Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) conseguiram registrar detalhes do comportamento do vírus oropouche, ligado a casos recentes da doença em várias regiões do Brasil.
Por meio de microscopia eletrônica de transmissão, a equipe isolou o vírus a partir de um paciente e registrou imagens ampliadas em cerca de 50 mil vezes, mostrando como o microrganismo se replica nas células.
O que é a febre oropouche?
- A febre oropouche é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificado pela primeira vez no Brasil em 1960.
- Desde então, foram registrados casos isolados e surtos, principalmente na região amazônica, considerada área endêmica da doença.
- Os sintomas são semelhantes aos da dengue e incluem dor de cabeça intensa, dores musculares, náusea e diarreia.
- A transmissão acontece principalmente pelo inseto Culicoides paraensis, mais conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
- O vírus permanece no inseto por alguns dias após picar uma pessoa ou animal infectado, e é transmitido quando o inseto pica alguém saudável.
O estudo, publicado na revista Viruses em março, analisou uma cepa da linhagem Orov BR-2015-2024, ligada aos surtos recentes. A amostra foi coletada de um paciente em Piraí, no Vale do Paraíba, em 2024, e o sequenciamento genético do vírus foi feito pelo Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entendendo a infecção
As imagens revelam detalhes do ciclo do vírus dentro das células, incluindo sua presença na membrana celular, no citoplasma, em vesículas e no complexo de Golgi. Durante a infecção, o vírus causa alterações em várias estruturas celulares e leva à formação de corpos apoptóticos, fragmentos resultantes da morte programada das células.
Segundo os pesquisadores, compreender como o oropouche se replica ajuda a entender a evolução da doença e possíveis mecanismos de escape das defesas do organismo.
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O estudo também confirmou que células Vero, derivadas de rim de macaco, são um bom modelo para testes com o vírus. O modelo facilita a padronização de experimentos e comparações com outros arbovírus, como dengue. Pesquisadores planejam usar técnicas avançadas de microscopia para criar modelos tridimensionais das estruturas envolvidas na infecção.
O vírus no Brasil
Com histórico de surtos na Amazônia, o vírus oropouche se espalhou para diversas regiões do país em 2024. Até 18 de agosto deste ano, o Ministério da Saúde registrou cerca de 11,9 mil casos em 19 estados, incluindo cinco óbitos confirmados e dois em investigação.
A transmissão ocorre pela picada do inseto Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, e provoca sintomas semelhantes aos de outras arboviroses, como a dengue, incluindo febre alta, dor de cabeça, dores musculares, náusea e diarreia.
Não há tratamento específico, mas acompanhamento médico e repouso ajudam na recuperação. A prevenção inclui evitar a exposição aos maruins, usar roupas que cubram o corpo, manter terrenos limpos e instalar telas em portas e janelas.
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