vocês sabem, é o trabalho de uma jornalista.

[Natalia Viana]
Posso sentar?

[Natalia Viana]
Tituba, é um grande prazer te conhecer.

[Tituba]
É? Por quê?

[Natalia Viana]
É por causa da sua parte na Caça às Bruxas, né? Hoje as pessoas falam de “histeria de Salém”.

[Tituba]
Não fiz nada.

[Natalia Viana]
Eu queria te fazer umas perguntas, tudo bem? Eu queria saber, pra começar, como é que foi a sua chegada aqui na Nova Inglaterra?

[Tituba]
Normal.

[Natalia Viana]
Na casa do Samuel Parris, o pastor.

[Tituba]
Hum… ah.

[Natalia Viana]
Você morou muito tempo, né, com ele, com a família?

[Tituba]
Ele era um homem bruto.

[Natalia Viana]
Ele te batia?

[Tituba]
Batia. Muitas vezes.

[Natalia Viana]
É assim… assim, desculpa perguntar, ele te batia com frequência?

[Tituba]
Me batia quando eu fazia alguma coisa errada.

[Natalia Viana]
Por exemplo, o que era uma coisa errada?

[Tituba]
Quando o leite talhava, quando a farinha mofava, quando um animal fugia, quando ele queria que eu pegasse lenha, mas não tinha lenha.

[Natalia Viana]
Você trabalhava muito?

[Tituba]
Normal. Fazia o da casa.

[Natalia Viana]
Tituba, por que você confessou que tinha visto o diabo, um homem vestido de preto, que vinha de Boston?

[Tituba]
Você é igualzinha a eles.

[Natalia Viana]
Não. Olha, eu li isso nos documentos, então…

Tituba]
Eu não sei ler.

[Natalia Viana]
Tituba, por que você falou isso? Por que você falou que tinha conhecido o diabo?

[Tituba]
Eu falei o que eles queriam ouvir.

[Natalia Viana]
Eles quem?

[Tituba]
Meu amo, o senhor Parris.

[Natalia Viana]
Como assim? Como assim?

[Tituba]
O bolo de bruxa, você sabe, não sabe?

[Natalia Viana]
Sei, só um segundo. É, você e o John Indian foram instruídos por uma vizinha, a Mary Sibley, a cozinhar um bolo de bruxa pra dar pro cachorro.

[Tituba]
Isso mesmo. E o Sr. Parris ficou muito bravo. Muito bravo. Parecia quando… quando eles negaram a lenha.

[Natalia Viana]
Ah, desculpa. Você tá falando que ele ficou bravo que nem quando os chefes da vila deixaram de dar lenha, né? Era um inverno muito forte.

[Tituba]
Bravo. Ele tava muito bravo. Daí foi aí que ele me arrastou pelos cabelos.

[Natalia Viana]
E o que aconteceu? Como assim?

[Tituba]
Ele me arrastou pro estábulo. Falou pra a mulheres e as meninas ficarem atrás. Elas até choravam. Foi só eu e ele. Aí ele me jogou no chão, pegou uma tábua de madeira e me disse que eu tava com o diabo e que ia tirar de mim. Eu disse que não, que não tinha diabo. Eu pedi pra ele parar. Daí ele me bateu, todinha. Ele batia nas pernas, batia nas costas e dizia pra eu contar. Eu disse que não tinha, não diabo, mas ele batia. Então ele me bateu na barriga, me bateu na cabeça e eu comecei a sangrar. Aí eu falei que eu vi. Que eu vi sim. Aí ele me disse. Era homem? Era alto? Era vestido de negro? Era de Boston?

[Natalia Viana]
E você descreveu também uns animais. Um pássaro vermelho, um outro verde…

[Tituba]
Ele perguntava. Ele pedia pássaros coloridos. Ele pedia. Ele foi pedindo um monte de coisa. E teve também um animal. Um animal também que ele pediu.

[Natalia Viana]
Teve.

[Tituba]
Teve sim.

[Natalia Viana]
Uma criatura… “uma outra criatura, peluda. O rosto peludo e o nariz longo. Você disse, eu não sei descrever como é a cara dele, mas tinha duas pernas. Ficava de pé como homem. E você disse que ontem à noite ele tava de pé ao lado da lareira na casa do senhor Parris”.

[Tituba]
Mestre Parris queria saber do livro. O tal do livro.

[Natalia Viana]
Mas você não sabe ler nem escrever.

[Tituba]
Não sei.

[Natalia Viana]
E você falou que pôs uma marca.

[Tituba]
Uhum.

[Natalia Viana]
E que viu outras nove marcas.

[Tituba]
Nove.

[Natalia Viana]
E por que nove?

[Tituba]
Porque ele pediu nove e eu falei o que ele tinha me pedido.

[Natalia Viana]
Ele pediu?

[Tituba]
Meu mestre falou que não ia pagar minha multa e pra ele pagar eu tinha que falar o que ele quisesse, o que ele mandasse.

[Natalia Viana]
Tituba, você já pensou que depois da sua confissão as pessoas ficaram assustadas?

[Tituba]
Assustadas… Elas são assustadas. Posso falar uma coisa? Mas você não escreve?

[Natalia Viana]
Não escrevo.

[Tituba]
Eu tenho pena dessas pessoas. São umas infelizes.

[Natalia Viana]
Somos infelizes.

[Tituba]
Vão ser infelizes pra sempre. Aqui nessa terra.

[Natalia Viana]
Seremos. Tituba, você ficou presa numa cadeia em condições horríveis durante um ano.

[Tituba]
Foi o pior ano da minha vida.

[Natalia Viana]
E como foi esse período?

[Tituba]
Lá tinha muita gente que precisava de mim. Aí eu cuidava. A menina, a Sarah, a Sarah ganhou neném lá.

[Natalia Viana]
Você ajudou?

[Tituba]
Ajudei, mas o neném morreu.

[Natalia Viana]
Você ficou doente?

[Tituba]
Não, eu só emagreci. Segurei, cantava. Tinha muita gente. Tinha homem também.

[Natalia Viana]
Você pensou que você podia morrer ou que você podia ser enforcada?

[Tituba]
Nunca.

[Natalia Viana]
Por quê?

[Tituba]
Porque não era pra ser.

[Natalia Viana]
Tituba, você agora tá como serva aqui, né? Do senhor  Longfellow?

[Tituba]
Estou.

[Natalia Viana]
E como está sua vida agora?

[Tituba]
É vida. Ele é bom. Eu folgo todo domingo. Já tô velha. Ele disse que vai me dar meu quarto pra eu morrer em paz.

[Natalia Viana]
É, mas você segue escravizada, né?

[Tituba]
Ele não reza todo dia, então ele me deixa em paz. Estão me chamando, eu tenho que ir.

[Natalia Viana]
Tituba.

[Tituba]
Oi.

[Natalia Viana]
Foi um prazer te conhecer.

[Tituba]
Tchau.

[Natalia Viana]
Tchau, obrigada.

[Natalia Viana]
Essa foi a série Caça às Bruxas. Antes de terminar, eu vou ler aqui um trecho do livro “Mais Maravilhas” que conta o que a Tituba falou pro Robert Calef.

[Natalia Viana]
“O relato que ela dá desde então é que o seu mestre bateu nela e de outras maneiras abusou dela pra fazê-la confessar e acusar, como ele dizia, suas irmãs bruxas. E que qualquer coisa que ela tenha dito na sua confissão ou acusação a outras foi efeito desses abusos. Seu mestre se recusou a pagar as suas multas a menos que ela dissesse o que ela disse.”

[Natalia Viana]
Este e outros documentos você encontra no site da Agência Pública. Vai lá: apublica.org.

[Natalia Viana]
E se você gostou desse podcast e quer que a gente produza outros, apoie. Vire aliado da Agência Pública em apoie.apublica.org

[Natalia Viana]
E até a próxima.

[Natalia Viana]
Caça às Bruxas é uma produção original da Agência Pública de Jornalismo Investigativo.

[Natalia Viana]
Esse podcast foi dirigido por mim, Natalia Viana. Eu fiz a pesquisa histórica e a reportagem em colaboração com a Giulia Afiune, que também captou os áudios em Salém. Eu também escrevi os roteiros dos episódios com a colaboração da Sofia Amaral. A Sofia Amaral também coordenou a produção da série, com apoio da Stela Diogo e da Rafaela de Oliveira.

[Natalia Viana]
Tanto a narração quanto as cenas de dramaturgia foram gravadas no estúdio da Agência Pública, com trabalhos técnicos de Stela Diogo e Ricardo Terto. A Mika Lins fez a direção de narração e de dramaturgia. O desenho de som foi feito por Ricardo Terto, que também fez a edição e finalização dos episódios. A trilha sonora original é de Paulo Sartori, com trilhas adicionais de Epidemic Sound. A identidade visual é do Matheus Pigozzi.

[Natalia Viana]
Nesse episódio, tivemos em ordem de aparição: Gabriela Westphal, como Annie Putnam Jr. e Mica Lins como Tituba.

[Natalia Viana]
Registro aqui os nossos agradecimentos à Lucretia Slaughter, à Witch City Walking Tours, que liberou o tour com o Sean em Salém para a gente usar nesse podcast, ao Peabody Essex Museum e à Phillips Library, além do Noah Friedman-rudovsky, meu grande amigo que sempre me acolhe quando eu vou para os Estados Unidos, e aos aliados. Graças a vocês, esse podcast e outros podem acontecer.

[Natalia Viana]
Homenageamos também todas as mulheres que morreram como bruxas e as suas filhas, netas e descendentes. A sua memória não será esquecida.

Sair da versão mobile