O peso dos alimentos no orçamento das famílias brasileiras pode diminuir em 2025. Projeções indicam uma desaceleração na inflação alimentar, embora os preços ainda devam permanecer elevados. Segundo estimativas da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a inflação dos alimentos deve ficar em torno de 6% neste ano, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação geral, é projetado em aproximadamente 5%.
Apesar de permanecer acima da meta estabelecida pelo governo, de 3% com tolerância até 4,5%, a expectativa é de uma tendência de estabilização nos preços de alimentos. O estudo da SPE destaca um arrefecimento nos preços de carnes e alimentos in natura, que sofreram forte impacto de eventos climáticos extremos em 2024. “Os preços das carnes tendem a desacelerar até o final do ano, menos impactados pela reversão no ciclo de abate do gado e pelo avanço das exportações”, aponta o documento.
O Ministério da Fazenda também projeta um cenário mais favorável para produtos como arroz, feijão, alimentos in natura e derivados de soja e leite, impulsionado pelas boas perspectivas climáticas e de produção para 2025. No entanto, itens como trigo e seus derivados devem registrar aumento de preço devido à baixa colheita em 2024.
Em 2024, fatores climáticos adversos, como calor extremo e secas, afetaram a produção agrícola, impactando itens como café e frutas. “Para 2025, a expectativa é de uma melhoria nas condições climáticas, o que pode favorecer a recuperação dessas safras e contribuir para a estabilização ou redução dos preços”, avalia Otto Nogami, economista e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra brasileira de grãos deve atingir um recorde histórico de 325,3 milhões de toneladas, um crescimento de 11,1% em relação a 2024. “Isso sugere que, para grãos como soja, milho e algodão, a maior oferta pode ajudar a reduzir os preços no mercado interno ou, pelo menos, conter novos aumentos, dependendo da demanda externa e da taxa de câmbio”, explica Nogami.
Contudo, a seca que atinge a Região Sul, especialmente o Rio Grande do Sul, pode comprometer a colheita de culturas como arroz e trigo, elevando seus preços no mercado interno. “Apesar do crescimento da produção nacional, desafios regionais ainda podem gerar oscilações”, alerta o economista.
A perspectiva para 2025 é de que produtos como óleo de soja e leite registrem redução de preços devido à ampliação da produção e à melhora na oferta. Em contrapartida, itens como café e laranja podem manter-se com valores elevados, influenciados pela alta demanda externa e desafios na cadeia produtiva.
Com um cenário de inflação alimentar menos intenso, mas ainda presente, o consumidor brasileiro deve continuar atento às flutuações de preços, que dependerão tanto das condições climáticas quanto das dinâmicas do mercado global.