A tatuadora brasiliense Layane Botosso, 29 anos, vive uma jornada delicada desde que recebeu o diagnóstico de um mioma intramural – tumor benigno que cresce dentro da parede do útero.
O problema foi identificado em 2021, quando ela tinha 25 anos. Nessa época, o mioma tinha apenas dois centímetros. Nos anos seguintes, o tumor cresceu progressivamente, alcançando 10 cm em 2024 e trazendo sintomas severos como cólicas incapacitantes, fluxo menstrual desregulado e causou até a perda de um bebê.
Mioma causou problemas e até menopausa
Os miomas são tumores uterinos benignos formados por tecido muscular. A causa é desconhecida, mas seu crescimento depende de fatores hormonais e a tendência é uma diminuição do tamanho após a menopausa.
Os miomas podem ser únicos ou múltiplos, bem pequenos ou até atingir enormes volumes. Quanto mais crescem, mais representam um risco à saúde da mulher.
Layane tenta uma intervenção cirúrgica desde que descobriu o mioma, mas enfrenta dificuldades junto ao plano de saúde. Além disso, outro fato acabou adiando a retirada do tumor. No início de 2025, ela recebeu uma notícia inesperada: estava grávida.
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A alegria logo se misturou ao medo, já que os médicos detectaram que o bebê, chamado Liam, “competia por espaço” com o mioma no útero. Com 14 semanas de gestação, em 11 de abril, Layane perdeu o bebê. “Ele estava todo formado”, relembra, emocionada.
A dor física e emocional se somou ao abandono do companheiro, pai da criança, que a deixou no auge da fragilidade. “Ele simplesmente saiu da relação, mas quase não sofri por isso porque a minha situação era pior”, desabafa.
Após a perda, Layane enfrentou dois meses de sangramento contínuo e passou por duas curetagens. Para conter os sintomas, os médicos prescreveram um medicamento que induz uma menopausa química temporária.
Sintomas do mioma uterino
- Fluxo menstrual intenso e irregular.
- Cólicas fortes que podem limitar atividades diárias.
- Aumento do volume abdominal perceptível em alguns casos.
- Dificuldade para engravidar ou risco de abortamento.
- Anemia causada pela perda de sangue prolongada.
A estratégia, segundo a ginecologista Marina Almeida, que acompanha o caso de Layane, é reduzir os níveis de estrogênio e, consequentemente, diminuir o tamanho do mioma até que a cirurgia definitiva seja possível.
“O mioma da Layane é considerado grande, chega a ser duas vezes maior que o útero dela. Essa medicação serve como um alívio temporário, até que possamos operar. No caso dela, a cirurgia será feita por videolaparoscopia, o que reduz os riscos e permitirá que, em seis meses, ela possa retomar os planos de gravidez”, explica a médica.
Mesmo assim, os efeitos colaterais têm sido intensos: ondas de calor, perda de libido e falhas de memória. E, apesar do tratamento, os sangramentos não cessaram.
“Foi e está sendo muito difícil passar pela descoberta do mioma, depois pela perda do bebê e, em seguida, pela menopausa forçada”, resume. Atualmente, o tumor apresenta uma redução, e está medindo cerca de sete centímetros.
A ginecologista alerta que os miomas atingem até 80% das mulheres em idade fértil no Brasil. Embora sejam sempre benignos, podem impactar a qualidade de vida e a fertilidade.
“O estrogênio é o hormônio que alimenta o crescimento do mioma, por isso é comum que eles aumentem em mulheres jovens. A melhor forma de prevenção é manter os exames ginecológicos em dia e tratar somente quando os sintomas se tornam incapacitantes ou se detecte impacto na gestação”, reforça.
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