Mandante do assassinato de um homem de 54 anos, em 2021, na Feira do Produtor, no Paranoá, Vanderlan Gama Queiroz (foto em destaque) foi condenado a 26 anos de prisão pela Justiça do Distrito Federal. No mesmo julgamento, Marciel Gama Queiroz, irmão de Vanderlan, foi absolvido.
A vítima era Nestor Ribeiro Dantas. Ele foi assassinado a tiros por dois homens armados em duas motos. A companheira e a nora da vítima ficaram feridas, e uma mulher que não tinha relação com o conflito foi atingida, mas sobreviveu.
Os irmãos Vanderlan e Marciel Gama Queiroz, acusados pelo Ministério Público (MPDFT) de serem os mandantes do crime, são de uma família cigana rival da de Nestor.
O confronto teria se intensificado em 2018, quando outro irmão de Vanderlan, Iranildo Gama Queiroz, foi assassinado na Bahia por primos de Nestor.
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Em 2021, o Metrópoles mostrou que os irmãos foram responsáveis por chacinas em diversos estados do Brasil. Os massacres foram resultado de um conflito entre duas famílias inimigas, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apontou na época.
Segundo denúncia da Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri do Paranoá, os crimes ocorreram por motivo torpe (vingança pelo assassinato de um familiar); emprego de meio que resultou perigo comum (com disparos efetuados em feira livre); e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas (surpreendidas enquanto faziam compras na feira).
O promotor de Justiça Daniel Bernoulli destacou a importância da condenação para a interrupção do ciclo de violência entre as famílias envolvidas.
“O ódio entre as famílias já causou um rastro de destruição pelo país afora. No entanto, dadas melhores condições de investigação das nossas forças de segurança, aqui foi possível avançar na identificação não só dos matadores, como também do mandante”, disse.
“A condenação de Vanderlan é um freio de inibição que a Justiça impõe à continuidade delitiva, com vistas a estancar a sangria e o extermínio dessas famílias”, afirmou.
Assassinato de irmão de Vanderlan
Iranildo Gama Queiroz, irmão de Vanderlan e de Marciel, chegou a ser sequestrado na Bahia pelos primos de Nestor. O resgate exigido foi de R$ 5 milhões, mas o pai da vítima conseguiu pagar apenas R$ 500 mil. Iranildo foi morto, esquartejado e teve sua cabeça enviada para o pai.
De acordo com a Polícia Civil de Goiás, “autores e vítima do crime ocorrido na Bahia fazem parte de uma família cigana cujos membros vêm se matando há gerações em diversos estados da Federação, onde se enfrentam quando se encontram”.
A rivalidade de duas famílias compostas por ciganos causou pelo menos seis mortes desde 2018 no Distrito Federal, na Bahia, em Goiás, São Paulo e no Tocantins.
Marciel e Vanderlan são apontados como mandantes do crime ocorrido no Paranoá, mas já eram investigados por outros homicídios. Os irmãos são suspeitos de terem matado cinco pessoas no Tocantins. Todos foram atacados na porta de casa, em Palmas, e morreram alvejados.
A dupla de irmãos, então, jurou se vingar de Nestor e de toda a sua família, elaborando um plano de homicídio que contou com a contratação de dois executores e dois intermediários para recepcioná-los na Rodoviária de Brasília e repassar as informações logísticas quanto à rotina das vítimas.