O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (13) que a parceria entre Brasil e China “nunca foi tão necessária”, em meio a um cenário global marcado por instabilidade geopolítica, conflitos armados e disputas comerciais. A declaração foi feita após reunião bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping, durante a visita de Estado à capital chinesa.
Lula e Xi anunciaram a assinatura de 20 novos acordos de cooperação e divulgaram um comunicado conjunto, reafirmando o compromisso dos dois países com o multilateralismo e o desenvolvimento sustentável. “A Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável, que estabelecemos em novembro passado, é uma alternativa às rivalidades ideológicas”, disse Lula, ao lado do líder chinês.
O presidente brasileiro destacou que o mundo atravessa um período de fragmentação e imprevisibilidade, e defendeu o fortalecimento de fóruns multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), como instrumentos para promover o diálogo entre as nações.
Críticas ao unilateralismo e aos conflitos armados
Durante o pronunciamento, Lula criticou as guerras comerciais e os conflitos armados em curso. Referindo-se indiretamente à política tarifária dos Estados Unidos sob Donald Trump — que impôs sanções temporariamente suspensas para negociação — o presidente afirmou que “guerras comerciais não têm vencedores”, por elevarem preços, enfraquecerem economias e afetarem sobretudo os mais vulneráveis.
Lula também reiterou sua condenação aos ataques israelenses na Faixa de Gaza e à guerra entre Rússia e Ucrânia. “A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel”, declarou.
Segundo o presidente, Brasil e China vêm trabalhando juntos em uma proposta para o fim da guerra na Ucrânia. A iniciativa oferece, segundo ele, “base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”.
Cooperação estratégica e investimentos
No campo econômico, Lula destacou a ampliação da cooperação bilateral em áreas como infraestrutura, tecnologia, saúde e meio ambiente. Entre os projetos mencionados estão a parceria entre os Bancos Centrais dos dois países para facilitar investimentos, o lançamento de dois novos satélites de monitoramento e a cooperação entre estaleiros para fortalecer a indústria naval brasileira.
Outro ponto de destaque foi o interesse da China nas Rotas de Integração Sul-Americanas, projeto liderado pelo Brasil para ampliar a conexão entre países da região por meio de rodovias e portos. O objetivo é facilitar o acesso ao Oceano Pacífico e reduzir os custos de exportação para a Ásia. “As Rotas são mais do que corredores de exportação entre o Atlântico e o Pacífico: são vetores de indução do desenvolvimento”, afirmou o presidente.
Lula encerra nesta terça sua visita oficial à China e embarca de volta ao Brasil na manhã de quarta-feira (14), no horário local. O fuso horário de Pequim está 11 horas à frente do de Brasília.