A Polícia Federal (PF) indiciou quatro ex-diretores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por ações que teriam tido o objetivo de dificultar ou impedir o deslocamento de eleitores durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. O inquérito aponta crimes como desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito de voto e participação, por omissão, no crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. As informações foram divulgadas pelo portal UOL.
Os indiciados teriam, segundo a investigação, contribuído para operações que atingiram desproporcionalmente eleitores da região Nordeste, local em que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentava amplo favoritismo. No mesmo inquérito, constam dados que revelam uma mobilização atípica da PRF na região, com 795 policiais destacados para operações no dia 30 de outubro de 2022, número consideravelmente superior ao registrado em outras regiões: 230 no Norte, 381 no Centro-Oeste, 418 no Sul e 528 no Sudeste.
Além do efetivo reforçado, o volume de ônibus fiscalizados no Nordeste chamou atenção. Foram 2.185 veículos parados, contra 310 no Norte, 571 no Sudeste, 632 no Sul e 893 no Centro-Oeste. Essas abordagens levantaram suspeitas sobre uma possível tentativa de suprimir votos de eleitores que dependiam do transporte coletivo para chegar aos locais de votação.
Essa não é a primeira vez que a PF avança em investigações relacionadas ao caso. Em agosto de 2023, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques e quatro policiais cedidos ao Ministério da Justiça já haviam sido indiciados sob acusações semelhantes.
O inquérito segue com desdobramentos e reforça debates sobre a utilização de órgãos públicos para fins políticos, além de colocar em xeque a transparência de ações durante o processo eleitoral.