O presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja anunciar, na próxima semana, um pacote de medidas destinado a frear o endividamento crescente causado pelas apostas on-line, popularmente conhecidas como bets. Entre as principais iniciativas, está a proibição do uso do Bolsa Família e de cartões de crédito nessas plataformas, visando proteger as famílias em situação de vulnerabilidade.
A formulação das medidas envolve uma articulação entre os Ministérios da Fazenda, Saúde, Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, além da Casa Civil, que coordena as ações. O governo acelerou a implementação desse pacote após a divulgação, nesta semana, de uma pesquisa do Banco Central que revelou dados alarmantes: em agosto, beneficiários do Bolsa Família gastaram mais de R$ 3 bilhões nas bets.
A regulamentação das apostas on-line começou em janeiro deste ano, mas o crescimento acelerado dessas plataformas e o impacto no orçamento das famílias brasileiras preocupam o governo, associações do varejo e especialistas em saúde pública. Segundo o Banco Central, em um estudo solicitado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), o número de transações realizadas por meio do Pix em apostas aumentou em 200% desde o início do ano, com um volume financeiro entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês desde janeiro.
O governo vê com apreensão o aumento do endividamento, o risco de vício em apostas e a inadimplência das famílias afetadas, além do avanço expressivo das empresas de apostas em um mercado que ainda caminha para a plena regulamentação. Como parte das ações, a partir de terça-feira (1º), apenas as 113 empresas que já solicitaram autorização ao governo poderão continuar operando, seguindo as normas do Ministério da Fazenda. Estima-se que outras 500 empresas de apostas, ainda sem regularização, terão que cessar suas atividades.
O anúncio oficial do pacote está previsto para a quarta-feira, 2 de outubro, e deverá trazer novas diretrizes para conter a escalada desse fenômeno no país.