O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o principal indicador de inflação do Brasil, registrou queda de 0,02% em agosto, conforme dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse foi o menor índice desde junho de 2023, quando houve uma deflação de 0,08%.
Dois dos nove grupos que compõem o IPCA tiveram quedas significativas, puxando a deflação: Alimentação e bebidas, com recuo de 0,44%, e Habitação, com queda de 0,51%. Juntos, esses grupos representam mais de um terço do índice, influenciando fortemente o resultado geral.
– Desempenho dos grupos
Alimentação e bebidas: A queda de 0,44% foi impulsionada principalmente pela diminuição de 0,73% no subgrupo Alimentação no domicílio. Produtos como batata inglesa (-19,04%), tomate (-16,89%) e cebola (-16,85%) registraram reduções expressivas nos preços, aliviando os impactos inflacionários causados por problemas climáticos no início do ano. Por outro lado, alguns alimentos como mamão (17,58%), banana-prata (11,37%) e café moído (3,70%) apresentaram alta.
Habitação: A deflação de 0,51% foi puxada pela redução de 2,77% nas contas de energia elétrica, reflexo da mudança da bandeira tarifária de amarela em julho para verde em agosto. A energia elétrica residencial foi o principal fator de impacto negativo no índice geral, com uma contribuição de -0,11 ponto percentual (p.p.). Houve também quedas nas tarifas de energia em regiões como São Paulo (-3,07%) e Belém (-5,63%).
Transportes: O grupo registrou estabilidade, com a gasolina subindo 0,67%, acumulando alta de 3,84% nos últimos dois meses, devido ao reajuste de preços da Petrobras. Já as passagens aéreas caíram 4,93%, revertendo o aumento observado em julho, durante as férias escolares.
– Inflação acumulada
Com o resultado de agosto, o IPCA acumula uma alta de 2,85% no ano. Nos últimos 12 meses, a inflação atingiu 4,24%, dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O desempenho do mês foi ligeiramente melhor que as expectativas do mercado financeiro, que previa uma variação de 0% e um acumulado de 4,26% em 12 meses.
Este resultado reforça o cenário de desaceleração da inflação, que em julho havia registrado uma alta de 0,38%, e aponta uma tendência de estabilidade para os próximos meses, especialmente com a melhora nos preços dos alimentos e a contenção dos custos de energia elétrica.