Apesar do afastamento das funções, Naime recebeu, apenas em junho, mais de R$ 4,8 mil como auxílio-fardamento. Além disso, enquanto já estava preso entre fevereiro e julho, o policial embolsou gratificações por risco de vida e adicionais por operações militares.
A Gratificação por Risco de Vida (GRV) é garantida pela lei federal Nº 12.086, de 6 de novembro de 2009, já que a PMDF é custeada pela União Federal. Apesar de estar detido no Complexo Penitenciário da Papuda, o coronel Naime recebe mensalmente R$ 1 mil de GRV.
O policial também ganhou, nos últimos sete meses, mais R$ 2.840,39 em adicionais, por conta da suposta participação em operações militares, apesar de estar afastado dos batalhões e das ruas da capital federal há mais de um semestre.
Ex-comandante de Operações da PMDF e atualmente preso, coronel Jorge Eduardo Naime presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos do dia 8 de Janeiro 5
Breno Esaki/Metrópoles
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Chico Vigilante preside CPI no DF Breno Esaki/Metrópoles
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A lei que criou a GRV estabeleceu o benefício para os militares da ativa e da reserva, sendo fixado em R$ 1 mil para todas as patentes. Já em relação ao adicional pelas operações, segundo a legislação, trata-se de uma “parcela remuneratória mensal devida ao militar pelo desempenho de operações militares e para compensação dos desgastes orgânicos e danos psicossomáticos decorrentes do desempenho das atividades técnico-profissionais”.
Os valores fazem parte da remuneração do policial. Por pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), a PMDF suspendeu, no dia 30 de agosto, Naime e outros cinco policiais presos pelos atos de 8 de janeiro.
Ao Metrópoles a corporação informou que os policiais continuam recebendo salário, porém as contas bancárias estão bloqueadas, de acordo com a petição do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida inclui as gratificações e adicionais já previstos nas remunerações dos servidores.
Felipe Fonte, especialista em direito administrativo e professor na Fundação Getúlio Vargas (FGV), indica que esses pagamentos variam entre os estados, sendo ordenadas pelas leis estaduais.
“Olhando a legislação do DF, essas gratificações não têm um regramento específico sobre o que acontece quando há prisão. Elas simplesmente são genericamente previstas. Está lá a hipótese de incidência, o percentual e como é que deve ser pago. Mas não tem, assim, alguma coisa sobre prisão”, afirma o professor.
O problema da falta de pontos específicos, indica o especialista, é que as prisões de policiais ocorrem de maneira cautelar, antes do término do processo judicial. Assim, sem que o crime seja comprovado, os salários e vencimentos continuam a ser pagos normalmente.
“Você vai falar: ‘Então, ele vai receber sem trabalhar?’ É, mas esse é um ônus que entendemos que a coletividade deve sofrer, numa ponderação aqui entre a dignidade, os alimentos do servidor e os interesses da coletividade. Quando há prisão definitiva, decorrendo de uma condenação criminal, por exemplo, aí não. Aí o sujeito não recebe mais. Dependente do tipo de crime praticado, ele pode até ser expulso da corporação”, explica Felipe.
Outro apontamento do professor da FGV é que muitas dessas gratificações e auxílios têm caráter genérico. Ou seja, ainda que os valores sejam especificados para cada situação, como por exemplo para as operações militares, a jurisprudência entende que, na prática, são apenas partes do vencimento completo do servidor.
Sobre o recebimento das gratificações e a suspensão do salário, o Metrópoles contatou a defesa do coronel em busca de um posicionamento. Não houve respostas até a última atualização desta reportagem. O espaço continua aberto para possíveis manifestações.
O policial havia sido exonerado pelo ex-interventor federal na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli, em 10 de janeiro. A saída dele ocorreu na mesma data que a de outros 12 servidores vinculados à pasta responsável pela área.
A corregedoria da PM investigava a informação de que Naime teria retardado a atuação da PM na data dos ataques, com o propósito de deixar os terroristas fugirem. O coronel foi exonerado do cargo que ocupava dias após os atos golpistas, mas até hoje nega as acusações.
No mês passado, a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou o coronel e outros membros da alto comando da PMDF, sugerindo a manutenção da prisão de Naime.
O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos acusa os oficiais de omissão. Para a acusação, os sete policiais que integravam a cúpula da PMDF poderiam ter agido para evitar a invasão às sedes dos Três Poderes.
Informado sobre o grande aumento de pessoas no acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, o antigo comandante deu de ombros quanto à ação de policiais militares no local: “Deixa os ‘melancia’ se virar”. A mensagem, que consta em denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi retirada de uma conversa entre Naime e o coronel Marcelo Casimiro, em novembro de 2022.
De acordo com a denúncia da PGR, o termo “melancia” faz uma referência a militares do Exército Brasileiro que teriam uma “casca verde”, em uma alusão à cor da farda, e seriam internamente “vermelhos” por apoiar ideologias políticas de “esquerda”.
Naime ainda considerou que a PMDF não deveria sequer ter feito bloqueio no acesso ao Setor Militar Urbano para auxiliar o Exército, ressaltando que o ato teria decorrido de decisão do comandante-geral da corporação, coronel Fábio Augusto Vieira.
A defesa do coronel Jorge Eduardo Naime também se posicionou por meio de nota. No documento, os advogados Iuri Cavalcante Reis, Pedro Afonso Figueiredo e Izabella Hernandez Borges disseram que “a defesa discorda do posicionamento do órgão acusador e provará, em resposta à acusação, a inexistência de qualquer conduta omissiva ou ato de conivência praticado no dia 8 de janeiro de 2023”.
“Pelo contrário, apesar de estar no gozo de uma dispensa-recompensa, o coronel foi convocado para se dirigir à Praça dos Três Poderes, quando o tumulto já estava em estágio bastante avançado, ocasião na qual atuou nos estritos termos legais, objetivando não só proteger e zelar o patrimônio público, como também efetuou diversas prisões de vândalos”, afirmou a defesa de Naime.