De acordo com os resultados, adultos na meia-idade, de 46 a 65 anos, que demonstraram ter boas habilidades de alongamento tiveram um risco 10% menor de morrer nos 12 anos seguintes.
A pesquisa está baseada no flexitest, uma série de exercícios criada pelo médico Cláudio Gil Araújo para averiguar a capacidade motora.
“Os dados de nosso conjunto de pesquisas sugerem que quem tem pouca flexibilidade tem mais chance de cair e se ferir, de ter diabetes descontrolada e de não praticar atividades físicas, o que impacta na mortalidade. A falta de elasticidade afeta a autonomia, põe para baixo toda a qualidade de vida do indivíduo”, explicou Araújo, em entrevista ao Metrópoles.
Como é o teste de flexibilidade?
O flexitest precisa ser feito com a participação de outra pessoa, que vai direcionar o corpo do indivíduo para a execução de 20 movimentos. O profissional que auxilia na realização do teste determina pontos de 0 a 4 para a flexibilidade de cada articulação, levando a notas que podem ir de 0 a 80.
A pesquisa foi feita com 3,1 mil pessoas, sendo 66% homens. As mulheres tiveram desempenho médio 35% melhor e também apresentaram menos mortes prematuras. Excluindo mortes por Covid ou por causas violentas, 224 homens e 78 mulheres morreram durante a pesquisa.
Entre os homens, na faixa com menos pontos de flexibilidade (de 6 a 19), a chance de morte nos 12 anos de acompanhamento foi de 55%. Entre as mulheres, na faixa de menor pontuação (de 9 a 29), a chance de morrer prematuramente foi de 40%.
Os homens com maior pontuação registraram 57 no teste. As mulheres, 68. Homens e mulheres com notas baixas no flexitest tiveram respectivamente, um risco 1,87 e 4,78 vezes maior de morrer nos 12 anos seguintes do que aqueles com pontuação mais alta.
Se o homem alcançar 49 pontos no teste e a mulher superar 56, a chance de morrer de causas naturais é de menos de 1% nos próximos 10 anos, segundo o teste.
O melhor desempenho das mulheres já era esperado, pela composição do corpo feminino que permite maior elasticidade natural. O que os dados apontam, porém, é que os homens podem estar negligenciando treinamentos de amplitude.
“A flexibilidade é um dos únicos marcadores do desenvolvimento corporal que a gente perde progressivamente. Se pensamos a força, por exemplo, nosso ápice está ali entre 20 e 30 anos. A elasticidade, desde que saímos do útero, estamos perdendo. Isso não quer dizer, porém, que ela não pode ser recuperada”, afirma Claudio Gil.
O médico reforça que é preciso dar mais atenção aos exercícios de flexibilidade com o passar dos anos, bem como se submeter a avaliações periódicas com fisioterapeutas, instrutores de pilates, educadores físicos e médicos do esporte.
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O flexitest foi realizado em mais de 15 mil pacientes
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Teste foi criada há 30 anos pelo médico do esporte Cláudio Gil Araújo
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