A coluna teve acesso a mensagens que circulam em grupos formados por pessoas que perderam montantes de dinheiro. O recado direto para os gestores da plataforma, em especial ao Engomadinho, foi em tom ameaçador. O CEO da empresa, que teria fugido rumo à Ásia, embolsou pelo menos R$ 70 milhões dos investidores.
Nas mensagens, as ameaças são claras. “Mano, prazo dele foi hoje !!!! Ele ligo pra nois [sic] de vídeo. Deu o papo que vai devolver. Se passar de hoje como combinado não tem o que segurar mais. Não quero papo, não quero ligação mais. Agora é fogo na família. Na sexta já acorda todo mundo com formiga na boca. Meu o mano é louco, mexeu com resgate do Tatuapé, mano, isso btc e do Buda mano e cara tá guardado. Mas o bagulho vai ficar doido. Vai dar ruim”, diz o texto enviado pelo WhatsApp.
Veja mensagens dando conta que o dinheiro levado pelo golpista pertence a um dos generais do PCC:
Quem é Buda
Em dezembro de 2020, a Polícia do Rio Grande do Sul prendeu Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, um dos generais do PCC. Ele é acusado de participar do assalto a banco em Criciúma (SC) em 1º dezembro daquele ano. A prisão dele, em Gramado (RS), é o primeiro elo revelado entre a operação da quadrilha em Santa Catarina e a facção criminosa originada em São Paulo.
Naquela ocasião, além de Buda, também foi preso Francisco Aurílio Silva de Melo, conhecido como XT. O integrante do PCC foi acusado de tentar matar o delegado Rui Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista. Na época, Fontes era titular do 69º DP (Teotônio Vilela), jurado de morte pelo crime organizado.
Em 2014, Buda foi acusado de planejar o resgate de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC. Além do número 1 da organização criminosa, também seriam alvo da ação os presos Cláudio Barbará, Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e Luiz Eduardo de Barros, o Du Bela Vista.
Esses quatro presos estão atualmente recolhidos em presídios federais. Segundo o Ministério Público, a missão de Buda no plano era contratar piloto e conseguir um helicóptero e um avião para transportar os resgatáveis até uma cidade do Paraná.
O Caso
O principal executivo da Bybot deletou todas as redes sociais, apagou os canais de comunicação e fechou a plataforma para saques. Nenhum dos investidores consegue, desde 25 de agosto, sacar a quantia que estava depositada nas carteiras. Antes assíduo nas redes sociais e sempre fazendo lives, Gustavo, que passou a ser apelidado de o “Engomadinho do Bitcoin”, teria fugido do país rumo à Ásia.
De lábia afiada, abusando da simpatia e conquistando a confiança das vítimas, o administrador da plataforma costumava gravar vídeos para os seguidores e mostrava que o negócio era “seguro” e totalmente legalizado. A Bybot operava, principalmente, com a chamada arbitragem de criptoativos. O processo é bastante conhecido no mercado de ações. Quando um investidor decide trabalhar por esse método, ele começa a negociar ativos por preços baixos e oferecê-los em plataformas que pagam um preço maior. A diferença, então, fica com o investidor.
Gustavo Diniz viajava o mundo colhendo frutos do sucesso financeiro proporcionado pela plataforma. Natural de Mogi das Cruzes, em São Paulo, o trader se afastou da família — que leva uma vida simples no interior paulista — para viver uma rotina de ostentação. Antes de apagar suas redes sociais, o gestor da Bybot publicava fotos em resorts de luxo, estações de esqui e praias paradisíacas.
Veja imagens do “Engomadinho do Bitcoin”:
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
O gestor tinha lábia afiada Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
Várias ocorrências policiais foram registradas em São Paulo Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
Investidores que haviam depositado grandes quantias na Bybot estão desesperados Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
O golpista apagou todas as redes sociais e os canais de comunicação Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
Investidores lesados suspeitam que o sócio da Bybot teria fugido para a Tailândia Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
Sem avisar a ninguém, Gustavo Diniz encerrou as operações da plataforma e desapareceu Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
O gestor da plataforma teria embolsado cerca de R$ 70 milhões Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
Um empresário de Brasília teve prejuízo de pelo menos R$ 75 mil Reprodução
Engomadinho do Bitcoin aplica golpe milionário e desaparece
Um dos investidores perdeu aproximadamente R$ 500 mil Reprodução
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Fuga rápida
Sem se identificar, um empresário do DF que perdeu 15 mil dólares afirmou que o golpe ocorreu muito rapidamente. “Não sabemos, de fato, o que aconteceu. Estávamos todos aguardando a suposta manutenção e, repentinamente, o Gustavo derrubou o site, apagou o perfil no Instagram e sumiu do Telegram”, disse.
Assim que a Bybot saiu do ar, Gustavo Diniz nunca mais foi visto, nem nas redes sociais e muito menos pessoalmente. Ele teria um braço operacional da plataforma na Tailândia. “A suspeita de muitas pessoas que perderam fortunas e estão no encalço dele é que o destino do golpista tenha sido Bangkok”, disse o empresário.