Morte de cavaleiro e motociclista no DF expõe falta de luz em estrada

A morte de um motociclista e um cavaleiro na região rural de Sobradinho dos Melos, próxima ao Paranoá, no Distrito Federal, acendeu o alerta para a precariedade da infraestrutura na via. A colisão ocorreu em uma via sem iluminação pública, sem sinalização adequada e com alta circulação de animais, fatores que, de acordo com moradores, são recorrentes e há anos negligenciados pelo poder público.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), a dinâmica do acidente que ocorreu no último domingo (20/7) foi a seguinte: o motociclista, que estava com a companheira na garupa, colidiu com um cavalo na pista e, na sequência, foi atropelado por um carro e não resistiu. A passageira foi encaminhada ao hospital, e o cavaleiro, que sofreu traumatismo craniano, veio à óbito na manhã desta terça-feira (22/7).

“Se tivesse iluminação, o acidente não teria acontecido”, afirmou o empresário Sylvio Serafim, de 36 anos, morador da região. “A falta de iluminação é o principal problema. Também faltam acostamentos, ciclofaixas, quebra-molas. A duplicação da via pode até vir um dia, mas precisamos de medidas urgentes”, completa.

O trecho onde ocorreu o acidente foi asfaltado entre 2012 e 2014, mas, segundo relatos, nunca recebeu manutenção adequada na sinalização horizontal e vertical. “As faixas já estão apagadas. A visibilidade é péssima à noite. E, sem radares ou fiscalização, motoristas abusam da velocidade”, diz Sylvio.

A área tem forte presença rural e de criadores de cavalos. A prática de cavalgadas é comum entre os moradores e, por falta de infraestrutura nas estradas, os cavalos frequentemente dividem espaço com carros e motocicletas. “Tem haras, propriedades com cavalo, gente andando de cavalo todo dia. Quase todos aqui têm um cavalo. Às vezes vamos a cavalo para visitar um vizinho, especialmente em noites de lua cheia, quando a paisagem é bonita”, relata.

Ele conta que a comunidade convive com acidentes regulares. “Tem colisão com moto, com carro, com animal. Alguns por irresponsabilidade de motoristas, mas também por total ausência de estrutura mínima. Nem radar tem. Aqui, se quiser, você anda a 160km/h sem ser multado.”

A vítima que conduzia o cavalo, segundo moradores, era conhecida e na região. “Era praticamente um líder aqui. Batalhou por melhorias, calçamento de estradas… É em memória dele que a gente vai protestar”, diz Sylvio.

Cavalgada em protesto

Em resposta ao acidente, moradores organizam para este sábado (26/7) uma cavalgada de protesto, convocada pela Comitiva dos Traiados. O ato será uma homenagem ao cavaleiro Aláercio André da Silva, envolvido na colisão, e ao motociclista que perdeu a vida. Os protestantes cobram melhorias urgentes na via.

O ponto de encontro inicial será às 10h no Show Bar Vai Que Cola, estabelecimento da região. Recomenda-se que os participantes devam ir com cavalos, camisa da comitiva e, se possível, com laço preto em sinal de luto. “A vida precisa ser prioridade. Iluminação pública é um direito. Por Aláercio. Pela segurança de todos”, reforça o texto do protesto.

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