O pastor Maurício Beserra da Silva foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nessa terça-feira (28/10), por estuprar e torturar suas filhas e enteados menores de idade. Ele pregava a fé em uma igreja em Santo Antônio do Descoberto. Os crimes ocorreram na residência da família, no Recanto das Emas, entre os anos de 2010 e 2018, quando, na época, as vítimas variavam a idade entre 6 a 7 anos.
A Operação Falso Profeta foi deflagrada por volta das 15h30, pela equipe da Seção de Atendimento à Mulher (SAM) da 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas). Ao saber que seria preso, o pastor ainda tentou se matar enquanto trabalhava, mas acabou sendo socorrido por colegas e encaminhado a uma UPA de São Sebastião, aonde foi realizada a sua prisão.
De acordo com o delegado-chefe da 27ª DP, Alexandre Godinho, a prisão quebra um ciclo de violência que durou anos. ” O autor explorava a fé e se aproveitava do laço de sangue pra cometer os estupros e tentar ficar em pune. No entanto, a investigação conseguiu provar os crimes”, disse
Os casos só foram denunciados pelas vítimas neste ano, quando uma delas foi abordada pelo Conselho Tutelar do Recanto das Emas, que auxiliou no processo da denúncia. Eles se mantiveram em silêncio por não terem nenhum tipo de conhecimento jurídico sobre os fatos, além de temer a segurança de suas respectivas mães e sofrerem pressão dos familiares paternos para não denunciar o caso. Ao todo, quatro menores de idades denunciaram os casos que, de acordo com eles, os abusos eram praticados tanto quando o investigado estava sóbrio, quanto sob efeito de drogas e álcool.
O pastor estuprou três das quatro vítimas, sendo suas duas filhas e uma enteada. Durante o ato, Maurício forçava suas filhas a assistirem uma a outra sendo estuprada pelo acusado. Ele ainda obrigava elas a ficarem de joelhos, sob caroços de milho e tampas de garrafas alumínio, e a assistirem filme pornográfico junto dele. Ainda segundo os relatos delas, o pastor, a fim de valer sua posição pastoral e como justificativa das condutas, fazia com que as vítimas, após terem sido estupradas, colocassem as mão em cima da bíblia e realizarem orações.
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Já a quarta vítima, sendo seu outro enteado, foi agredido e torturado pelo pastor, resultando em intenso sofrimento físico e mental, com emprego de violência e grave ameaça. A vítima teve lesões corporais gravíssimas ocasionada por agressões de arame farpado, gerando deformidade permanente. A aplicação dos castigos, como era caracterizado pelo pastor, era uma medida para que o enteado não revelasse os abusos sexuais praticados pelo denunciado.
Assista ao momento em que o pastor chega à delegacia:
O suspeito agora permanece na 27ª DP, onde permanecerá a disposição da Justiça. Ele será denunciado por estupro vulnerável; atentado violento ao pudor majorado; satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente; tortura; e maus-tratos.