O número de denúncias de pornografia infantil no aplicativo de mensagens Telegram cresceu 78% entre o primeiro e o segundo semestre de 2024, segundo análise da ONG SaferNet. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11), durante o Dia Internacional da Internet Segura.
O levantamento também revelou um aumento no número de grupos e canais que disseminam imagens de abuso e exploração sexual infantil na plataforma, passando de 874 para 1.043, o que representa um crescimento de 19%. Dentre esses, 349 permanecem ativos sem qualquer moderação de conteúdo.
Para Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, o estudo comprova que os problemas de segurança da plataforma persistem, colocando em risco crianças e adolescentes. “Esse novo relatório, que está sendo protocolado no Ministério Público Federal (MPF), evidencia que a falta de regulação do Telegram tem provocado danos graves. Somando o que foi identificado nos dois semestres de 2024, mais de 2 milhões de usuários estiveram expostos a esses grupos contendo imagens de abuso sexual infantil”, denuncia.
O gerente de projetos da SaferNet, Guilherme Alves, reforça a gravidade da situação e a ausência de mecanismos eficazes de moderação no aplicativo. “O Telegram é a plataforma que concentra o maior número de denúncias de conteúdos de abuso e exploração sexual infantil. Os grupos privados se proliferam sem controle e abrigam conteúdos alarmantes”, alerta.
A legislação brasileira obriga plataformas digitais a reportarem casos de abuso infantil identificados em seus serviços. No entanto, o relatório da SaferNet indica que não houve qualquer denúncia por parte do Telegram. A ONG identificou 25 grupos chamados “Translation”, cada um com audiências entre 15 mil e 25 mil usuários, onde imagens de abuso infantil são comercializadas mediante pagamento com “estrelas” — moeda virtual introduzida pela plataforma em junho de 2024.
Os dados reforçam a necessidade de medidas mais rigorosas contra a disseminação de conteúdo ilegal nas plataformas digitais. O Ministério Público Federal avalia providências diante do relatório e especialistas cobram regulamentação mais eficiente para coibir crimes de abuso infantil online.