A cantora Preta Gil morreu aos 50 anos, nesse domingo (20/7), vítima das complicações ligadas a um câncer de intestino. A filha de Gilberto Gil tratava a doença desde janeiro de 2023, quando o tumor foi descoberto. O caso acende um alerta sobre o aumento na incidência do câncer colorretal entre pessoas com menos de 50 anos.
Cada vez mais comum entre os jovens, o câncer de intestino atinge principalmente o cólon e o reto, e se desenvolve a partir de pólipos que se formam nas paredes do órgão. A doença pode ocorrer devido a uma combinação entre fatores genéticos, ambientais e estilo de vida.
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Para explicar tamanho crescimento de casos entre os mais jovens, especialistas apontam que rotinas alimentares ricas em alimentos ultraprocessados e uso indiscriminado de antibióticos têm um peso significativo na ocorrência da doença.
Um estudo publicado na revista Nature, em abril deste ano, também relacionou o aumento de diagnósticos a uma toxina produzida por bactérias intestinais, a colibactina.
“Esses padrões de mutação são uma espécie de registro histórico no genoma e apontam para a exposição precoce à colibactina como uma força motriz por trás do início precoce da doença”, explicou Ludmil Alexandrov, biólogo computacional da Universidade da Califórnia em San Diego, em comunicado.
Sinais de alerta do câncer de intestino
- Presença de sangue na evacuação, seja de vermelho vivo ou escuro, misturado às fezes, com ou sem muco.
- Sintomas irritativos, como alteração do hábito intestinal e que provoca diarreia crônica e necessidade urgente de evacuar, com pouco volume fecal.
- Sintomas obstrutivos, como afilamento das fezes, sensação de esvaziamento incompleto, constipação persistente de início recente, cólicas abdominais frequentes associadas a inchaço abdominal.
- Sintomas inespecíficos, como fadiga, perda de peso e anemia crônica.
Diagnóstico precoce é essencial
Para o sucesso do tratamento, o diagnóstico precoce é fundamental. No entanto, muitas vezes os sintomas da doença costumam ser inespecíficos, aumentando o risco de complicações graves. Geralmente, a detecção é realizada através da pesquisa de sangue oculto nas fezes e por endoscopias, como a colonoscopia e a retossigmoidoscopia.
“O tratamento evoluiu e oferece maior chance de cura para o paciente, mas antes é preciso quebrar o tabu da colonoscopia. Por mais que seja um exame invasivo, ela pode ser o primeiro passo para salvar alguém com o câncer”, afirmou a oncologista Marcela Crosara, do Hospital DF Star, em entrevista anterior ao Metrópoles.
O Ministério da Saúde recomenda que o exame seja feito a partir dos 50 anos, porém, em casos de histórico familiar, o rastreamento deve ser iniciado antes.
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Também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso -chamada cólon -, no reto e ânus
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De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de que o problema tenha provocado o óbito de cerca de 20 mil pessoas no Brasil apenas em 2019
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O mês de março é dedicado à divulgação de informações sobre a doença. Se detectado precocemente, o câncer de intestino é tratável e o paciente pode ser curado
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Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação pobre em frutas, vegetais e fibras
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Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer do intestino, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC)
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Doses de café pode reduzir em 30% risco de câncer de intestino
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Os sintomas mais associados ao câncer do intestino são: sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração das fezes e massa (tumoração) abdominal
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O diagnóstico requer biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio)
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O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas
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A cirurgia é, em geral, o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor
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A manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino
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Além disso, deve-se evitar o consumo de carnes processadas (por exemplo salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame) e limitar o consumo de carnes vermelhas até 500 gramas de carne cozida por semana
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Como se proteger
Para prevenir o câncer de intestino, os especialistas destacam que a adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, é fundamental. O Ministério da Saúde recomenda algumas práticas que devem ser adotadas, como:
- Praticar ao menos 150 minutos de atividade física por semana;
- Manter uma alimentação rica em frutas, legumes, verduras e cereais integrais, reduzindo o consumo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas ou processadas;
- Beber pelo menos dois litros de água por dia;
- Evitar o consumo de álcool e o tabagismo;
- Manter o peso adequado.
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