A gordura no fígado, também chamada de esteatose hepática, é uma condição que tem se tornado cada vez mais comum entre os brasileiros — e o problema é que ela costuma evoluir de forma silenciosa.
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Segundo o Ministério da Saúde, a doença atinge cerca de um a cada três adultos, muitas vezes sem apresentar sintomas nas fases iniciais. De acordo com o endocrinologista Paulo Bittencourt, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), o acúmulo de gordura nas células hepáticas está diretamente ligado ao excesso de peso, sedentarismo e resistência à insulina.
“O problema começa de forma discreta, mas pode evoluir para inflamações crônicas e fibrose, aumentando o risco de cirrose e câncer de fígado”, explica.
Embora nem sempre cause manifestações perceptíveis, de acordo com o especialista, existem alguns sinais que podem indicar o acúmulo de gordura no fígado.
Sintomas que merecem atenção
- Cansaço frequente e sensação de fraqueza;
- Desconforto ou dor leve no lado direito do abdômen;
- Enjoo e perda de apetite;
- Inchaço abdominal;
- Alterações nos exames de sangue, com aumento das enzimas hepáticas.
A endocrinologista Marília Bortolotto, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), reforça que o diagnóstico costuma ser feito por exames de imagem, como o ultrassom abdominal.
“A gordura no fígado nem sempre causa sintomas, por isso é importante fazer check-ups regulares. Quando descoberta no início, a condição pode ser revertida com mudanças no estilo de vida”, destaca a médica.
Fatores de risco e prevenção
O desenvolvimento da esteatose hepática está associado a uma combinação de fatores metabólicos e hábitos alimentares. Entre os principais fatores de risco estão a obesidade, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o uso de alguns medicamentos e a diabetes tipo 2.
Segundo o Ministério da Saúde, a alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e proteínas magras, e a prática regular de atividade física são as medidas mais eficazes para prevenir o acúmulo de gordura no órgão. Reduzir o consumo de açúcar, alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas também é essencial.
Quando procurar um médico
Se houver sintomas persistentes, como cansaço intenso, dor abdominal e alterações nos exames hepáticos, é importante procurar um hepatologista ou endocrinologista. O tratamento é individualizado e, na maioria dos casos, envolve reeducação alimentar e acompanhamento médico contínuo.
“A boa notícia é que o fígado tem grande capacidade de regeneração. Com diagnóstico precoce e mudanças de hábitos, é possível reverter totalmente o quadro”, conclui Bittencourt.
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