Um momento de comoção, reflexão e silêncio. Assim foi o velório de Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes, 16 anos, morto após ter sido esfaqueado no parque das entrequadras 112 e 113 Sul. Familiares e amigos do adolescente reuniram-se no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, em Brasília (DF), para dar o último adeus ao rapaz, na tarde deste domingo (19/10).
“O Isaac era uma criança muito amada pela família, amigos e vizinhança. Era responsável e não fazia mal a ninguém”, relembrou Edson Aparecido Avelino Junior, 28 anos, irmão de Isaac.
Edson conversou com a imprensa e ressaltou que o adolescente “representava a alegria para todos” e que a morte do jovem “abalou” muito a família.
“O Isaac cumprimentava do porteiro, ao zelador, síndico. Não fazia distinção para ninguém. Se ele passasse na portaria 100 vezes, ele dava 100 vezes um bom dia. Isso [a morte do jovem] abalou a todos, mas ao mesmo tempo, a gente fica feliz por todas as homenagens que ele recebeu, né? A gente recebe um conforto a mais para que a gente siga em frente”, destacou.
O irmão comentou também que o que o mais “dói” é lembrar que seu irmão dizia que se espelhava nele.
“Ele queria ser da TI, ser analista de segurança da informação. Eu expliquei bastante para ele sobre a profissão, eu comentava para ele como que era meu dia a dia. E isso me dói bastante, porque ele infelizmente não vai se tornar”, lamentou Edson.
Perguntado sobre querer justiça do caso, Edson pediu que a morte do irmão não “sirva só de exemplo” e evite “novos casos de acontecerem”.
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Velório
O velório aconteceu às 14h. No local, familiares, amigos da quadra, do Colégio Militar de Brasília e até responsáveis pelo transporte escolar do jovem, deram seu último adeus.
No olhar dos colegas, uma expressão vazia, e rostos cheios de lágrimas, refletindo sobre a morte do jovem. O abraço entre eles, era acompanhado de um aperto forte, seguido de palavras de consolo e conforto.
De fora da capela, era possível escutar orações de um terço e cânticos da igreja católica sendo realizados em homenagem à memória dele e a sua fé prestada em vida.
Segundo moradores, Isaac era um membro frequente da Paróquia Nossa Senhora da Guadalupe, igreja da quadra onde o jovem morava.
Maurício Copi, um dos padres da paróquia, esteve presente no velório e conversou com o Metrópoles. Ele relembrou a trajetória do jovem na igreja.
“Ele [Isaac] fez crisma lá na nossa paróquia. Ele sempre ia às missas e para as confissões. Era bem atuante e ajudava na pastoral da juventude da igreja”, contou o padre.
O comandante diretor do Colégio Militar de Brasília, Marcelo Flávio Sartori Aguiar, conta que recebeu a notícia “com bastante consternação”.
O aluno Vilhena, como era chamado, foi conhecido por ser “alegre”, “bastante participativo” e “querido por todos”.
Um amigo de Isaac, identificado como João Davi dos Santos Silva, 17 anos, definiu seu colega, que o conhecia desde o sétimo ano, como um “menino da paz”. “Nunca se envolveu em nada na escola. Não queria guerra com ninguém”, completou.
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Homenagens
Antes do sepultamento, familiares e amigos prepararam um corredor, com balões brancos em suas mãos, para o momento do cortejo de Isaac. Enquanto o caixão era colocado no transporte que levaria o jovem ao local de enterro, o silêncio e soluços de choro tomaram conta do ambiente.
O caminho até a sepultura do caixão permaneceu da mesma forma. Nas laterais do veículo, alunos do Colégio Militar de Brasília, onde Isaac estudava, escoltavam o caixão. Logo atrás, melhores amigos do jovem da quadra da 112 e familiares como o irmão, irmã e pais de Isaac, acompanhavam o deslocamento.
No local do sepultamento, um aluno do CMB puxou o grito que é realizado entre os alunos da escola. Emocionados, eles entoaram o grito e soltaram os balões brancos ao fim do cântico do colégio.
Assista ao momento:
Enquanto era enterrado, familiares puxaram novamente cânticos da igreja. Os familiares e amigos que estavam próximos do caixão, choravam e sussurravam palavras enquanto se despediam de Isaac, dando enfim, o último adeus.
Crime brutal
- Isaac era morador da 112 Sul. Ele foi descrito por vizinhos como um rapaz “educado e simpático” e “de bom coração”.
- De acordo com moradores, o adolescente estava jogando vôlei na quadra, vestido com uniforme escolar, quando ao menos sete adolescentes o abordaram e levaram o celular dele, na sexta-feira (17/10).
- Ele correu atrás dos ladrões para tentar pegar o aparelho de volta e, nesse momento, acabou atacado e ferido.
- De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Isaac foi socorrido em estado gravíssimo e levado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Menores apreendidos
Dos sete adolescentes apreendidos e identificados pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), apenas três participaram diretamente do latrocínio que tirou a vida de Isaac.
Em depoimento, os adolescentes contaram que foram à Asa Sul inicialmente para encontrar uma menina. No trajeto, no entanto, decidiram cometer assaltos. Cerca de 30 minutos antes do ataque que terminou na morte de Isaac, o grupo tinha abordado outra vítima com a mesma estratégia.
Durante o crime, um dos adolescentes — que já havia sido apreendido anteriormente por tráfico de drogas — usou uma faca para ameaçar as vítimas.
Enquanto isso, outros dois comparsas invadiram a quadra de vôlei e furtaram os celulares deixados sobre os chinelos por garotos que jogavam no local.
Após o crime, os três diretamente envolvidos fugiram e se reencontraram com os outros quatro adolescentes. Todos foram capturados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e conduzidos à DCA.