Uma combinação simples de hábitos pode reduzir o risco de diabetes tipo 2, doença que já afeta mais de 530 milhões de pessoas no mundo. Segundo um estudo realizado na Espanha, seguir a dieta mediterrânea com menos calorias, associada a exercícios moderados e acompanhamento profissional, reduz em 31% o risco de desenvolver a condição.
A pesquisa foi conduzida em mais de 100 centros de saúde do país e acompanhou 4.746 pessoas entre 55 e 75 anos, todas com sobrepeso ou obesidade e síndrome metabólica, mas sem histórico de diabetes ou doenças cardiovasculares. Os resultados foram publicados nessa terça-feira (26/8) no periódico Annals of Internal Medicine.
Diabetes tipo 2
- A diabetes tipo 2 é uma doença crônica marcada pela resistência à insulina e pelo aumento dos níveis de glicose no sangue.
- Mais comum em adultos, a condição está frequentemente relacionada à obesidade e ao envelhecimento.
- Entre os principais sintomas estão sede excessiva, urina frequente, fadiga, visão embaçada, feridas de cicatrização lenta, fome constante e perda de peso sem causa aparente.
- O tratamento envolve medicamentos para controlar a glicemia e, em alguns casos, aplicação de insulina.
- Mudanças no estilo de vida, como perda de peso, alimentação equilibrada e prática regular de exercícios, são essenciais para o controle da doença.
Como foi feito o estudo
Os voluntários foram divididos em dois grupos. O primeiro recebeu orientação para adotar uma dieta mediterrânea tradicional, baseada em frutas, verduras, legumes, azeite de oliva, peixes e nozes.
O segundo seguiu uma versão adaptada, com redução de cerca de 600 calorias por dia, prática regular de atividade física, como caminhada rápida e treinos de força, além de consultas periódicas com profissionais de saúde.
Boa parte da composição da dieta mediterrânea é feita de vegetais, frutas, cereais e peixes
Após seis anos, os participantes do grupo de intervenção não apenas apresentaram 31% menos risco de desenvolver diabetes, como também perderam em média 3,3 quilos e reduziram 3,6 centímetros da circunferência abdominal. No grupo que manteve apenas a dieta mediterrânea tradicional, a perda foi de 0,6 quilo e 0,3 centímetro de cintura.
“Conseguimos demonstrar de forma consistente que a dieta mediterrânea, quando associada à restrição calórica, atividade física e perda de peso, é uma estratégia muito eficaz para prevenir a diabetes”, afirma Miguel Ángel Martínez-González, professor da Universidade de Navarra e pesquisador principal do projeto, em comunicado.
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Além de diminuir o risco de diabetes, os autores destacam que as mudanças observadas, embora modestas, têm grande impacto em saúde pública, já que podem ser aplicadas de forma sustentável em populações de risco.
Relevância para a prevenção
Segundo Miguel Ruiz-Canela, professor de medicina preventiva da Universidade de Navarra, a combinação de dieta e exercício potencializa os efeitos protetores contra a doença. “A dieta mediterrânea atua para melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a inflamação. Quando somamos a redução calórica e a atividade física, os benefícios são ainda maiores”, explica.
Para os autores, pequenas mudanças de estilo de vida, quando mantidas a longo prazo, podem evitar milhares de novos diagnósticos por ano.
“É uma abordagem saborosa, sustentável e culturalmente aceita que oferece uma maneira prática e eficaz de prevenir a diabetes tipo 2, uma doença global que é, em grande parte, evitável”, completa Ruiz-Canela.
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