Enquanto Ali Riley e a Nova Zelândia conquistavam uma vitória surpreendente sobre a Noruega na partida de abertura da Copa do Mundo Feminina, a capitã da equipe neozelandesa pôde ser vista ostentando uma braçadeira branca e azul com as palavras “Unite for Inclusion” (“Unidos pela Inclusão”, em tradução livre do inglês).
Steph Catley, que foi a capitã da Austrália na ausência da atacante Sam Kerr, lesionada, usava uma braçadeira de cor semelhante que dizia: “Unite for Indigenous People” (“Unidos pelos povos indígenas”), enquanto as Matildas lutavam para confirmar a vitória por 1 a 0 sobre a Irlanda, em Sydney.
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Quais são as oito braçadeiras da Copa do Mundo Feminina?
Cada uma das oito braçadeiras carrega uma mensagem específica. A iniciativa faz parte da campanha “O Futebol Une o Mundo”, uma parceria da Fifa com várias agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS):
Unite for Inclusion (Unidos pela Inclusão): em parceria com a ONU Direitos Humanos
Unite for Indigenous Peoples (Unidos Pelos Povos Indígenas): em parceria com a UN Human Rights
Unite for Gender Equality (Unidos pela Igualdade de Gênero): em parceria com a ONU
Women Unite for Peace (Mulheres Unidas pela Paz): em parceria com o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados
Unite for Education for All (Unidos pela Educação para Todos): em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
Unite for Zero Hunger (Unidos pela Fome Zero): em parceria com o Programa Mundial de Alimentos da ONU
Unite for End Violence Against Women (Unidos pelo Fim da Violência Contra a Mulher): em parceria com a ONU Mulheres
Football is Joy, Peace, Love & Passion (Futebol é Alegria, Paz, Amor e Paixão): em parceria com a OMS
Por que a FIFA ameaçou punir as braçadeiras em 2022?
As equipes envolvidas, que incluíam Inglaterra, Holanda e Alemanha, disseram em comunicado que a Fifa ameaçou puni-las – com cartões amarelos, por exemplo – por qualquer “violação das regras do uniforme”.
A ideia de usar a braçadeira pretendia representar uma posição contra todas as formas de discriminação, incluindo a solidariedade com pessoas de diferentes gêneros e orientações sexuais.
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Os Estados Unidos, liderados por Megan Rapinoe, conquistaram o título em 2019, o quarto do país na história dos Mundiais. As norte-americanas superaram a Holanda na decisão do torneio, disputado na França
Crédito: Fifa/Divulgação
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Em 2015, a seleção dos Estados Unidos interrompeu 16 anos de jejum e conquistou a taça ao bater o Japão na final, por 5 a 2, no Canadá
Crédito: US Soccer/Divulgação
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No Mundial de 2011, disputado na Alemanha, o Japão se consagrou campeão ao vencer os Estados Unidos na final, nos pênaltis. É até hoje o único título de uma seleção asiática nas Copas do Mundo, sejam masculinas ou femininas
Crédito: Fifa/Divulgação
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Em 2007, na China, a seleção alemã conquistou o bicampeonato mundial. Na final, a equipe venceu o Brasil, de Marta, por 2 a 0
Crédito: Christof Koepsel/Bongarts/Getty Images
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Na Copa do Mundo de 2003, a Alemanha conquistou o seu primeiro título mundial. A competição, organizada nos Estados Unidos, viu as alemãs vencerem as suecas na decisão
Crédito: Fifa/Divulgação
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Em 1999, na primeira Copa organizada nos Estados Unidos, as norte-americanas levantaram a taça diante da sua torcida. Na final, bateram a China, nos pênaltis, para conquistar seu segundo título
Crédito: Fifa/Divulgação
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No segundo Mundial Feminino da história, disputado na Suécia, a Noruega superou a Alemanha na decisão por 2 a 0 para conquistar seu primeiro e único título até hoje
Crédito: Fifa/Divulgação
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Em 1991, a Fifa organizou a sua primeira Copa do Mundo Feminina da história. Os Estados Unidos ficaram com a taça ao vencer, na final, a seleão norueguesa por 2 a 1. O torneio inaugural foi disputado na China
Crédito: Fifa/Divulgação
Como foram escolhidos os temas das braçadeiras?
Para escolher os temas, um comunicado no site da Fifa descreve a campanha “O Futebol Une o Mundo” como um “movimento global para inspirar, unir e desenvolver por meio do futebol”.
A Fifa disse que selecionou causas específicas após “extensa consulta com jogadores e times participantes” para “aumentar a conscientização sobre várias questões sociais importantes”.
Em uma declaração de 30 de junho, quando as braçadeiras foram anunciadas, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse: “O futebol une o mundo e nossos eventos globais, como a Copa do Mundo Feminina, têm um poder único de unir as pessoas e proporcionar alegria, emoção e paixão. Mas o futebol faz ainda mais do que isso – pode destacar causas muito importantes em nossa sociedade”.
Qual tem sido a reação às braçadeiras?
Várias equipes abraçaram as causas destacadas pelas braçadeiras. A capitã da Inglaterra, Millie Bright, disse que planeja usar três braçadeiras diferentes para cada uma das partidas de sua equipe na fase de grupos.
“Como grupo, nos importamos fortemente com todas as causas e não conseguimos separar uma da outra”, disse Bright, de acordo com a Reuters.
“Sabemos o que defendemos, no que acreditamos e também sabemos as mudanças que queremos fazer. Portanto, independentemente de uma braçadeira, gostaríamos de pensar que nossas ações e nossos valores representam tudo em que acreditamos e defendemos”.
Sarah Gregorius, representante do sindicato de jogadores globais FIFPro, também apoia a ideia.
“Você tem jogadoras que podem sentir algo individualmente, mas sabem que, por causa de seu contexto cultural, essa será uma postura particularmente perigosa de se assumir, por isso é difícil dizer: ‘Esta é a posição de todas as 32 capitãs de todas as 32 seleções’”, disse Gregorius à Reuters.
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A brasileira Marta é não só a maior artilheira das Copas do Mundo Femininas, mas de todos os Mundiais, incluindo os masculinos. Com 17 gols, ela ultrapassou o alemão Miroslav Klose, que era até então o maior goleador da história do torneio
Crédito: Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images
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A alemã Birgit Prinz é a segunda maior goleadora da história das Copas femininas. Com 14 gols, está empatada com a norte-americana Abby Wambach. Prinz é bicampeã do mundo, tendo conquistado as taças de 2003 e 2007
Crédito: Boris Streubel/Getty Images
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Campeã mundial em 2015, Abby Wambach compartilha com Birgit Prinz o posto de segunda maior goleadora das Copas do Mundo Femininas, atrás apenas de Marta. Ela também tem um vice-campeonato mundial e duas medalhas de ouro olímpicas
Crédito: Lars Baron – FIFA/FIFA via Getty Images
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A norte-americana Michelle Akers, com 12 gols em Copas, é a terceira maior goleadora da história da competição. Ela tem dois títulos mundiais, em 1991 e 1999
Crédito: Doug Pensinger /Allsport
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Bettina Wiegmann, camisa 10 da Alemanha, marcou 11 gols em Mundiais e conquistou o título mundial em 2003
Crédito: Stephen Dunn/Getty Image
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A brasileira Cristiane também marcou 11 gols em Copas do Mundo. A atacante, que não disputará o torneio na Austrália e Nova Zelândia, foi vice-campeã em 2007
Crédito: Zhizhao Wu/Getty Images
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A chinesa Sun Wen fecha a lista das atletas empatadas em quarto lugar no ranking. Com 11 gols no total, ela foi a goleadora do Mundial em 1999, quando a China terminou com o vice-campeonato
Crédito: Stephen Dunn/Getty Images
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A canadense Christine Sinclair é uma das três jogadoras empatadas em quinto lugar no ranking de artilheiras das Copas, com 10 gols
Crédito: Naomi Baker – FIFA/FIFA via Getty Images
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Heidi Mohr, da Alemanha (esq.), também marcou 10 gols em Mundiais. Ela faleceu em 2019, aos 51 anos, vítima de câncer
Crédito: Bongarts/Getty Images
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Ann Kristin Aarones, jogadora da Noruega, foi campeã do mundo em 1995 com a seleção norueguesa. Empatada com Mohr e Sinclair, anotou 10 gols em Copas
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Outras formas de expressão na Copa
Embora as jogadoras não tenham podido usar braçadeiras com as cores do orgulho LGBTQIA+, isso não as impediu de encontrar outras formas criativas de se expressar sobre questões sociais.
As unhas pintadas da neozelandesa Riley eram visíveis quando ela foi entrevistada após a partida — uma mão exibindo as cores da bandeira do arco-íris, a outra exibindo as cores da bandeira trans — em uma aparente demonstração de apoio à comunidade LGBTQ+.
Antes do torneio e do anúncio da Fifa, Riley disse a Amanda Davies, da CNN Sports, que “ficaria honrada em usar uma braçadeira de arco-íris”.
“Eu adoraria que nós, como capitãs, nos reuníssemos e trabalhássemos com a Fifa para garantir que possamos ter voz e compartilhar o que acreditamos.”