A proposta de reativação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) nos bairros de Maceió evacuados por conta dos danos causados pela mineração da Braskem tem gerado polêmica. O plano, recomendado pela Defesa Civil de Maceió e anunciado em dezembro, enfrenta questionamentos de ex-moradores da região, como Andréia Karla, uma das principais vozes na denúncia das consequências do caso Braskem.
“Não dá para entender. É brincar com a cara de mais de 18 mil famílias”, afirmou Andréia, que pediu uma intervenção do Ministério Público. Segundo ela, a reativação do VLT em uma área classificada como de risco pela Defesa Civil contraria os alertas anteriormente feitos sobre o perigo na região.
“A Defesa Civil condenou toda uma área e agora quer botar o VLT para funcionar na área de risco, sem o Serviço Geológico do Brasil dar o aval. Como assim? Ou é porque o problema não é tão sério quanto propagaram, ou porque no VLT só anda gente pobre, que, neste país, só tem valor na época das eleições”, disse a ex-moradora, que já foi diretamente impactada pelo processo de evacuação no bairro do Pinheiro.
O caso Braskem resultou na remoção de milhares de famílias após a constatação de que a mineração de sal-gema pela empresa causou instabilidade no solo, criando riscos de desabamentos. Desde então, os bairros afetados — Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto — foram esvaziados, e a circulação de veículos, inclusive do VLT, foi suspensa.
A proposta de retorno do transporte ferroviário ainda depende de avaliações técnicas. Até o momento, não há parecer oficial do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), órgão que acompanha a evolução dos danos na área.
A recomendação da Defesa Civil levanta um debate entre segurança e a tentativa de retomada de serviços públicos na região. Para Andréia, a medida desconsidera o impacto emocional e financeiro vivenciado pelas famílias deslocadas. “Perdemos nossas casas, nossa história, e agora ainda vemos essas decisões sendo tomadas sem clareza. É mais uma violência para quem já perdeu tudo”, desabafou.