ROMA, 27 JUL (ANSA) – O Senado da Itália aprovou nesta quarta-feira (26) uma moção que reconhece o “Holodomor”, extermínio de milhões de ucranianos por inanição na década de 1930, como genocídio por parte da União Soviética.
Ao todo, o texto recebeu 130 votos a favor, nenhum voto contra e quatro abstenções. Durante a votação, o presidente do grupo Misto, Peppe De Cristofaro, declarou que seus membros se absteriam.
A legislação prevê o compromisso de reconhecer o massacre como genocídio, “adotando qualquer iniciativa consistente, segundo a Câmara dos Deputados, com o governo, com as instituições europeias e internacionais, para promover a conscientização e a memória desta tragédia na Itália e no exterior”.
Com isso, implementa as recomendações expressas pelo Parlamento Europeu e pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre o tema.
As autoridades ucranianas pressionam há anos para que o mundo reconheça o Holodomor de 1932-1933 como a intenção da União Soviética de matar o povo ucraniano. Agora, acusam o presidente russo, Vladimir Putin, de querer repetir a história e usar a “arma da fome” com a não renovação do acordo dos grãos.
Por esta razão, a Ucrânia agradeceu a Itália “pelo forte e multifacetado apoio na luta por nosso futuro e justiça”. “Chamar as coisas por seus nomes próprios é a chave para prevenir crimes horríveis”, escreveu o conselheiro presidencial ucraniano, Andriy Yermak.
Já o presidente Volodymyr Zelensky lembrou que “no 90º aniversário de Holodomor, este passo demonstra que haverá justiça pelas vítimas do passado e do presente do regime do Kremlin”.
O “Holodomor”, também conhecido como “Grande Fome”, é o extermínio de mais de 3 milhões de ucranianos por inanição após Joseph Stalin ter decidido confiscar a produção agrícola do país no início da década de 1930.
Até hoje, Kiev afirma que essa política foi uma ação deliberada do regime comunista para submeter os camponeses ucranianos, que resistiam à coletivização de suas lavouras, à fome e exportar seus grãos para financiar a industrialização da União Soviética.
A Rússia, no entanto, alega que o Holodomor não foi intencional e que outras repúblicas soviéticas também sofreram com a carestia. (ANSA).