Uma tentativa inocente de cuidar dos pés em casa terminou em amputação para Olubiyi Jibowu, de 57 anos. Morador de Londres, ele mergulhou os pés em um balde com água quente e sal do Himalaia para deixá-los mais macios para o verão, mas acabou com queimaduras graves que evoluíram para sepse, uma reação extrema do organismo a infecções que pode ser fatal.
O problema começou em julho de 2023, quando ele decidiu fazer um “tratamento” caseiro. Diabético tipo 2 sem saber, Olubiyi tinha a sensibilidade reduzida nos pés, o que o impediu de notar a temperatura muito alta da água. Ele só percebeu que havia algo errado quando surgiram bolhas nos dois pés.
Diabetes tipo 2
- A diabetes tipo 2 é uma doença crônica marcada pela resistência à insulina e pelo aumento dos níveis de glicose no sangue.
- Mais comum em adultos, a condição está frequentemente relacionada à obesidade e ao envelhecimento.
- Entre os principais sintomas estão sede excessiva, urina frequente, fadiga, visão embaçada, feridas de cicatrização lenta, fome constante e perda de peso sem causa aparente.
- O tratamento envolve medicamentos para controlar a glicemia e, em alguns casos, aplicação de insulina.
- Mudanças no estilo de vida, como perda de peso, alimentação equilibrada e prática regular de exercícios, são essenciais para o controle da doença.
Mesmo com a pele descascando e com dores cada vez mais fortes, ele tentou resolver sozinho. O homem passou um antisséptico sobre as feridas, acreditando que ajudaria na cicatrização.
“Inicialmente pensei que fossem apenas bolhas. Eu não queria que infeccionassem, então achei que o remédio ajudaria”, contou ele em entrevista ao Daily Mail.
“Dor era insuportável”
A automedicação, no entanto, piorou o quadro. Os pés enrugaram, escureceram e começaram a se desintegrar. “Foi uma dor que nem consigo descrever. A pele acabou enrugando e simplesmente se rasgou. Eu conseguia ver fragmentos da estrutura óssea. O pé esquerdo simplesmente não sarava”, relembra.
Só quando mostrou os pés para sua gerente no trabalho foi convencido a procurar um hospital. Ela o mandou para casa imediatamente. A essa altura, ele já sentia tanta dor que precisou da ajuda da irmã para chegar ao pronto-socorro.
No hospital, recebeu o diagnóstico de sepse e, pela primeira vez, soube que era diabético. Por causa da infecção generalizada, os médicos começaram um tratamento intensivo com antibióticos. Mesmo assim, não houve melhora. “Eles enfaixaram meus pés e tentaram de tudo, mas não teve cura”, relata.
2 imagens
Fechar modal.
1 de 2
Diabético tipo 2 sem saber, Olubiyi tinha a sensibilidade reduzida nos pés, o que o impediu de notar a temperatura muito alta da água
Divulgação/GoFoundMe
2 de 2
Em vez de procurar atendimento médico, ele mesmo tratou as queimaduras com um remédio para tentar se recuperar mais rápido
Divulgação/GoFoundMe
Cirurgia que mudou tudo
Sem alternativas, os médicos decidiram amputar a perna esquerda abaixo do joelho para impedir que a infecção se espalhasse. A notícia foi um choque. “Eu realmente acreditava que poderia haver uma solução melhor, sem amputação imediata”, diz.
A cirurgia foi feita em agosto de 2023. “No momento da amputação, a dor aliviou. Mas foi difícil de engolir. Pensei: ‘Vou ficar em uma cadeira de rodas para sempre?’”. Dois meses depois, ele iniciou a reabilitação com fisioterapia intensa e começou a usar uma prótese.
Leia também
Desde então, Olubiyi se dedica a alertar outras pessoas, especialmente diabéticos, sobre os riscos de negligenciar pequenos ferimentos.
Ele também criou uma campanha no GoFundMe para arrecadar dinheiro para uma prótese de titânio mais leve e confortável, que o ajude a retomar uma vida mais ativa.
“Se eu tivesse feito um simples check-up, tudo isso poderia ter sido evitado. Os médicos têm antibióticos específicos para esse tipo de infecção. É muito melhor deixar um especialista cuidar do problema”, afirma Olubiyi.
Hoje, ele ainda sente as chamadas “dores fantasmas” do membro perdido. “Meu cérebro ainda pensa que meu pé está ali. Posso sentir o calcanhar como se ainda estivesse presente”, conta.
Apesar do trauma, Olubiyi tenta manter o otimismo. “Pensei: ‘Coitado de mim, como cheguei até aqui?’ Mas logo me concentrei nas coisas boas. A vida me pregou uma peça, mas estou me adaptando. Vai ficar tudo bem”, finaliza.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!