Nem só de Marta vive a Seleção Brasileira Feminina de Futebol. Debinha chega para a Copa do Mundo na Austrália e Nova Zelândia como líder técnica da equipe e artilheira da “Era Pia Sundhage”.
A camisa 9 do Brasil foi a única jogadora do país listada na última eleição da FIFA das melhores do mundo, ficando em sexto lugar no ranking.
A liderança e responsabilidade que nas últimas seis edições do Mundial estiveram nos pés de Marta, hoje, é de Debinha, terceira maior artilheira da história do Brasil e considerada, por muitos, a sucessora da Rainha na Seleção.
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Paixão pelo futebol
Débora Cristiane de Oliveira nasceu em Brazópolis, cidade a 450km de Belo Horizonte. A paixão pelo esporte começou cedo, entre 5 e 6 anos de idade, e foi influenciada pelo pai e tios da atleta. Debinha era companhia frequente e sempre estava com os familiares em partidas amadoras pelo interior de Minas Gerais.
Acordar nas madrugadas com as irmãs Katia e Rubiana para assistir jogos da Seleção Brasileira masculina na Copa do Mundo de 2002, além do clima nas ruas da cidade, também incentivaram a pequena Debinha a construir o sonho em viver do futebol.
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Debinha na Copa do Mundo Sub-20 em 2010
Crédito: Foto: FIFA via Getty Images
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Debinha atuando pelo Avaldsnes, da Noruega
Crédito: Foto: Ida Kristin Vollum/ Avaldsnes Viking Queens
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Debinha fez história pelo North Carolina Courage
Crédito: Foto: Andy Mead/ISI Photos/Getty Images)
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Debinha conquistou dois títulos da NWSL
Crédito: Foto: Brad Smith/ISI Photos/Getty Images
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Debinha é a terceira maior artilheira na história da Seleção
Crédito: Foto: Erin Chang/ISI Photos/Getty Images
Os primeiros chutes
O começo de Debinha não foi fácil e a menina que só queria se divertir teve que se impor desde cedo. Como jogava com os meninos nas ruas, praças e quadras de Brazópolis, a atleta sofreu com o bullying dos garotos pela forma que se destacava, e das meninas, pelas roupas esportivas que usava.
A mãe da jogadora, preocupada com a situação, impedia Debinha de ir sozinha jogar futebol. As irmãs e o pai tinham sempre que contornar a situação para ela continuar se destacando nas partidas da cidade.
Quando comecei a jogar com os meninos, minha mãe não gostava muito. Eu só ia jogar futebol se minhas irmãs fossem junto. Mas hoje ela é minha maior fã
Debinha, em entrevista à CBF TV
O desafio de sair de casa
Aos 15 anos, Debinha recebeu a proposta para fazer um teste no Saad São Caetano. A autorização para sair de casa no dia seguinte dependia de uma assinatura da mãe. E a situação não foi nada fácil. Afinal, Debinha é a filha caçula da família.
Fui no trabalho da minha mãe pedir para me deixar ir. Ela começou a chorar porque não sabia o que estava por vir, se eu conseguiria realizar meu sonho. Ver minha mãe chorando, e sair de casa, foi o maior desafio da minha carreira.
Debinha, em entrevista à CBF TV
Uma década atuando no exterior
Após um ano no Saad, Debinha se destacou e foi atuar no futebol da Coreia do Sul. Mas a saudade de casa fez a jogadora voltar ao Brasil.
Em 2013, quando atuava no Centro Olímpico, a atacante recebeu uma proposta para jogar na Noruega, pelo Avaldsnes. Foram três temporadas no futebol norueguês, onde Debinha se adaptou rapidamente e foi artilheira do time na temporada 2014, com 20 gols.
A atacante teve uma passagem de um ano na China e, desde 2017, atua na liga de futebol dos Estados Unidos, uma das mais poderosas do mundo.
Debinha com o troféu de MVP da final da NWSL em 2019 / Foto: Brad Smith/ISI Photos/Getty Images
Pelo North Carolina Courage, Debinha permaneceu por seis temporadas, empilhando títulos e premiações. A atacante foi duas vezes campeã da liga nacional de futebol feminino (NWSL), eleita a melhor jogadora da Challenge Cup, em 2021, e ainda faturou o mesmo campeonato em 2022.
Debinha disputou 156 partidas e marcou 51 gols com a camisa do time da Carolina do Norte, se tornando uma das principais estrelas do campeonato que é referência no futebol feminino.
Em 2023, a jogadora assinou um contrato de dois anos com o Kansas City, completando uma década atuando no futebol internacional.
Carreira vitoriosa na Seleção
A caminhada de Debinha com a amarelinha começou na disputa da Copa do Mundo Sub-20, em 2010. Na competição realizada na Alemanha, o Brasil caiu ainda na primeira fase, mas a jogadora mostrou que ali seria o começo de uma grande caminhada com a camisa da Seleção, e marcou dois gols.
A primeira convocação e estreia na equipe principal aconteceu em 2011, com apenas 19 anos, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México.
De lá para cá, foram 135 partidas com a camisa do Brasil e 58 gols. É a terceira maior artilheira da história da Seleção Brasileira Feminina, atrás apenas de Cristiane, com 96 gols, e da Rainha Marta, que anotou 115 gols.
Debinha conquistou dois títulos da Copa América, representou o país nas Olimpíadas do Rio em 2016 e de Tóquio em 2020. Será a segunda participação da jogadora em Copas do Mundo.
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A maranhense Camila tem 22 anos e vai jogar uma Copa do Mundo pela primeira vez. A goleira defende o Santos e a primeira convocação na carreira foi em abril deste ano. Começou a carreira no Sampaio Corrêa e teve passagens por Viana-MA, Chapecoense, Internacional, Iranduba-AM.
Crédito: Chris Hyde / Getty Images
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Letícia Izidoro deixou a casa dos pais para ser jogadora de futebol. Queria ser atacante, mas se tornou uma das melhores goleiras do Brasil. Começou na Seleção Brasileira Sub-17, vai para a terceira Copa do Mundo como profissional e pela primeira vez como titular. Aos 28 anos, defende o Corinthians.
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A pernambucana Bárbara tem 35 anos e defende o Flamengo. É a goleira com mais Copas do Mundo pela Seleção Feminina: já disputou o Mundial quatro vezes na carreira.
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Lateral-direita, Antonia é o combustível do grupo. Nasceu no Rio Grande do Norte, tem 29 anos e vai disputar uma Copa do Mundo pela primeira vez. A jogadora já defendeu a Ponte-Preta, Audax, Madrid CFF e atualmente está no Levante (ESP)
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Bruninha: Aos 21 anos, a lateral-direita Bruninha disputará a primeira Copa do Mundo Feminina após uma trajetória de conquistas na base. Ela é do Paraná e já jogou pela Chapecoense, pelo Santos, Internacional e atualmente defende o NJ/NY Gotham FC (EUA).
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Aos 27 anos, Kathellen vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A zagueira é de São Paulo, começou a carreira no Monroe Mustangs (EUA), já defendeu a Inter de Milão e atualmente defende o Real Madrid.
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Aos 20 anos, Lauren vai disputar a primeira Copa do Mundo da carreira. A zagueira é cria da base do São Paulo e hoje está no Madrid CFF. A jogadora é de São Paulo e é a jogadora mais jovem convocada pela técnica Pia Sundhage
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Aos 36 anos, Mônica vai para a terceira Copa do Mundo da carreira. A zagueira tem 36 anos, é de Porto Alegre, já passou pelo Internacional, Ferroviária, Flamengo, Orlando Pride, Atlético de Madrid e hoje está no Corinthians. Foi a primeira brasileira a atuar pelo Orlando Pride.
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Aos 32 anos, Rafaelle Souza vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A zagueira é de Cipó (Bahia) e chegou a ser convocada para o Mundial de 2019, na França, mas não jogou por conta de uma lesão. Já defendeu o Arsenal e atualmente está no Orlando Pride (EUA).
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Nascida em Maragogi, Alagoas, e com 25 anos, Geyse defende o Barcelona. Com a equipe, foi campeã da Liga dos Campeões neste ano e ela quer mais, e é a Copa do Mundo Feminina.
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Na última convocação antes da lista final para a Copa do Mundo, Andressa Alves reconquistou seu lugar na equipe após um gol nos acréscimos na Finalíssima. Agora, a número 7 do Brasil vai defender o país pela terceira vez em uma Copa do Mundo. A meia-atacante é de São Paulo, tem 30 anos e é jogadora da Roma desde 2019.
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Ary Borges: Aos 10 anos, deixou a capital São Luís (MA), onde nasceu e cresceu sob os cuidados da avó, para ir morar com os pais em São Paulo. O futebol foi fundamental para a construção da relação entre pais e filha. Ela tem 23 anos, já jogou no Palmeiras e no São Paulo e atualmente defende o Racing Louisville FC. Está vai ser a primeira Copa do Mundo da meia.
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Pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a mato-grossense Ana Vitória é meia-atacante e tem 23 anos de idade. Atualmente defende o Benfica e é a jogadora brasileira com mais títulos e jogos pelo clube português.
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Após ficar fora de duas Copas do Mundo e uma Olimpíada por conta de lesões no joelho, Adriana vai disputar o Mundial pela primeira vez. A meia-atacante tem 26 anos, defende o Orlando Pride (EUA) e vai ser a primeira piauiense a jogar uma Copa do Mundo.
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Desde novinha, Luana já sabia que seria jogadora de futebol. Com apoio do pai, batalhou para realizar o sonho da família. Aos 30 anos, vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A meia-atacante é de São Paulo, já jogou no PSG e atualmente defende o Corinthians.
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Em 2019, Kerolin testou positivo no exame anti-doping poucos meses antes da Copa do Mundo. O que parecia um sonho próximo: defender a Seleção em um Mundial, virou um pesadelo. Mas ela deu a volta por cima e, hoje, é uma das principais referências do país no meio de campo. A meia tem 24 anos e defende o North Carolina Courage (EUA)
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Duda Sampaio nasceu em Jequeti, interior de Minas Gerais, e cresceu jogando bola na zona rural com o irmão. Não pensava em ser atleta profissional, mas aos 22 anos vai disputar a primeira Copa do Mundo da carreira. Atualmente, a meia atacante defende o Corinthians.
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Tamires, que disputará a terceira Copa do Mundo da carreira, é uma das líderes da equipe. A zagueira do Corinthians tem 35 anos, é de Minas Gerais e já defendeu Santos e Atlético-MG, além de ser bicampeã da Libertadores pelo Timão.
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Esta será a quarta Copa do Mundo da Imperatriz, Bia Zaneratto. A atacante tem 29 anos, é de São Paulo, jogadora do Palmeiras e tem passagens pela Ferroviária, pelo Santos e Wuhan Jianghan, da China.
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Uma das principais referências da Era Pia, Debinha é a artilheira no comando da treinadora e peça fundamental no ataque da Canarinho. A atacante defende o Kansas City, tem 31 anos é de Brazópolis, Minas Gerais, e vai disputar a Copa do Mundo pela segunda vez na carreira.
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Foram três lesões graves no joelho e quase três anos afastada dos gramados, mas Gabi Nunes deu a volta por cima e vai disputar a Copa do Mundo pela primeira vez. A atacante tem 26 anos, é de São Paulo, já defendeu o Corinthians e atualmente está sem clube após deixar o Madrid CFF.
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Seis títulos de Melhor Jogadora do Mundo: nossa rainha Marta. Infelizmente, esta vai ser a última Copa do Mundo da maior artilheira da história das Copas. No total, são seis participações. A alagoana defende o Orlando Pride e tem 37 anos.
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Há um ano, Angelina sofreu uma lesão do ligamento cruzado anterior. Foram 10 meses de recuperação até a volta aos gramados. Após muitas incertezas, a atacante do OL Reign (EUA) de 23 anos foi convocada como suplente da Seleção Brasileira no mundial. No entanto, a atacante Nycole foi cortada por lesão, e Angelina foi convocada no lugar.
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Sucesso fora dos campos
Com a fama alcançada dentro dos campos, inspirando jovens jogadoras em todo o mundo, Debinha se tornou uma das atletas mais procuradas para ações de marketing e divulgação da modalidade.
A jogadora possui contratos com diversas empresas de grande porte, em vários departamentos, alcançando um grande sucesso fora dos campos como garota-propaganda, algo que era inimaginável para jogadoras do futebol feminino há algumas décadas.
O Brasil estreia na Copa do Mundo, nesta segunda-feira (24), contra o Panamá, em busca do primeiro título na história da competição. Debinha, aos 31 anos, chega a seu segundo mundial, talvez, como a principal líder técnica da Seleção Brasileira.
A treinadora Pia Sundhage já deixou claro que Marta, que vai disputar sua última Copa aos 37 anos, será utilizada conforme a necessidade dos jogos. A passagem de bastão para Debinha é inevitável.
No ciclo preparatório da Copa, nenhuma atleta teve um desempenho melhor que a camisa 9. Ela é a jogadora que mais balançou as redes na Era Pia Sundhage, com 29 gols em 49 partidas.
O desempenho acima da média nos últimos anos foi reconhecido pela Fifa. Debinha apareceu na lista de indicadas para o prêmio de melhor jogadora do mundo vencido pela espanhola Alexia Puttelas em fevereiro deste ano. A brasileira ficou em sexto lugar.
A experiente Debinha, uma das maiores esperanças do país na Austrália e Nova Zelândia, acredita que, após a preparação para o torneio, o Brasil está pronto para colocar a primeira estrela no peito.
Estou muito confiante. O diferencial desse grupo é a alegria. Acredito que se levarmos isso e a confiança para dentro de campo, dificilmente seremos batidas